>> visão de empresário - I
A Bricon ganha um projeto da Dataprev...
Arthur Briquet abriu sua primeira empresa aos 21 anos — a construtora que tem até hoje. Depois, abriu uma fábrica de móveis, uma loja de roupas, uma joalheria, um restaurante, uma editora, uma boate. Um dia, ele decidiu vender a fábrica de móveis e investir em outro negócio. Estudou o mercado, conversou com algumas pessoas, e abriu a Bricon, uma empresa de informática.
Os outros negócios andam por conta própria e são administrados por funcionários, mas a Bricon, com 11 anos, ainda exige a dedicação de Briquet. A empresa está se estruturando, ele diz, e tem crescido bastante. Segundo os números do Anuário Informática Hoje, produzido pela Plano Editorial, a Bricon foi uma das dez empresas que mais cresceram em 2008: aumentou a receita líquida em 102,48%.
No final de 2008 e começo de 2009, contudo, a Bricon também sofreu as consequências da crise. "Alguns clientes da área de indústria deixaram de comprar." Até um projeto na Vale do Rio Doce, no qual os técnicos já tinham começado a montar salas de videoconferência e telepresença, foi reduzido e postergado.
Contudo, a Bricon atende vários clientes do setor financeiro, então conseguiu crescer. E em setembro de 2008, ela ganhou uma licitação de R$ 32 milhões da Dataprev: os técnicos da Bricon migram as linhas de código dos sistemas armazenados em grandes servidores (Unisys) para sistemas escritos em Java e armazenados em servidores menores. Por causa desse projeto, hoje o setor público representa 60% do faturamento da Bricon, e Briquet percebeu o potencial de vender para o governo.
>> visão de empresário – II
... abre dois escritórios para atender o governo...
A Bricon já atendia o Serpro; e em 2008, ganhou também a conta da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo e a do Banco do Brasil, mas, no decorrer do ano, a empresa participou de menos de dez licitações. Então, no começo de 2009, Briquet contratou funcionários e abriu um escritório no Rio de Janeiro e outro em Brasília para vender para o setor público, principalmente para a área financeira. "Uma das verticais mais fortes da Bricon é a de soluções de segurança da informação, muito usadas pelo setor financeiro." Em 2009, ele espera participar de mais licitações, mas não "participar por participar, como fazem muitas empresas, mas participar para ganhar".
Para atender a Dataprev, Briquet contratou mais funcionários: em 2008, cerca de 100 pessoas trabalhavam na Bricon, hoje são quase 200 — 50 ficam na Dataprev. "A gente é uma empresa enxuta: 75% dos funcionários estão ligados a projetos." Para aproveitar bem a mão de obra, Briquet faz com que cada técnico tenha mais de uma especialização, assim eles conseguem enxergar as oportunidades de negócio quando estão no cliente.
No decorrer de 2008, Briquet também assinou novas parcerias com fabricantes. Fez uma parceria com a HP, para vender sistemas de gestão de projetos — e ganhou a conta do Banco do Brasil com esse produto. E fez uma parceria com a Cisco e uma com a Avaya, para vender equipamentos de infraestrutura. Como a Bricon já trabalhava com TV pela Internet e queria trabalhar com telepresença, fazia sentido vender equipamentos de voz via IP. "Estamos aumentando a oferta de serviços para nos fortalecer nos atuais clientes."
>> visão de empresário – III
... e cria uma área de sistemas para a saúde e a educação.
Briquet notou que os executivos perguntam como podem diminuir as despesas ou melhorar os controles. Alguns setores, diz, têm equipamentos especializados muito modernos, mas sistema de gestão ruim.
Um dia, Briquet foi chamado por um grande hospital para fazer um trabalho de segurança da informação. E percebeu que, apesar de ser um grande hospital, existia uma fragilidade muito grande no ambiente no qual as pessoas trabalhavam. Por quatro meses, ele leu sobre o setor de saúde e sobre tecnologia na saúde. Num dos textos, descobriu que uma enfermeira dedica apenas 30% do seu tempo aos pacientes; o resto ela gasta preenchendo papelada. "O setor de saúde é o que mais gasta papel no mundo."
Na Bricon, todo negócio começa assim: Briquet percebe a oportunidade, treina os funcionários para falar sobre as novas tecnologias, monta os pacotes comerciais e manda os vendedores atrás de clientes. Foi a mesma coisa com a área de educação. Em 2008, ele percebeu que os clientes contratavam o sistema de TV corporativa (desenvolvido pela Bricon) para fazer treinamento. E conversando com os executivos das universidades, percebeu que as universidades tinham profissionais para oferecer conteúdo para treinamentos, mas não tinham uma ferramenta de TV digital.
Ele contratou cinco pessoas e montou uma área para vender soluções para educação e saúde. Na área de saúde, ele quer atender seguradoras, hospitais e planos de saúde; na educação, quer vender ensino a distância. Os novos funcionários já foram treinados e começaram a vender. Por enquanto, a Bricon não tem clientes nessas áreas, mas pelo número de propostas que já entregou a interessados, Briquet acredita que a empresa dobrará de tamanho de novo em 2009.