quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

>> regras de compra
A SLTI prepara mudanças para a instrução normativa nº 4

xxNazaré Lopes Bretas, diretora do departamento de integração de sistemas da Secretaria de Logística e TI do Ministério do Planejamento, pretende reescrever alguns trechos da instrução normativa n° 4. O governo publicou a IN 4 há um ano, mas o funcionário público responsável pela TI ainda tem dúvidas ao redigir contratos: quem é responsável, o jurídico, o usuário ou os técnicos? É preciso criar outro comitê para gerir os contratos?
xxA IN 4 foi publicada em maio de 2008 para obrigar os profissionais de TI dos órgãos do governo federal a comprar produtos e serviços de informática e telecomunicações com maior cuidado. Pela IN 4, os profissionais deveriam comprar TI de acordo com os planos estratégicos do órgão em que trabalham, deveriam seguir um plano diretor de TI, deveriam controlar os contratos e os fornecedores.
xxNazaré, assim como outros diretores da SLTI, queria todos os órgãos adaptados à IN 4 até 2 de janeiro de 2009. Mas, conforme os meses se passaram, ficou claro que os profissionais de TI não conseguiriam realizar as mudanças a tempo. Então, em 31 de dezembro de 2008, a SLTI publicou a portaria n° 11, esticando o prazo. O documento trazia ainda explicações sobre o que é um plano diretor de TI, sobre como diagnosticar as necessidades de TI, como gerir os funcionários ou avaliar os serviços.
xxSegundo Nazaré, muitos órgãos escreveram um plano diretor e criaram comitês para ajudar na gestão da TI, mas mesmo assim ainda têm dúvidas sobre como mudar os contratos ou exigir prazos dos fornecedores. “O que a gente mais queria, que era integrar a TI dentro dos ministérios, está acontecendo.” Falta simplificar a questão de contratos, definir as etapas de contratação de serviços e os papéis de cada um. “São algumas das coisas que, no texto original, causam dúvidas.”
xxNa IN 4, a SLTI cita a área demandante (o ministro ou o órgão que precisa de uma solução de TI), a área de TI e a área de contratos e licitações. Contudo, quando um ministério quer contratar uma fábrica de software, os gestores de TI não sabem quem deve controlar o contrato: a TI, o demandante ou a área de contratos? Da forma como a IN 4 está escrita, alguns gestores pensaram que deviam criar um outro comitê (além do de TI) para a função. “Vamos esclarecer que isso é entre o comitê de TI e a área de TI.”
xxA nova versão da IN 4, diz Nazaré, deve ficar bem parecida com a versão de hoje, só que mais clara. Por enquanto, um grupo estuda as dúvidas dos gestores de TI e reúne os dados; logo no começo de 2010, Nazaré deve fazer algumas audiências públicas; e só depois irá lançar a IN 4 versão 2010. Ela planeja o lançamento para maio, quando a instrução normativa faz dois anos.

>> mudança de realidade - I
A SLTI tenta estruturar a TI do poder executivo...

xxPaulo Roberto da Silva Pinto tenta estruturar a TI do poder executivo, que inclui a presidência, os ministérios, as secretarias, as universidades, as autarquias, as agências reguladoras e todos os órgãos federais. “Meu desafio é tirar a TI do subsolo e levá-la, pelo menos, para o 1º andar.”
xxEle já foi secretário de TI do Supremo Tribunal Federal. Hoje, o STF recebe eletronicamente os processos de outros tribunais, os ministros assinam os processos com certificado digital, e as pessoas acompanham os processos pela Internet. “Nas entrevistas”, diz Paulo, “os ministros citam os sistemas de informática.” Por isso, pela sua experiência no STF, ele foi convidado por Rogério Santanna, secretário de logística e tecnologia da informação (SLTI) do Ministério do Planejamento, para integrar as áreas de informática de todos os órgãos do governo federal. “Para fazer a TI trabalhar em rede.”
xxEm algum momento, a TI no governo federal perdeu importância. Ficou sem técnicos, ou com técnicos antigos e destreinados; ficou com máquinas velhas, rede ruim, sistemas desintegrados; ficou sem planejamento, sem cumprir as necessidades dos usuários. Perdeu o respeito.

>> mudança de realidade - II
... por isso, contrata 480 técnicos para trabalhar com governança de TI...

xxPaulo tenta montar um planejamento estratégico para os departamentos de TI dos órgãos do governo federal; visita as secretarias, estuda os planos plurianuais. Como apoio, ele tem a instrução normativa nº 4, que desde janeiro de 2008 obrigou os executivos de TI a comprar produtos ou contratar serviços de TI seguindo boas práticas de gestão. Desde então, os executivos de TI se mexeram para se adaptar à IN 4. Mas apenas publicar a normativa é insuficiente para mudar a realidade dos órgãos.
xxOs órgãos públicos são formados por funcionários que trabalham lá há anos, e se acomodaram no trabalho. Poucos entendem de governança de TI. Por isso, Rogério Santanna convidou Paulo Pinto para estruturar as áreas de TI. Logo depois, em 2008, a SLTI conseguiu aprovar a contratação de 350 técnicos, que pretende distribuir entre as áreas de TI dos órgãos do poder executivo.
xxContudo, por conta da crise, a SLTI só contratou 230 técnicos. Além desses, remanejou outros 250 técnicos de dentro do próprio governo para trabalhar, exclusivamente, com governança de TI.
xxEles receberam gratificações até chegar ao salário de R$ 6 mil. Com esse salário, alguns deles passaram a ganhar o dobro do que ganhavam antes; é uma tentativa, diz Paulo, de segurá-los no governo por pelo menos um ano. Ao final desse período, eles serão avaliados: os que realmente melhoraram a governança da TI, permanecerão com as gratificações.

>> mudança de realidade - III
... e os prepara para um encontro casual com o ministro.

xxEsses 480 novos técnicos estão fazendo cursos na Escola Nacional de Administração Pública — sobre a instrução normativa n°4, boas práticas de TI, entrega de serviços, gestão de contratos. Eles também aprendem a mexer no Oasis, um software livre criado e usado pelos técnicos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para gerir os contratos de TI.
xxComo a escola de administração não tinha muitos professores de governança de TI no governo, ela convidou os executivos que se destacavam no mercado; entre eles, o próprio Paulo Pinto, da SLTI. Em janeiro de 2010, os 480 técnicos assumem suas novas funções.
xxAlém das aulas, Paulo faz exercícios lúdicos com alguns técnicos. Um deles se chamava TI vira nos 30 (para soar como te vira nos 30), uma alusão ao quadro do programa Domingão do Faustão, da TV Globo; no exercício, o técnico tem de dizer, em 30 segundos, por que a TI é importante e merece investimentos.
xxO objetivo do exercício, diz Paulo, é preparar o técnico para um encontro casual com algum dos ministros do governo federal, no elevador, por exemplo. Os técnicos do poder executivo, ao contrário dos técnicos do Supremo Tribunal Federal, raramente conversam com um ministro — e nenhum ministro do executivo cita os sistemas de TI nas entrevistas.

>> intragov
Ninguém vence o pregão e São Paulo vai fazer nova licitação

xxDouglas Viudez, diretor de produção e serviços da empresa de informática do estado de São Paulo (a Prodesp), não conseguiu contratar a nova Intragov, a rede que interliga os órgãos públicos nas 645 cidades do estado. O contrato que a Prodesp tem com a Telefônica vence em 2011 e, para manter o serviço sem interrupção, Douglas precisava contratar o serviço logo.
xxEle conseguiu marcar o pregão para 1° de dezembro, às 9 horas, no auditório da própria Prodesp. O representante da Telefônica entregou uma proposta de preço ao pregoeiro, assim como o da Embratel. Mas o da Embratel não cumpriu o ritual pelo qual a empresa reafirma que sua proposta está de acordo com os termos do edital — e a operadora foi desclassificada.
xxO representante da Telefônica, por sua vez, baixou três vezes o preço inicial da proposta, mas nenhuma delas satisfez o pregoeiro, que decidiu suspender o pregão até sexta-feira, dia 4.
xxContudo, na sexta-feira, o pregoeiro cancelou o pregão. Ele não aceitou o valor mais baixo oferecido pela Telefônica, de R$ 9,5 milhões por mês, que estava, segundo ele, acima do que o governo pretende pagar.
xxNo edital, a Prodesp exigia uma velocidade máxima maior para a Intragov (de 2,5 Gbps, contra 1 Gbps antes); exigia que a operadora aceitasse ordens de serviço via portal, assim como colocasse no portal todas as informações sobre a gestão da rede; exigia ainda que a operadora colocasse, no mínimo, oito engenheiros dentro da Prodesp, além dos sistemas de gestão para que eles visualizassem toda a Intragov e resolvessem os problemas dali mesmo.
xxAgora, como o pregão foi cancelado, Douglas terá de fazer uma nova licitação, e pensa se vale a pena modificar o texto de alguns trechos do edital. Ele tem pressa porque, caso a Telefônica perca, o pessoal da Prodesp precisa de um ano e meio para trocar 15 mil circuitos de uma operadora para outra.

>> tv por assinatura
A comissão de ciência e tecnologia da Câmara dos Deputados aprova o PL 29

xxNa manhã de 2 de dezembro, o deputado federal Eduardo Gomes (PSDB/TO) presidiu mais uma reunião da comissão de ciência, tecnologia, comunicação e informática (CCTCI), na Câmara dos Deputados. Conforme a pauta, os deputados votariam a emenda do deputado Paulo Lustosa (PMDB-CE), que altera o Projeto de Lei 29/2007. Contudo, muitos deputados e associações do setor, como a Ancine e a Abert, ainda pediam explicações ou discordavam da emenda. “Era para ser uma votação”, disse Eduardo, “e não outra discussão.” Ele tentou retomar a votação três vezes, mas não conseguiu. Os deputados estavam dispostos a discutir 103 mudanças no projeto. Por fim, ele suspendeu a reunião.
xxDeixou os deputados e as associações discutirem a emenda durante a tarde e retomou a votação às 16 horas. Dessa vez, os deputados votaram. Já era noite quando, por unanimidade, eles aprovaram a maior parte da emenda de Paulo Lustosa. “Foi uma conquista”, diz Eduardo, “após três longos anos de espera.”
xxAo final da reunião, depois de ter aprovado o projeto e a emenda, os deputados lhe entregaram mais cinco propostas de mudanças ao PL 29; eles queriam mudar as normas pelas quais as empresas de TV por assinatura misturam programas brasileiros e estrangeiros. Como nenhuma delas alterava significativamente o PL 29, os deputados da CCTCI marcaram uma reunião extra para discuti-las, no dia 9, uma semana depois.
xxNenhuma das cinco propostas impedia que as operadoras de telefonia vendessem serviços de TV por assinatura, independente de qual tecnologia a ser usada para entregar programas de TV aos clientes. Contudo, até que elas possam entrar nesse mercado, o PL 29 ainda deve tramitar mais tempo no Congresso: duas comissões na Câmara dos Deputados, e depois o Senado. Para Eduardo, o PL 29 só vira lei na metade de 2010, e olhe lá.
xxCom a entrada das operadoras de telefonia, diz Eduardo, o número de assinantes de TV por assinatura, que hoje é de 7 milhões, aumentará. “Nos próximos anos, a infraestrutura para distribuir esses serviços deve aumentar em 25%.”

>> integração - I
O Cepam convence dez prefeituras a participar do projeto de interoperabilidade do Estado de São Paulo...

xxAntonio Celso de Paula Albuquerque Filho, gerente de pesquisa, projetos e inovação do Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal (Cepam), viajou para muitas cidades de São Paulo nos primeiros meses de 2009. Ele visitou gestores de TI de prefeituras, para ver se eles queriam interligar seus sistemas aos do estado. “Os municípios serão os maiores beneficiados.” Em dois meses, 14 prefeituras se interessaram pelo projeto piloto.
xxNos órgãos do estado, contudo, tem sido mais difícil convencer os gestores. Até hoje, diz Celso, eles querem saber se o governador ou os secretários já sabem do projeto; querem saber também por que a ordem não veio de cima para baixo.
xxO projeto começou na Corregedoria-Geral da Administração do Governo de São Paulo, quando Rubens Rizek, o presidente, percebeu que, para fiscalizar bem as finanças do estado, precisava acessar todas as informações a partir de um único sistema. Durante quase dois anos, ele tentou convencer os técnicos a interligar todos os sistemas do estado ou a trocá-los por um sistema já integrado. “Mas era impossível”, diz Celso. “Nenhum técnico considerava um projeto assim viável.”
xxEm julho de 2008, Celso propôs um outro projeto de interoperabilidade: desenvolver interfaces baseadas em arquitetura orientada a serviços (SOA) para integrar os bancos de dados do estado e das prefeituras. Assim, os usuários acessariam todos os dados por meio de um portal, o sistema de gestão integrada. “A ideia é criar conectores para interligar cada processo.” Rubens aceitou.

>> integração - II
... desenvolve interfaces em SOA para interligar quatro processos...

xxEm maio de 2009, dez prefeituras assinaram um termo de cooperação técnica com o Cepam: Campo Limpo Paulista, Caraguatatuba, Jundiaí, Juquitiba, Piracaia, Santos, São Paulo, São José do Rio Preto, Sorocaba e Sud Menucci. Do estado, Celso só convenceu o secretário de finanças e o de educação a participar. Até a metade do ano, Celso e dois técnicos especializados em SOA estudaram os processos dessas duas secretarias e os processos equivalentes nas dez prefeituras.
xxEles selecionaram quatro processos para o piloto: compras e contratos, diárias, convênios e matrículas escolares. Os dois técnicos desenvolveram as interfaces em SOA para automatizar o cadastro de sanções a fornecedores e o cadastro de materiais; e também para matricular um novo aluno e para verificar se um aluno já está matriculado (em escolas do estado ou da prefeitura). Por fim, desenvolveram o sistema de gestão integrada.

>> integração - III
... e promove um seminário para convencer mais órgãos a participar.

xxCelso compartilhou os aprendizados com o projeto piloto durante o 1º Seminário de Gestão Integrada. Para a interoperabilidade dar certo, diz Celso, o Cepam precisa convencer os gestores de TI de outras secretarias e de outros municípios a aderir. Em 26 de novembro, dia do seminário, Celso esperava 120 gestores de TI. Minutos antes da abertura, no entanto, buscou cadeiras às pressas para acomodar 180.
xxO contrato do Cepam com a Corregedoria-Geral termina em janeiro de 2010. Até lá, Celso entrega um modelo sobre como desenvolver as interfaces em SOA para qualquer processo de troca de informações do estado. Depois de janeiro, Celso não desenvolverá mais interfaces em SOA; ele só visitará as prefeituras para acompanhar o trabalho. “Vamos apresentar as necessidades dos municípios ao estado.”
xxRubens, da Corregedoria-Geral, ainda não definiu quem gerenciará o projeto depois que o contrato com o Cepam terminar. O trabalho, diz Celso, deve ficar a cargo da empresa de processamento de dados do estado (a Prodesp), em parceria com os gestores de TI das secretarias e prefeituras. “O governo só tornará todos os processos interoperáveis em dois ou três anos.” Pelas contas dele, se os funcionários que gerenciam as compras e contratos pararem de digitar informações iguais em diversos sistemas diferentes, o estado economizará R$ 24 milhões por mês.

>> formação
São Paulo terá a primeira escola técnica de gestão pública do Brasil

xxOs diretores do Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal (Cepam) e do Centro Paula Souza assinaram um acordo para criar a primeira escola técnica de gestão pública do Brasil. Os professores e os 160 alunos ficarão num prédio anexo ao Cepam, dentro da Universidade de São Paulo.
xxEm fevereiro de 2010, começam as aulas das duas primeiras turmas, de 40 alunos cada uma, uma de manhã e outra à noite. Esses primeiros 80 alunos já passaram no vestibular e já fizeram a matrícula.
xxAs aulas serão ministradas por professores do Centro Paula Souza e do Cepam — já acostumados a dar aulas para gestores públicos, principalmente de municípios. Os diretores do Cepam ficaram encarregados de comprar os produtos de informática, que serão usados durante as aulas.
xx“O prédio terá tudo de mais moderno”, diz Maria de Fatima Porcaro, gerente de TI do Cepam. Ela pretende comprar 20 lousas digitais, instalar uma rede sem-fio e, se tudo der certo, comprar notebooks para emprestá-los para alunos e professores. Os notebooks, ela diz, devem ter “perfil corporativo”, para sobreviver a quedas e à derrubada de líquidos no teclado, e para suportar todos os sistemas das aulas. Os alunos poderão levar os notebooks para casa, para fazer os trabalhos; depois de formados, os alunos terão o direito de comprar as máquinas.
xxO curso deve durar um ano e meio, e o aluno terá de fazer estágio de seis meses.

>> saída criativa
A cidade de Taboão da Serra pede R$ 3 milhões ao Minicom. E pode conseguir.

xxDonizetti da Costa, diretor de TI e modernização da prefeitura de Taboão da Serra (SP), há anos trabalha com pouca gente e com nenhum dinheiro próprio — pois a área de TI da prefeitura de Taboão não tem orçamento, nem plano diretor. “A TI sempre foi só uma sala com três pessoas, que mantêm os computadores.”
xxMas, recentemente, Donizetti descobriu o Ministério das Comunicações. Ele pesquisava jeitos de arranjar verba no governo federal, achou que tinha bons projetos, e submeteu alguns deles ao Minicom. Pediu R$ 3 milhões. Dois técnicos do Minicom o visitaram em outubro para vistoriar as instalações e conferir os projetos. “Eles nos deram algumas dicas de como gastar menos.”
xxDonizetti quer usar os R$ 3 milhões para construir um CPD, refazer a rede local da prefeitura e interligar a prefeitura e as secretarias com 3,5 quilômetros de cabos de fibras óticas. Na segunda fase, Donizetti pretende instalar mais 24 quilômetros de cabos para interligar o restante das secretarias e nove enlaces de rádio para conectar escolas e postos de saúde à rede. “Quando a rede estiver pronta”, diz Donizetti, “queremos dar Internet de graça para a população.”
xxSe o Minicom aprovar o projeto ainda em 2009, Donizetti terá verba para os projetos mais importantes de Taboão da Serra já no início de 2010 (até o dia 8, o Minicom ainda não havia aprovado o projeto). Contudo, nos últimos dias de novembro, Donizetti recebeu uma ligação de um gerente da Caixa Econômica Federal (que administra os recursos do Minicom). “Já fui convocado a abrir uma conta-corrente para receber o dinheiro.”
xxContudo, até o dia 8 de dezembro, o Minicom ainda não havia aprovado o projeto.

>> mercado - I
A Avaya quer crescer acima do mercado em 2010...

xxNo mercado de telecomunicações, se a empresa estiver no terceiro lugar, ela corre o risco de desaparecer. Por isso, Cleber Morais, o presidente da Avaya no Brasil, se esforça para manter a empresa nas primeiras posições. Garantir a “sustentabilidade da empresa”, diz Cleber, preocupa qualquer presidente.
xxMas a Avaya tem se saído bem. A Nortel, um dos seus principais concorrentes, pediu concordata em vários países, e a Avaya comprou a divisão de produtos corporativos do concorrente (que incluiu a divisão de produtos para o governo). No Brasil, por causa da crise econômica, vários clientes terceirizaram as operações de informática, telefonia e atendimento ao consumidor; para atendê-los, os datacenters e os call centers compraram máquinas e sistemas da Avaya.
xxA operação no Brasil, diz Cleber, foi a única que se manteve lucrativa durante a crise, não demitiu funcionários nem cortou investimentos. Por conta do bom resultado, Cleber foi convidado, no final de 2008, para participar das reuniões do conselho internacional — foi a primeira vez que um presidente brasileiro participou da reunião e, depois disso, ele já participou de mais duas.
xxEm 2010, ele quer que a Avaya cresça acima do mercado — “dois dígitos”. Para isso, reorganizou os vendedores. Um grupo continua focado nas 200 grandes contas; esse grupo, de 28 pessoas, ganhou mais quatro vendedores. Outro grupo, um novo, com oito vendedores, vai atrás de novos clientes, principalmente de médias empresas.

>> mercado - II
... para isso, vende para médias empresas.

xxEntre outros produtos, eles vão vender o Avaya Aura, um sistema para interligar e gerenciar PABX de diferentes marcas. Com ele, o cliente ainda instala várias funções de telefonia via IP: ligações via Internet, videotelefonia, roteamento de ligações ou de sessões de comunicação com base na presença (para o celular, se o usuário estiver disponível no celular, ou para o Skype, se o usuário estiver viajando, para o Messenger, se o usuário preferir).
xxA Avaya, diz Cleber, vai vender por meio de revendedores. Hoje, técnicos de 15 revendedores recebem treinamento para instalar o Aura. E Cleber quer incentivá-los a construir produtos para os clientes de médio porte, de vários segmentos. Um parceiro, por exemplo, já criou um sistema para o setor da saúde; em breve, a Avaya também terá produto para o setor do governo. “Reforçamos a equipe de Brasília: o escritório tinha quatro pessoas, e colocamos mais três.”
xxManter a empresa saudável dá trabalho, diz Cleber, mas ver bons resultados é recompensador.

>> pop-up desbloqueado
Onde é que eu estava mesmo?

xxQuanto tempo uma pessoa demora para se recuperar de um alarme, ou de uma janela de Internet que pula na frente dela? Até que ponto uma janela de pop-up atrapalha? Dois cientistas da Universidade de Cardiff, Helen Hodgetts e Dylan Jones, organizaram vários testes para medir.
xxEles deram uma tarefa simples, para ser cumprida em sete passos, para centenas de pessoas. Cada pessoa usava o computador para cumprir a tarefa. Uma parte dessas pessoas cumpriu toda a tarefa, ou todos os sete passos, sem interrupção. E uma parte cumpriu a tarefa com uma interrupção aqui e ali — um alarme visual, ou um pop-up. Cada interrupção durava 5 segundos.
xxResultado: quem pôde trabalhar sem interrupções cumpria a tarefa em 10 minutos, mas quem foi interrompido duas vezes cumpria a tarefa em 11 minutos, mais ou menos; ou seja, gastava 50 segundos extras, além da interrupção de 10 segundos, e isso para retomar uma tarefa simples. Helen diz que, logo depois da interrupção, a pessoa precisa achar de novo dois conjuntos importantes de informações: Em que ponto eu estava? O que eu pretendia fazer mesmo a partir desse ponto?

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

>> intragov - I
O governo de São Paulo faz o pregão para a nova rede estadual...

xxO contrato que o estado de São Paulo tem com a Telefônica, pelo qual interliga os órgãos públicos nos 645 municípios do estado, vence em janeiro de 2011. Para manter o serviço sem interrupção, Douglas Viudez, diretor de produção e serviços da Prodesp, a empresa de informática do estado, precisa contratar a nova rede logo.
xxA Telefônica fornece a rede desde 2001; se ela ganhar novamente a licitação, só terá de fazer ajustes. Mas, se outra operadora ganhar, a nova operadora terá de instalar equipamentos, conectá-los e testá-los para fazer funcionar os 15 mil circuitos que formam a Intragov — antes que o atual contrato vença. É trabalho para um ano e meio.
xxNo último pregão da Intragov, em 2005, participaram a Telefônica, a Embratel e a Telemar (Oi). Os representantes das operadoras ficaram no auditório da Prodesp por 11 horas, e deram 92 lances. “Era uma ligação para o México e outra para a Espanha”, lembra Douglas. Cada representante demorava uma hora e meia para dar o lance. E o pregoeiro só encerou o pregão quando percebeu que a proposta era vantajosa para o estado. No fim, o estado fechou um contrato R$ 600 milhões mais barato que o estimado: contratou o serviço por R$ 245 milhões por cinco anos.
xxNo edital do próximo leilão, Douglas pede quase as mesmas coisas que pediu no edital anterior. “É uma continuidade do serviço”, ele insiste. De diferente, cita três pontos.

>> intragov - II
... exige da operadora um portal para encomendar serviços...

xxUm é aumentar a velocidade máxima da Intragov, de 1 Gbps para 2,5 Gbps. Outro é exigir que as operadoras aceitem ordens de serviço via portal, assim como coloquem no portal todas as informações sobre a gestão da rede. Em 2005, ele já teve essa ideia. Pediu aos técnicos da Telefônica um portal para que os usuários da Intragov pedissem serviços e acompanhassem os pedidos. Os técnicos obedeceram — contudo, se a Telefônica perder o pregão, levará embora o portal e todas as informações contidas nele.
xxDouglas decidiu que é melhor o estado ter seu próprio portal, para ficar com as informações dentro da Prodesp. Os técnicos começaram a desenvolver o portal internamente; e a operadora que ganhar a licitação será obrigada a alimentá-lo com informações.
xxO terceiro ponto é apressar o atendimento. Hoje, quando a Intragov sai do ar, ou quando funciona mal, os clientes e os técnicos da Prodesp ligam para um 0800 destinado ao governo de São Paulo, abrem um chamado e esperam a solução. Mas o processo demora, e a interação é sempre por telefone.

>> intragov - III
... exige técnicos da operadora dentro da Prodesp...

xxDouglas visitou o Banco do Brasil, em Brasília, e o Pão de Açúcar, em São Paulo, e viu que os executivos de TI dessas empresas resolviam rápido os problemas com a rede, pois mantinham dentro da própria área de TI alguns engenheiros da operadora. O Pão de Açúcar mantinha dois; o Banco do Brasil, uns cem. Esse grupo, ele percebeu, trabalha mais perto do cliente, então conhece melhor a rede e as necessidades, e resolve os problemas mais depressa. Além disso, os engenheiros resolvem os problemas só daquele cliente, e não de todos os que usam a rede da operadora. Ele gostou da ideia e colocou isso no edital.
xxA operadora vencedora terá de colocar, pelo menos, oito engenheiros na Prodesp, além dos sistemas de gestão para que eles visualizem toda a Intragov e resolvam os problemas dali mesmo. “Estamos abrindo um espaço aqui para montar as posições de trabalho.”
xxO pregão da nova Intragov estava marcado para outubro, mas, a pedido da Embratel, da Telefônica e da Intelig, Douglas adiou o pregão para novembro. A alegação é sempre a mesma: a proposta é complexa, requer uma logística complicada, o tempo é curto. “E a gente, para estimular a concorrência, tem dado os prazos.” O pregão ficou marcado para ontem, 1° de dezembro, às 9 horas, no auditório da Prodesp — e foi gravado.

>> intragov - IV
... mas o pregoeiro suspende o pregão até sexta-feira.

xxOs representantes da Telefônica e da Embratel entregaram sua proposta de preço ao pregoeiro. O da Embratel, no entanto, não cumpriu o ritual pelo qual a empresa reafirma que sua proposta está de acordo com os termos do edital — e a operadora foi desclassificada.
xxO representante da Telefônica baixou três vezes o preço inicial da proposta, mas nenhuma delas satisfez o pregoeiro, que decidiu suspender o pregão até sexta-feira, 4. Diante da situação, ele quer avaliar melhor a proposta da Telefônica.

>> lei da transparência – I
A prefeitura de Porto Alegre só envolve a Procempa no projeto três meses antes do prazo...

xxFaltavam poucos dias para o fim de outubro, quando Zilmino Tartari, diretor técnico da Procempa, a empresa de processamento de dados de Porto Alegre, foi convocado para uma reunião. Sem saber, ele já era parte do grupo de trabalho do portal da transparência. Em 15 de julho de 2009, o prefeito sancionou a lei 10.728, que obrigou todos os órgãos a divulgar as finanças na Internet. “A Secretaria da Fazenda”, diz Zilmino, “demorou a entender a lei e escrever o escopo do projeto.” Ao final da reunião, Zilmino assumiu a integração dos bancos de dados (das secretarias e empresas) e o desenvolvimento do novo portal. Mas só tinha três meses para entregar tudo.
xxAté o portal virar lei, a prefeitura de Porto Alegre tinha poucos dados na Internet. Nos últimos anos, algumas secretarias colocaram serviços no portal da prefeitura, como imprimir a segunda via da conta de água, solicitar serviços de manutenção urbana ou alvarás de funcionamento. A prefeitura só coloca esses serviços na Internet, diz Zilmino, porque eles reduzem custos ou aumentam a arrecadação. “Mas existem algumas informações”, diz Zilmino, “que o governo só disponibiliza quando se trata de uma exigência.”
xxNo caso do portal da transparência, foi o presidente Lula quem exigiu. Em 27 de maio de 2009, ele sancionou a lei complementar 131, que obriga o governo federal, os estados e municípios a colocar as finanças na Internet.

>> lei da transparência – II
... e agora todos se apressam para cadastrar as finanças em sistemas e interligar os bancos de dados.

xxNo início de novembro, Zilmino colocou os técnicos para estudar os portais de transparência de outras prefeituras e se reuniu de novo com os funcionários das secretarias; ele não achou algumas informações nos sistemas e pediu ajuda. Então, teve uma surpresa: muitos dados, como os valores recebidos ou gastos nos convênios, a folha de pagamento das empresas terceirizadas e detalhes de licitações, não estavam em nenhum banco de dados. “Não havia processos para acompanhar essas informações”, diz Zilmino, “então ninguém cadastrava nos sistemas.” Ele também descobriu que as informações da prefeitura e de suas empresas estavam espalhadas por bancos de dados muito diferentes.
xxEnquanto os funcionários da prefeitura desenham novos processos, Zilmino já colocou os dados de folha de pagamento, orçamento, além de receitas e despesas (que já estavam no sistema de gestão da prefeitura) num banco de dados único, armazenado no CPD da Procempa.
xxEm paralelo, três técnicos da Procempa pressionam os executivos de TI das empresas da prefeitura, como a de limpeza urbana (DMLU), a de água e esgotos (DMAE), para entregar os bancos de dados completos no prazo. “Embora a gestão não esteja com a TI”, diz Zilmino, “só atenderemos o prazo se a equipe for pró-ativa.”
xxPara cumprir a lei 10.728, Zilmino gastará R$ 350 mil. Ele deve publicar a primeira versão do portal da transparência de Porto Alegre na Internet até 15 de janeiro de 2010. “Entregaremos parte das demandas depois.” Para evitar que o tribunal de contas multe alguma secretaria, Zilmino planeja pedir ao prefeito mais quatro meses.

>> nem agora foi - I
Lula manda o governo se entender, antes de escolher o Plano Nacional de Banda Larga...

xxO presidente Lula conheceu as propostas para o Plano Nacional de Banda Larga, no dia 24 de novembro. A reunião começou às 16h30; estavam presentes, entre outros, o ministro das Comunicações, Hélio Costa; a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff; o ministro da Educação, Fernando Haddad; o do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo; e o da Fazenda, Guido Mantega; além do secretário de logística e TI do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna; e o secretário do Ministério de Ciência e Tecnologia, Augusto Gadelha. Hélio Costa entregou ao presidente um documento de 197 páginas encadernadas, em cuja capa se lia Um Plano Nacional para Banda Larga, o Brasil em Alta Velocidade.
xxHélio Costa representa uma linha dentro do governo que defende vários tipos de incentivos, com os quais as operadoras levariam banda larga mais barata a mais lugares. Segundo seu plano, até 2014, o Brasil chegaria aos 30 milhões de acessos fixos de banda larga e aos 60 milhões de acessos móveis. Haveria linhas de crédito do BNDES para as operadoras, assim como recursos do Fust e do Funttel, assim como menos impostos, assim como desconto nas licenças de SCM. O governo gastaria R$ 26 bilhões, e as operadoras, R$ 49 bilhões.
xxDepois de deixar o documento, Hélio Costa saiu.
xxO resto do grupo continuou na reunião até por volta das 18h30. Discutiram vários aspectos; na parte de infraestrutura, Rogério Santanna apresentou um cenário para construir os anéis principais da rede (backbone) e os enlaces para interligar os anéis (backhaul). Ele representa a outra linha dentro do governo, que defende uma rede própria, montada e administrada pelo governo, com a qual o governo levaria banda larga aonde quisesse. O presidente Lula quis saber como as conexões chegariam na casa das pessoas, mas Rogério Santanna não tinha detalhado essa parte, a da última milha.
xxPor fim, Lula mandou todo mundo se entender. “Com operadoras ou sem operadoras”, diz Rogério Santanna, “o presidente quer que o governo tenha uma posição única.”
xxO grupo deve se reunir novamente até 18 de dezembro.

>> nem agora foi - II
... e Rogério Santanna promete chamar os membros da Abep para ajudar no plano.

xxAntes de apresentar o plano ao presidente, Rogério Santanna se encontrou com os representantes da Abep, a associação dos diretores das empresas estaduais de informática (como a Prodesp em São Paulo).
xxHá anos, os diretores das empresas estaduais tentam criar uma Infovia Nacional, uma rede interligada por onde circulariam informações e serviços de qualquer órgão de governo. Todos os estados já têm sua própria rede, desconectada das outras. Por isso, em dezembro de 2007, eles apresentaram uma proposta para Sérgio Rezende, o ministro da Ciência e Tecnologia — mas a proposta não foi levada à frente pelo ministro. Dessa vez, Rogério Santanna também não chamou nenhum deles para participar do grupo de trabalho. No entanto, em 28 de outubro, os diretores da Abep conseguiram uma reunião com ele.
xx“Com a proposta de usar fibras apagadas da Eletronet e de retomar a Telebrás”, diz Paulo Coelho, presidente da empresa de informática do Rio de Janeiro (Proderj) e presidente do conselho de associados da Abep, “a gente convocou uma reunião para mostrar nosso interesse em participar do projeto.”
xxPaulo foi ao gabinete de Rogério Santanna, em Brasília, acompanhado por René Lapyda, secretário executivo da Abep e funcionário da empresa de informática de São Paulo (Prodesp), e por Luiz Fernando Caldart, vice-presidente executivo da Abep e presidente da empresa de informática do Mato Grosso (Cepromat).
xxRogério manteve a posição de que primeiro o governo precisa chegar a um consenso, e fez uma promessa: assim que o governo Lula decidir o que quer, Rogério chamará os membros da Abep para ajudar no plano.
xxPaulo, por sua vez, colocou as empresas estaduais à disposição. Os estados têm poucas fibras óticas para ajudar na formação da rede, mas os associados da Abep poderiam gerenciar a rede em nome do governo — como alguns estados já fazem com a RNP, a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa.
xxA Abep “vê com bons olhos” a proposta de Rogério Santanna, de usar as fibras apagadas. “É um investimento que já foi feito e precisa ser usado.” Mas, independente da linha do governo, a Abep quer participar do projeto, e assim reduzir os gastos com telecomunicações e aumentar o cardápio de serviços.
xxNuma conta rápida, Paulo diz que as empresas associadas à Abep gastam em média R$ 200 mil por mês com telecomunicações. “A condição atual limita os investimentos com governo eletrônico, principalmente para o cidadão que mora mais afastado.”

>> atrás de dinheiro - I
A prefeitura de Vitória arrecada menos com o ICMS...

xxQuando surgiu a crise econômica em setembro de 2008, Pedro Bolzani, subsecretário de TI da prefeitura de Vitória (ES), ajudou o prefeito João Carlos Coser a rever o orçamento recém-escrito. “Tivemos que colocar o pé no freio, porque o estado nos repassou 10% menos ICMS.” Na época, Pedro planejava cinco projetos de TI para 2009, entre eles instalar 60 quilômetros de cabos de fibras óticas (para concluir a rede de dados da prefeitura) e instalar 40 câmeras de segurança e um centro de operações de segurança na cidade. Eram promessas de campanha. Os editais de licitação só ficariam prontos no final de 2009, então Pedro não se preocupou. “O prefeito manteve todos os projetos de TI.”
xxContudo, a prefeitura de Vitória arrecadou ainda menos nos meses seguintes: o ICMS rendeu R$ 27 milhões em julho, R$ 3,5 milhões a menos que em janeiro. Numa nova reunião, o prefeito escolheu só os projetos mais importantes para a prefeitura. No caso da TI, a rede de dados e as câmeras de segurança.
xxOs outros projetos de TI ficaram para 2010: comprar um sistema de backup e um de gestão, aumentar a capacidade do armazém de dados (storage), construir uma sala-cofre para o CPD, atualizar o sistema de mapas digitais (GIS). Pedro pensava em como viabilizar esses projetos, quando se reuniu com funcionários do BNDES para assinar uma papelada; eles iam encerrar um contrato a respeito de verba do Programa de Modernização da Administração Tributária (PMAT). Então, Pedro imaginou uma alternativa.

>> atrás de dinheiro - II
.... e recorre ao BNDES para investir em TI em 2010.

xxComo a prefeitura de Vitória já pagou a antiga dívida do PMAT, Pedro poderia submeter outro projeto ao BNDES. “Foi uma coincidência descobrir isso.” Em agosto, ele colocou três gerentes para escolher os projetos principais de TI, para incluí-los todos num projeto maior, financiado pelo PMAT.
xxEnquanto isso, Pedro terminou o edital da rede de dados: em 10 de novembro, ele licitou os 60 quilômetros de cabos, o serviço de instalação dos cabos e o serviço de manutenção por dois anos; incluiu nessa licitação rede local para 40 escolas. A 7Lan e a F&S participaram da licitação, mas só a 7Lan se classificou. Como a F&S entrou com recurso, Pedro ainda não pôde abrir as propostas comerciais. Ele pretende pagar R$ 1,42 milhão ou menos pelo projeto.
xxNa sexta-feira, 20 de novembro, os três gerentes listaram quais projetos a prefeitura deve submeter ao PMAT. “A maior parte dos recursos será usada para melhorar os serviços de TI.” Pedro levou os projetos para a assessoria de captação de recursos da prefeitura; vai precisar de R$ 10 milhões.
xxPedro prepara o texto final do projeto, enquanto os assessores reúnem as informações sobre as finanças da prefeitura. Eles submeterão o projeto até o final de 2009; assim, caso o BNDES o aprove, Pedro receberá a verba até março de 2010. “Vamos usar um dinheiro barato para a prefeitura”, diz Pedro. “E a TI terá verba, independente da arrecadação.”

>> incentivos fiscais
O governo ganha mais do que todos na Zona Franca de Manaus


xxUm pesquisador da USP, Jorge de Souza Bispo, estudou quanto o governo embolsa com a Zona Franca de Manaus (ZFM), e se surpreendeu: o governo embolsa mais que empregados e que proprietários de empresas, o que é normal; apesar dos incentivos fiscais, contudo, embolsa mais na ZFM do que no resto do Brasil.
xxNa ZFM, as empresas vão atrás de descontos no ICMS, no IPI e no imposto sobre importações. 400 empresas se instalaram na ZFM, mas 70 empresas apenas respondem por 90% do faturamento total da ZFM. Jorge usou informações de vários bancos de dados, tanto do governo quanto de instituições privadas, e comparou os vários dados com um estudo completo de 30 empresas da ZFM e de 30 empresas equivalentes fora da ZFM. “A conclusão foi surpreendente”, diz Jorge. “É um paradoxo a ZFM distribuir mais riquezas para o governo, que deixa de arrecadar dinheiro com as isenções fiscais.”


>> e-saúde
Hospitais não conseguem recuperar o que investem em informática

xxEntão, investir em computadores reduz custos e melhora a administração? Não nos hospitais modernos, responde David Himmelstein, professor da Escola de Medicina de Harvard.
xxEle estudou os dados de 4 mil hospitais nos Estados Unidos, de 2003 a 2007, buscando evidências de que o investimento em informática reduz custos ou melhora a administração — mas não achou nenhuma evidência. Nos hospitais mais bem administrados, até mesmo nos hospitais com os melhores sistemas de informática, o custo da administração até aumentou um pouco de 2003 para 2007.
xxHimmelstein já foi diretor de informática no Hospital da Universidade de Cambridge, no estado de Massachusetts. Nesse estudo, já publicado no American Journal of Medicine, ele não se preocupou em produzir explicações. Ele não sabe dizer por que os executivos dos hospitais foram incapazes de reduzir custos ou de melhorar a gestão por meio de informática — mas pretende investigar as causas num outro estudo, mais para a frente.
xxVai investigar duas hipóteses, entre outras: o hospital gasta mais ao comprar, instalar e manter sistemas novos de informática do que consegue economizar com esses sistemas; e o hospital acha bons sistemas para informatizar os aspectos administrativos, mas não acha bons sistemas para informatizar os aspectos clínicos — onde estão os maiores ganhos. (Quando um médico visitante escolhe a marca da prótese a implantar num paciente, ele toma uma decisão clínica, que pode não ser rentável para o hospital.) É difícil mesmo informatizar os aspectos clínicos. O hospital teria de apaziguar muita gente, trabalhando dentro e fora do hospital, com interesses bem distintos.

>> informática verde
O QPACE, da IBM, é o supercomputador que mais economiza energia.

xxA IBM e um consórcio de universidades europeias construíram o supercomputador com o menor consumo de energia elétrica do mundo, segundo a lista da organização Green500. Ele se chama QPACE e calcula 26 trilhões de operações matemáticas a cada segundo (26 teraflops) — por bastidor. Em cada bastidor, a IBM e o consórcio instalaram 256 processadores PowerXCell 8i (desenvolvido com a Sony para o PlayStation 3), que consomem 1 watt para calcular 723 megaflops.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

>> crise – I
A prefeitura de Campinas arrecada 10% a menos com impostos e para de comprar...

xxLuis Felizola, diretor de informatização da prefeitura de Campinas (SP), recebeu o programa de governo de Hélio de Oliveira Santos, o prefeito reeleito, em fevereiro de 2009. Ao lado da lista com mais de 200 projetos, Luis rabiscou projetos de TI relacionados. “Criamos um programa de TI.”
xxDurante os meses seguintes, Luis organizou sua equipe e os técnicos da Informática de Municípios Associados (IMA); eles deveriam comprar e instalar novos computadores, implementar uma agenda via Internet de consultas nos postos de saúde (o Siga-Saúde), instalar um sistema de gestão de notas fiscais eletrônicas e também automatizar a cobrança do imposto sobre serviços (ISS).
xxLuis cumpriu o cronograma de projetos até julho, quando a prefeitura arrecadou 10% a menos com impostos por causa da crise. Os reflexos apareceram logo: em vez de receber o 13º salário em julho (como nos últimos dois anos), Luis só vai recebê-lo no final do ano. Além disso, foi avisado de que não poderia mais comprar computadores. “Tudo estava previsto no orçamento, mas o dinheiro não entrou.”
xxSeguindo ordens do prefeito, Luis pararia de comprar equipamentos e software para a área de TI, mas não pararia alguns dos projetos. Ao contrário, deveria entregá-los antes do prazo combinado. Esses projetos ajudariam a prefeitura a arrecadar mais.

>> crise – II
... mas coloca as dívidas dos moradores na Internet e recupera R$ 30 milhões em três meses.

xxEm julho, Luis levou a lista rabiscada para uma reunião com o pessoal da IMA, e apresentou os projetos mais urgentes. Um sistema colocaria na Internet o nome de moradores com dívidas com a prefeitura; outro sistema ajudaria a prefeitura a gerenciar notas fiscais eletrônicas. Luis não tinha gente suficiente para implementar esses projetos urgentes e, em paralelo, concluir os outros que já estavam em andamento. Por isso, pediu mais técnicos ao pessoal da IMA. “Coloquem mais gente para trabalhar”, disse Luis, “senão não teremos como pagar vocês.”
xxCom mais cinco técnicos da IMA, Luis entregou em agosto o sistema de dívidas na Internet, e o prefeito lançou uma campanha para incentivar os moradores de Campinas a pagar as dívidas com a prefeitura. No portal, os moradores veem o valor, simulam formas de pagamento, imprimem os boletos. A campanha termina em novembro, mas a prefeitura já recuperou quase R$ 30 milhões até agora.
xxAté dezembro, os técnicos da IMA terminam o sistema de gestão de notas fiscais eletrônicas. Enquanto isso, Luis revisa novamente a lista rabiscada; a prefeitura arrecadará menos e já avisou que o orçamento de TI será 5% menor. “O reflexo da recuperação demorará a vir.”

>> computação paralela
Bull e Petrobras montam o maior computador da América Latina — com 250 teraflops.

xxA Bull vendeu o maior supercomputador da América Latina até agora — por US$ 2 milhões. O comprador é o centro de pesquisas da Petrobras (Cenpes). Alberto Lemos Araújo Filho, presidente da Bull, organiza seu pessoal para que a instalação comece em dezembro.
xxO supercomputador terá 1.100 processadores Intel (para os cálculos) e 120.000 processadores Nvidia (para o tratamento de imagens em três dimensões). O pessoal do Cenpes pretende usar os 250 teraflops do novo supercomputador para criar ambientes de realidade virtual — e simular operações complicadas ou perigosas antes de arriscar equipamentos, consumíveis e gente de verdade.
xx(Se quisesse a loucura de empregar pessoas para calcular num segundo o que esse novo supercomputador calcula, o Cenpes teria de empregar 25 trilhões de pessoas, cada uma delas com uma calculadora comum; teria de esperar a população da Terra crescer 3.600 vezes...)
xxInstalar e fazer a nova máquina funcionar é a parte fácil do projeto, diz Alberto. Logo depois, vem a parte difícil: escrever software para tantos processadores em paralelo. “Toda a programação precisa ser diferente.” Software escrito para computadores comuns não aproveita as características de computadores paralelos. (Assim como, para empregar 25 trilhões de pessoas com sucesso, o Cenpes teria de colocar bilhões de pessoas para organizar as rodadas de cálculos, distribuir contas para cada pessoa e recolher os resultados.)
xxEsse projeto representa o que Alberto espera de seu pessoal em 2010 — gente capaz de fechar negócios difíceis de pôr em prática, mas que, uma vez em prática, deem bons ganhos para a Bull e para o cliente.

>> prêmio
Conheça os Profissionais de Tecnologia da Informação 2009 — categoria governo.

xxOcorreu ontem, 17, a cerimônia de entrega do Prêmio Profissional de Tecnologia da Informação, organizado pela Plano Editorial. 50 profissionais de TI receberam cada um seu prêmio, inclusive os cinco profissionais da categoria governo.
xxSão eles: Ademir Milton Piccoli (da Procergs), José Antônio Eirado Neto (do Banco Central do Brasil), Marcos Vinicius Ferreira Mazoni (do Serpro), Marcos Tadeu Yazaki (da Prodesp) e Nelson Costa Cardoso (da Petrobras Distribuidora).
xxVeja aqui o perfil de cada desses profissionais, e vote num deles; o mais votado ganhará um perfil de duas páginas no Informática Hoje de janeiro.

>> lousa eletrônica
A Dell tenta convencer o Estado de São Paulo a comprar kit sala de aula

xxRicardo Menezes, diretor da divisão de governo e educação da Dell, tenta convencer os clientes do governo a comprar os produtos de educação da Dell, “mas é difícil”. Agora, ele poderá mostrar como os produtos funcionam e como os alunos reagem.
xxA Dell criou o kit Sala de Aula Conectada e doou 32 kits para 26 escolas estaduais de Hortolândia — cidade onde mantém fábrica. Cada kit abastece 32 salas de aula com uma lousa eletrônica, um desktop, alto-falantes e conteúdo para as aulas de português e matemática, produzido por funcionários da USP. Com um piloto de um ano, Ricardo espera mostrar ao governo de São Paulo, e a outros governos, que os alunos aprendem melhor ao usar o kit. A Unesco medirá os resultados.
xxTécnicos da Unesco deram uma prova aos alunos da 5ª série fundamental e da 1ª série do ensino médio antes das aulas com a lousa eletrônica, em agosto. No final de novembro, farão outra prova; e em fevereiro, outra. Vão analisar não só as notas dos alunos, mas também a forma como se relacionam com os professores, com a família e com os colegas. Por enquanto, diz Ricardo, deu para perceber que os alunos inspiram outros membros da família a usar o computador e a Internet.
xxNo futuro, Ricardo também quer testar como os alunos se comportam com netbooks: em dezembro, a Dell começa a fabricar um modelo no Brasil, que continua funcionando mesmo depois de quedas e sacolejos, e que acende uma luz na tampa (virada para o professor) quando o aluno abandona o conteúdo da aula para navegar em outros conteúdos.
xxSegundo Ricardo, a Dell não calculou quanto o kit custa por aluno.

>> bancos e operadoras - I
O Itaú desiste da contestação eletrônica com a Telefônica...

xxEstava tudo pronto para Antonio Carlos Ferreira, superintendente de sistemas do Itaú, contestar eletronicamente as contas de serviços da Telefônica — e então a Telefônica colocou um empecilho.
xxQuando o banco acha um erro de conta, quase sempre ele paga o valor total primeiro, e depois põe um funcionário para cobrar o que o banco pagou indevidamente. É e-mail para lá, documento para cá. Em média, o banco reconhece 98% da conta, e contradiz 2%. É injusto deixar de pagar os 100% por causa de 2%, assim como é injusto pagar os 100%. Se a contestação fosse eletrônica, todo processo seria automático: o banco pagaria os 98% e deixaria os 2% para discutir depois, conforme a apuração.
xxEm maio de 2007, Antonio começou um projeto de contestação eletrônica com a Telefônica. Num ambiente de testes, a operadora colocou um código na fatura, que permitiu ao Itaú acessar o sistema de contestação eletrônica. O sistema dispara a reclamação do Itaú dentro da Telefônica, e avisa as pessoas sobre o provável erro na cobrança. Em novembro de 2008, ele deu o OK para a Telefônica começar os testes no ambiente de produção do Itaú.
xxQuando chegou a hora da instalação, um funcionário da Telefônica lhe disse que a contestação seria eletrônica, mas o Itaú só poderia contestar a conta inteira — e não só uma coisa ou outra. “Eu não entendi nada.”

>> bancos e operadoras - II
... e a Febraban sugere um relacionamento todo eletrônico.

xx
Antonio levou o problema para um grupo de estudos da Febraban. Os representantes de outros bancos se interessaram pela história, e sugeriram fazer outras coisas eletronicamente, não só a contestação. Pela proposta, todo relacionamento entre bancos e operadoras deveria ser eletrônico, feito por meio da troca de mensagens ou de arquivos: assim o banco pediria uma nova linha telefônica, mudaria o endereço de cobrança, cancelaria um serviço. “A ideia é essa”, diz Antonio. “Propor padrões e normas para isso acontecer.”
xxAs operadoras teriam de investir em máquinas e sistemas, integrar sistemas e tratar as mensagens. A Telefônica já avisou: teria de gastar uns R$ 600 mil só de hardware — sem contar desenvolvimento de sistemas. Contudo, diz Antonio, com o relacionamento eletrônico, operadoras e bancos apressam as coisas, evitam retrabalho e economizam.
xxNo dia 23 de outubro, o grupo da Febraban apresentou a proposta às operadoras. “A recepção foi positiva.” O próximo passo é marcar reuniões individuais: a Telefônica já marcou; a Oi pediu um projeto detalhado para colocar no orçamento de 2010; as celulares ainda não marcaram nada.

>> crise
A Samsung deve vender quatro lotes de computadores antes de montá-los no Brasil

xxEm junho de 2009, Ricardo Miranda, diretor da divisão de TI da Samsung, participou de uma reunião com Gee-Sung Choi, chairman mundial, que visitava o Brasil. Ricardo explicou ao chefe e à sua comitiva como a Samsung Brasil lançaria notebooks e netbooks no Brasil — pela segunda vez. (Na primeira vez, em 2008, Choi aprovou os planos, mas veio a crise e em seguida Choi cancelou os planos.)
xxRicardo conseguiu autorização para importar quatro lotes de computadores e, se vender o suficiente até março de 2010, espera fabricar computadores no Brasil. Ele escolheu três modelos de notebooks e dois de netbooks. Enquanto os primeiros lotes não chegavam, entrou com a papelada para incluir os novos produtos no Processo Produtivo Básico (em troca de isenções fiscais) e se reuniu com outros diretores para planejar as novas linhas de produção. “Vamos importar todas as peças e montar os produtos aqui.” Como não havia mais espaço para mais funcionários e para mais linhas de produção na fábrica de monitores, em Campinas, Ricardo e seus colegas transferiram a fábrica de monitores para Manaus, e abriram espaço em Campinas para a fábrica de computadores.
xxEm outubro, chegou o primeiro lote, mas Ricardo esperou a primeira semana de novembro para vendê-lo — é mais fácil assim, perto do Natal. “Queremos ser a novidade deste final de ano para os consumidores.” Antes de anunciar os novos produtos na mídia, o primeiro lote já estava vendido.
xxRicardo entregou, na semana passada, os primeiros computadores aos distribuidores e varejistas. “Daqui a cinco anos”, diz Ricardo, “os notebooks e netbooks devem responder por metade do faturamento da Samsung.”

>> fiscalização
Americanos preparam sistema de detecção de fraudes de balanço

xxTodo balanço financeiro parece correto, inclusive o de empresas que falsificam os números. Três cientistas dos Estados Unidos estudaram o balanço de 160 empresas idôneas e de 160 empresas falsárias para distinguir as diferenças entre balanços corretos e fraudados. “Algumas empresas conseguem manipular a contabilidade muito bem”, diz Joe Brazel, professor da Universidade Estadual da Carolina do Norte e um dos coautores do estudo. “Mas nem toda informação dá para esconder.”
xxBrazel e seus colegas descobriram um jeito de entrever fraudes. Eles tabularam as diferenças entre medições do tipo a receita, a dívida, a margem operacional (ou seja, medições financeiras, que vão no balanço) e medições do tipo o número de funcionários, a área em metros quadrados de centros de distribuição, o número de lojas (ou seja, medições não financeiras, que nem sempre vão no balanço). Diversos órgãos de governo coletam as medições não financeiras, e uma empresa só consegue manipular essas medições se subornar muita gente. Poucas conseguem. Por exemplo: nas empresas idôneas, diz Brezel, a receita e o número de funcionários crescem e diminuem mais ou menos juntos — com diferença de 4% no máximo, para mais ou para menos. Nas empresas falsárias, a diferença ficou em 20%.
xxAgora, Brazel monta um portal de alertas na Internet. O sistema do portal vai coletar números de balanços publicados na SEC (a CVM dos Estados Unidos) e números de diversos órgãos do governo americano, vai fazer as contas e vai transmitir alertas quando notar diferenças suspeitas entre números financeiros e não financeiros. Ao mesmo tempo, Brazel e seus colegas trabalham nas próximas fases da pesquisa — em que vão pedir a ajuda de investidores, auditores e fiscais.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

>> responsabilidade cruzada - I
Para igualar os técnicos do Serpro aos do mercado privado...

xxTécnicos do Serpro constroem sistemas que serão usados por 20 anos. Quando eles vão medir o próprio sucesso, contudo, eles se comparam com os técnicos da iniciativa privada, contratados e pagos de acordo com seus conhecimentos em tecnologias novas. Marcos Mazoni, diretor-presidente do Serpro, se perguntou: como lidar com essas comparações, visto que os salários pagos pela iniciativa privada são mais altos, justamente porque os técnicos da iniciativa privada conhecem tecnologias novas?
xxMazoni aumentou os salários, criou um sistema que valoriza a tarefa (e não a tecnologia), e montou uma rede de treinamento para que os técnicos se mantenham atualizados, mesmo os que lidam com tecnologias antigas. Mas tudo isso resolvia só parte do problema.
xxComo os funcionários entram por concurso, Mazoni não sabe se as tarefas são realizadas pela pessoa com o melhor perfil. Ele imagina que, numa empresa com 11.500 funcionários, cada função importante para o Serpro poderia ser cumprida por um doutor naquela função. O desafio, diz Mazoni, é colocar cada funcionário em projetos nos quais eles são especialistas, e dos quais eles gostam.

>> responsabilidade cruzada - II
... Mazoni cria gestão de pessoas inspirada no software livre.

xxPara isso, Mazoni abriu uma espécie de rede social na intranet, onde publica as vagas abertas a cada projeto: funcionários de qualquer área podem se candidatar. Se o comitê de gestão do Serpro aprovar, o candidato fica livre para ocupar a vaga para a qual se candidatou — até que o projeto termine.
xxÉ uma forma de gerenciar os conhecimentos de uma empresa como o Serpro, diz Mazoni. “Estamos trazendo a lógica do mundo do software livre, no qual as pessoas cumprem tarefas por prazer.” Alguns projetos já incluem funcionários de outras áreas, mas a movimentação deve aumentar em 2010, pois Mazoni vai a todas as regionais do Serpro para falar sobre o projeto. “Ele altera a hierarquia, pois os chefes não são mais donos do trabalho.” O Serpro pretende virar uma rede de “responsabilidades cruzadas”.
xxPara uma empresa de 45 anos, diz Mazoni, o Serpro está sendo bem moderno com essa ideia de trabalho cooperado.

>> retrabalho - I
Rogério Santanna prepara proposta da rede nacional...

xxRogério Santanna, secretário de logística e TI do Ministério do Planejamento, deve apresentar até a metade de novembro o modelo do Plano Nacional de Banda Larga. Rogério coordena o grupo de trabalho que estuda um jeito de formar a nova rede de banda larga, e o prazo foi imposto pelo presidente Lula.
xxCom a rede nacional, Rogério quer incentivar a concorrência no mercado de telecomunicações. Para ele, hoje não existe concorrência, pois as operadoras controlam a infraestrutura. Por isso, até São Paulo, “o estado mais rico do país”, teve problema com o serviço de banda larga.
xxSegundo ele, o governo gastaria R$ 1,3 bilhão para ativar a parte central da rede (backbone). “Hoje o governo já gasta R$ 800 milhões com serviços de telecomunicações.” A ideia é usar as redes que vários órgãos de governo já mantêm, e recorrer a pequenas operadoras para levar serviços até a casa dos usuários.

>> retrabalho - II
... mas deixa uma antiga proposta da Abep para a última hora.

xxOs diretores das empresas estaduais de informática, por meio da sua associação (Abep), tentam há anos criar uma Infovia Nacional, uma rede interligada por onde circulariam informações e serviços dos governos federal, estadual e municipal. Todos os estados já têm sua própria rede, desconectadas umas das outras. Por isso, no começo de dezembro de 2007, eles apresentaram uma proposta para Sérgio Rezende, o ministro da Ciência e Tecnologia — mas a proposta não foi levada à frente.
xxRogério Santanna também não levou à frente a proposta da Abep, nem chamou nenhum associado para participar do grupo de trabalho. “O governo primeiro precisa chegar a um consenso.”
xxSó na quarta-feira, 28 de outubro, Rogério Santanna convidou os associados da Abep para uma reunião. Paulo Coelho, presidente da empresa de informática do Rio de Janeiro (Proderj) e presidente do conselho de associados da Abep, foi ao encontro.

>> internautas novatos
No Amazonas, 80 mil pessoas já usam a Internet sem viajar até Manaus.

xxEm quatro cidades do Amazonas, 80 mil pessoas já acessam a Internet por meio de rádio Wi-Fi, de rádio WiMAX e de conexão via satélite. As quatro cidades estão entre as mais populosas do estado (Itacoatiara, Manacapuru, Tabatinga e Tefé), e por isso foram as primeiras a entrar no programa Amazonas Digital, feito pela Seplan (a secretaria de planejamento) com serviços da Prodam (a empresa de informática) e com serviços e tecnologia da Hughes (fornecedor especializado em comunicações por rádio e comunicações via satélite).
xxMárcio Silva de Lira, chefe de gabinete da Seplan, diz que, nas quatro cidades, as pessoas já fazem mais negócios umas com as outras e, como ficou mais fácil obter informações sobre essas quatro cidades, aumentou a publicidade espontânea (como reportagens de jornal) e o turismo.
xxO programa Amazonas Digital começou no final de 2008, quando Prodam e Hughes assinaram os contratos. A primeira fase termina em dezembro, com 15 cidades no ar: em cada uma delas, Seplan, Prodam e Hughes interligam os órgãos públicos com WiMAX, criam uma área Wi-Fi aberta à população e montam um telecentro com dez computadores. O centro da rede fica em Manaus, no prédio da Prodam. Márcio diz que todas as 61 cidades do Amazonas estarão no programa até outubro de 2012.
xxMárcio e equipe agora medem como os habitantes das quatro cidades usam a Internet. Eles pretendem colocar os serviços mais úteis e populares já na primeira página do Amazonas Digital. “A Internet”, diz Márcio, “pode melhorar os índices socioeconômicos de uma cidade em 50%.”

>> gestão – I
A Procergs quita R$ 30 milhões em dívidas com fornecedores de TI...

xx
Em 2007 e 2008, Ademir Milton Piccoli ajudou o antigo presidente da Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul (Procergs) a pagar dívidas de mais de R$ 30 milhões com fornecedores de TI. Por isso, quando assumiu a presidência em abril de 2009, com as contas pagas, seu desafio era outro: vender novos projetos de governo eletrônico e fazer a Procergs dar lucro. Ele encomendou uma pesquisa, com funcionários e clientes, para descobrir se a Procergs seria capaz de assumir projetos. O resultado foi desanimador: para a maioria, a Procergs demorava para responder às demandas e não entregava projetos inovadores. “Eu tinha que recuperar a credibilidade.”
xxSe funcionários e clientes enxergavam a Procergs assim, pensou Piccoli, o problema estava no atendimento. Depois de visitar empresas de TI de outros estados, como São Paulo, Piccoli pediu para Sérgio Dalanhol, diretor técnico, ajudá-lo a escrever um plano de ação; Sérgio já tinha gerenciado a equipe de atendimento a clientes e conhecia os problemas. “Os usuários”, diz Piccoli, “tinham que ficar entusiasmados com as mudanças.”

>> gestão – II
... e investe R$ 1,5 milhão para atender melhor os clientes.

xxO primeiro passo foi aumentar a verba para o marketing interno: Piccoli instalou TVs nos corredores para exibir entrevistas com os técnicos da Procergs, em que cada técnico explicava um projeto; a cada 15 dias, ele também promove um café da manhã com 30 técnicos para ouvir sugestões. “Agora todos são reconhecidos.”
xxEm paralelo, colocou os gerentes em cursos de gestão de projetos, Cobit e ITIL. Eles já implementam os processos de gestão de pedidos, de relacionamento com os clientes e de segurança da informação; eles se reúnem toda semana para avaliar o andamento de 32 projetos de TI mais importantes para o estado; e eles reduziram as despesas em 35%.
xxAté agora, Piccoli investiu R$ 1,5 milhão para mudar a Procergs e pretende investir mais em 2010: em 5 de novembro, divulgará um edital para contratar 28 funcionários. Para provar que deu certo, ele repete as pesquisas com funcionários e clientes. Os resultados melhoraram, mas Piccoli prefere avaliar o sucesso do plano enquanto anda pelos corredores. “Aprendi a levantar da cadeira para enxergar como está nossa imagem.”

>> petróleo – I
Com mais técnicos, a Petrobras Distribuidora entrega os arquivos do Sped no prazo...

xx
Nelson Costa Cardoso, CIO da Petrobras Distribuidora, tinha de entregar os primeiros arquivos do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) fiscal e contábil para a Receita Federal até 31 de maio. Em janeiro, o ERP ainda gerava os arquivos com erros, porque os dados dos 20 mil clientes vinham de bancos de dados diferentes, armazenados em servidores diferentes. Enquanto Nelson procurava uma solução, a crise obrigou os diretores da Petrobras Distribuidora a dar crédito para muitos clientes. A demanda aumentou e a empresa precisava do sistema de relacionamento com clientes (CRM), mas faltava implementar a maioria dos módulos. De repente, Nelson tinha dois projetos urgentes para entregar.
xxA área de TI precisava entregar tanta coisa que Nelson contratou 68 técnicos, por meio de um concurso público.

>> petróleo – II
... e entregará 12 módulos do novo CRM até dezembro.

xx
Com mais técnicos, Nelson conseguiu implementar dez módulos do CRM, que já interligou a outros sistemas. Enquanto isso, a Receita adiou o prazo de entrega do Sped para outubro, e o restante dos técnicos teve mais tempo para conciliar os bancos de dados, dimensionar os enlaces de rede (principais e redundantes) que conectam filiais ao datacenter, e instalar novos servidores em algumas das filiais, para processar as informações mais rápido. “Nossa infraestrutura em todos os estados ficou no mesmo nível.”
xxEm outubro, o ERP gerou os arquivos do Sped 100% corretos. Os usuários enviaram os primeiros arquivos para a Receita Federal dias antes do prazo. Até o final do ano, Nelson entrega os dois últimos módulos do CRM, que apoiarão os processos de controle de investimentos. Em paralelo, ele já planeja o próximo projeto: implementar um novo sistema de gestão da cadeia de fornecedores e subfornecedores. “Temos que implementar esse sistema até o final de 2010.” Ele já mapeou os processos, pesquisou fornecedores e calculou os custos. O edital de licitação, diz Nelson, sai logo.

>> padrão bancário - I
As operadoras aceitam a nova versão de conta eletrônica da Febraban...

xxAntonio Carlos Ferreira, superintendente de sistemas do Itaú, convenceu quase todas as operadoras a usar o novo modelo para o banco receber eletronicamente as contas de telefone. A única exceção é a Oi. “Ela ainda nem começou o projeto.”
xxEm abril de 2009, Antonio e o grupo de estudos da Febraban (formado por representantes do Banco do Brasil, do Bradesco, da Caixa Econômica Federal, do Santander, do Itaú e do Unibanco) apresentaram a nova versão da conta eletrônica, a V3. Ela traz um número para identificar a fatura e o mês referente à conta; informa o endereço de instalação e de cobrança de todos os serviços tarifados; traz o valor total de cada serviço, o valor de multas e descontos; e tem um anexo com as categorias das chamadas.
xxA GVT foi a primeira a começar os testes e a entregar contas com o padrão V3. Depois, foram a Transit e a Hoje Telecom. A Telefônica, a Embratel e outras operadoras, diz Antonio, estão umas mais adiantadas que as outras, mas todas já trocam arquivos com o Itaú e conduzem testes.
xxCom a experiência até agora, diz Antonio, a V3 deixa os processos mais rápidos, deixa mais fácil acompanhar as despesas e mostrar as informações para os funcionários do banco. Mas ele só saberá se os erros nas contas diminuíram quando as grandes operadoras, como a Telefônica e a Oi, adotarem a V3.

>> padrão bancário - II
... só a Oi se atrapalha por causa da fusão com a BrT.

xxQuando a Oi comprou a Brasil Telecom, o atendimento piorou. “Principalmente o da Brasil Telecom”, diz Antonio, “que tinha uma parte de atendimento certinha.” Primeiro, veio uma fase de indefinição; depois, processos que aconteciam de uma forma na Brasil Telecom, aconteciam de outra na Oi. Os gerentes de atendimento falavam: não posso mais fazer isso porque agora é Oi. Com isso, o projeto da V3 atrasou.
xxEm maio, funcionários da Oi chamaram Antonio para uma reunião, explicaram que estavam num processo de fusão, por isso as coisas não aconteciam no ritmo que todos gostariam. Ele perguntou o que faltava para adotar a V3, facilitou uma série de coisas e deu mais dois meses de prazo.
xxDois meses depois, diz Antonio, a Oi mudou toda a equipe. “Os interlocutores com os quais tínhamos contato foram embora.” E ele teve de explicar tudo de novo para os novatos. No dia 20 de setembro, Antonio recebeu a ligação de um novo gerente da Oi, se apresentando, pois ele estava assumindo o atendimento do Itaú. Segundo ele, o projeto da V3 não tinha sido aprovado e ele teria de apresentá-lo novamente ao comitê.
xxAntonio ameaçou levar à diretoria do Itaú a sugestão de não comprar mais serviços da Oi; lembrou que o Banco do Brasil não pagaria a Oi, pois no edital para o serviço de 0800 ele tinha exigido a V3. Mas foi tudo em vão. Então ele acionou a Febraban.
xxNo dia 29 de outubro, o responsável pela comissão de tecnologia e automação bancária, Gustavo Roxo, escreveu uma carta para a operadora, pedindo explicações.
xxAntonio sabe que o Itaú não deixará de abrir agências porque a Oi não usa a V3. Mas entre um fornecedor com a V3 e outro sem, o fornecedor com a V3 leva vantagem. “A gente sabe que é difícil para uma empresa do tamanho deles fazer uma integração, mas é injustificável essa falta de interlocutor.”

>> educação via internet – I
Com PDAs, a JBS passa a atender mais de 500 chamados por dia no help desk...

xxEm janeiro, Jenner Jon Lopes, CIO do Grupo JBS, ouviu explicações sobre a estratégia da JBS do próprio presidente da empresa: a JBS vai comprar mais empresas, atender grandes varejistas, mas vender também para pequenos comerciantes. Para isso, os vendedores iriam para as ruas. Jenner ajustou o sistema de vendas para PDAs. Pela rede 3G, os vendedores acessam promoções, cadastram pedidos, checam o roteiro de visitas. No entanto, a cada mês, a JBS contratava 300 novos vendedores. Em pouco tempo, os dez técnicos do help desk atendiam 500 ligações por dia. “Dobramos de tamanho em oito meses.”
xxEnquanto os técnicos do help desk tentavam atender os usuários, o restante da equipe recebia os PDAs, instalava o sistema e os enviava para os vendedores. Jenner voltou a se reunir com o presidente em junho. “Para atender esse crescimento”, disse Jenner, “a TI também deve crescer.” Saiu da reunião com dinheiro para contratar 15 técnicos e aumentar os enlaces de rede entre os centros de distribuição e a sede da JBS de 8 Mbps para 16 Mbps. Mas isso não reduziria os chamados.

>> educação via internet – II
... e compra um sistema de educação à distância para treinar os usuários.

xxJenner pensou em educação à distância para ensinar os usuários da JBS a usar todos os sistemas. Assim, os usuários ligariam menos para os técnicos do suporte. “Percebi que sempre investimos em sistemas muito bons, mas treinamos pouco.”
xxO presidente da JBS autorizou esse projeto também e, depois que o conteúdo dos cursos estiver disponível, os usuários acessarão as salas de aula virtuais de qualquer lugar. A equipe de TI saberá quais cursos cada usuário já terminou. “Eu realizaria meu sonho”, diz Jenner, “se o técnico acessasse o perfil do usuário no momento da ligação.”
xxSete fornecedores já enviaram informações sobre sistemas de educação à distância para Jenner; em outubro, diz Jenner, três deles receberam as instruções para a proposta (RFP). “Vamos implementar o sistema ainda este ano.” Se o novo sistema ficar pronto logo, Jenner atenderá melhor todos os usuários da JBS. Assim, caso o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) autorize a fusão com a Bertin, Jenner terá mais tempo para integrar a TI das duas empresas. “Nosso desafio será fazer com que as empresas funcionem como uma só.”

>> boas práticas - I
Técnicos da GVT empurravam as reclamações dos funcionários...

xxQuando Fábio Augusto Koreeda, diretor de infraestrutura de TI, chegou na GVT, os funcionários reclamavam do sistema lento, ou do e-mail com problema, ou da intranet fora do ar. O técnico de infraestrutura checava se os servidores estavam funcionando, ou os equipamentos de rede, ou o banco de dados. Se estivessem, ele repassava a reclamação para o pessoal de aplicativos — e esquecia o problema. Muitas vezes, as máquinas estão funcionando, mas, para o usuário, para o que ele precisa, o sistema está lento. O usuário só pararia de reclamar se a informática fosse estável. “Estabilidade”, diz Fábio, “é a soma de máquinas e sistemas funcionando em sincronia.”
xxEle queria que os técnicos parassem de olhar máquinas ou sistemas, e olhassem as necessidades do usuário — os processos de negócio. A tela do CRM abre numa velocidade aceitável? O sistema está lento? Fábio se propôs a mudar a cabeça dos técnicos.

>> boas práticas - II
... então o diretor de infraestrutura adotou a ITIL...

xxFábio contratou uma consultoria, treinou os 140 técnicos de infraestrutura em ITIL, e juntos reviram os processos mais notados pelos usuários: problemas, incidentes, mudanças, acordos sobre a qualidade mínima dos serviços, monitoração, central de serviços e planejamento de capacidade. Para ganhar escala, Fábio instalou duas ferramentas: uma olha os processos do ponto de vista do usuário (e avisa qual componente de TI está atrapalhando o processo) e a outra ajuda a planejar a TI de acordo com crescimento da empresa (para evitar que uma infraestrutura mal calculada afete os negócios).
xxDepois, a equipe migrou o banco de dados (que não tinha mais suporte do fabricante) para uma versão mais moderna. Só com isso, as telas que abriam em 20 segundos agora abrem em 10 segundos. A equipe também reviu os processos do portal que integra os sistemas corporativos: a tela que antes abria em 155 segundos, depois das melhorias, passou a abrir em 3,5 segundos. O sistema de provisionamento (que entrega os serviços aos clientes) processava 10 mil eventos em cinco minutos, e agora processa 40 mil eventos.
xxAs melhorias na área de infraestrutura foram percebidas pelos usuários: até os engenheiros da área de operações notaram que tinham menos problemas com a informática e se interessaram pela ITIL.

>> boas práticas - III
... e mudou a cabeça dos técnicos.


xx
Foi difícil mudar a cabeça dos técnicos de infraestrutura, que por dez anos trabalharam de um jeito. Mas Fábio mostrou que, quando um aplicativo falha, o ciclo de faturamento falha, a GVT não entrega a conta para o cliente, que atrasa o pagamento, e por isso não entra dinheiro na empresa. Hoje, se o aplicativo não está bem, o técnico de infraestrutura não esquece o problema até que tudo esteja funcionando bem. “Isso mostra que as coisas mudaram.”
xxFábio continuará com a revisão de processos. O próximo passo é olhar os processos de configuração, liberação e continuidade dos negócios.

>> desempenho
Anuário Telecom 2009: o setor cresceu 21,97% em 2008.

xxSegunda-feira, 26 de outubro, a Plano Editorial lançou o Anuário Telecom 2009, cujos números são de 2008. Alguns números sobre o setor de telecomunicações no Brasil:
xx- Em dólares, o setor cresceu 21,97%, para chegar ao faturamento líquido de US$ 75,68 bilhões.
xx- As operadoras celulares obtiveram receita líquida de US$ 25,2 bilhões (33,3% do faturamento líquido total do setor); as operadoras fixas, US$ 21,9 bilhões (29%); num distante terceiro lugar, ficam os fabricantes de terminais, com US$ 6,4 bilhões (8,5%).
xx- O maior fabricante instalado no Brasil é a Nokia, com receita líquida de US$ 2,62 bilhões.
xx- A maior operadora é a Oi, com receita líquida de US$ 10,3 bilhões.
xx- A empresa do ano do Anuário Telecom é a Trópico, um fabricante brasileiro de centrais telefônicas digitais, de padrão multimídia IP. A Trópico faturou R$ 214 milhões em 2001 — e só R$ 2,2 milhões em 2002, quando quase desapareceu. Mas, depois de fazer um acordo com o BNDES e com o Funttel, e depois de investir de forma inteligente em pesquisa e desenvolvimento, a Trópico se recuperou: obteve receita líquida de R$ 102,9 milhões em 2008, ou seja, cresceu 135,34% em relação a 2007.
xxDurante a cerimônia de lançamento do anuário, Raul Del Fiol, o presidente da Trópico, foi aplaudido de pé por minutos.

>> gestão
Crimes de colarinho-branco ocorrem num processo de 12 etapas

xxTrês cientistas estudaram vários crimes de colarinho-branco (inclusive o da WorldCom/MCI, o da Computer Associates e o da Xerox) e conseguiram decompor o processo pelo qual um executivo importante se transforma num criminoso, e prejudica a empresa — esse processo tem 12 etapas.
xxNenhum dos executivos estudados, diz Ruth McKay, professora da Universidade de Carleton e coautora do estudo, entrou na empresa com a intenção de cometer crimes. Ele se transformou num criminoso uma etapa por vez — e outros funcionários da empresa testemunharam o processo inteiro, mas não tiveram a coragem de denunciá-lo depressa.

xxClique na imagem para ampliar.


quarta-feira, 21 de outubro de 2009

>> internet popular - I
Serra zera o ICMS para banda larga de 200 kbps a 1 Mbps...


##O governador de São Paulo, José Serra, chegou ao Futurecom no final da manhã de 15 de outubro, o segundo dia da feira, para fazer um anúncio.
##Sua visita tinha sido anunciada algumas vezes pelo organizador do Futurecom, Laudálio Veiga Filho, durante um painel com presidentes de operadoras e fornecedores. "Ele está vindo de helicóptero", disse Laudálio da primeira vez. "Ele já saiu do Palácio", disse da segunda. "Ele chegou", disse quando todos já podiam ouvir o helicóptero.
##Serra apareceu acompanhado do secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Machado da Costa, do secretário de Gestão Pública, Sidney Beraldo, de quatro seguranças, e de alguns assessores. Eles anunciaram o que o secretário de Fazenda chamou de "Internet a preço justo".
##O Estado de São Paulo abriu mão do ICMS, de 25%, sobre o serviço de conexão à Internet de velocidade entre 200 kbps e 1 Mbps.

>> internet popular - II
... para São Paulo ter banda larga por até R$ 29,80...


##O governador e cada um dos secretários assinou o decreto 54.921 para oficializar o programa Banda Larga Popular. Depois, Serra subiu ao púlpito, folheou uma apostila, deu bom dia a todos e a todas, agradeceu a Laudálio — pois era o segundo ano do Futurecom em São Paulo. "Bons negócios com a Internet significam mais empresas, mais produção", disse Serra. "Não tenho dúvida disso."
##O Estado de São Paulo, diz Serra, tem 6,95 milhões das casas com computador: dessas, 4,39 milhões têm banda larga; 1,75 milhão usam conexão discada e 690 mil não têm conexão. Os habitantes do estado não contratam banda larga por conta do preço: em média, R$ 50,00 por mês. O objetivo do Banda Larga Popular é beneficiar os moradores dessas 2,442 milhões de casas.
##"Quando a ideia me foi transmitida pelo Beraldo e pelo Mauro Ricardo", disse Serra, "eu fiquei pressionando e pressionei bastante os provedores." Com isso, o governo e os provedores chegaram a um acordo: o estado zera o ICMS e os provedores tiram R$ 10,00 do preço do serviço.
##As operadoras que fizerem parte do programa terão de oferecer a conexão com modem, provedor de acesso e instalação grátis, sem limite de uso, por até R$ 29,80 por mês.
##Para os serviços modernos de Internet, conexão de 200 kbps é lenta; às vezes, até a conexão de 1 Mbps é lenta. Serra sabe disso, mas, para quem não está conectado, ou para que se conecta por linha discada, é suficiente.
##Serra agradeceu a Laudálio pela oportunidade de fazer o anúncio durante o Futurecom; agradeceu à Telefônica, o principal e único parceiro por enquanto; e desceu do púlpito.

>> internet popular - III
... mas só a Telefônica entra no programa.


##Todas as operadoras podem participar do programa Banda Larga Popular: fixas, móveis, de TV a cabo. Mas só a Telefônica assinou convênio com o estado: começa a vender o serviço em 9 de novembro. "As móveis", diz Sidney Beraldo, "disseram que precisam investir na rede de banda larga para suportar a demanda antes de assinar o convênio."
##O Estado de São Paulo arrecada R$ 534 milhões com o serviço de banda larga. Se apenas as pessoas que não têm conexão contratarem o serviço, o estado não perde nada na arrecadação. Caso as pessoas troquem um plano mais caro pelo plano popular, diz Beraldo, então o estado vai perder.
##O programa só vale para pessoas físicas — que não precisam comprovar renda para contratar o serviço.
>> bancos
O consórcio Termoeste cobra R$ 880 milhões do Banco do Brasil e da Caixa para construir um novo CPD.


##Em 16 de outubro, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal anunciaram, por meio do Diário Oficial da União, que o consórcio Termoeste (composto pelas empresas BVA Investimentos, Termoeste e GCE) venceu a licitação para construir um novo CPD (ou datacenter). José Luís Salinas, vice-presidente de TI, logística e suporte operacional do Banco do Brasil, usará 4.200 metros quadrados do novo CPD, enquanto a equipe de TI da Caixa usará mil metros. O contrato é uma parceria público-privada (PPP); o consórcio gastará R$ 880 milhões, pagos pelo Banco do Brasil e pela Caixa ao longo de 15 anos.
##Além de construir o CPD e gerenciar a infraestrutura predial (serviços de energia elétrica, água, esgoto e circuito fechado de TV), o consórcio deve gerenciar duas conexões por fibras óticas independentes para cada banco. O consórcio tem até o final de janeiro de 2010 para começar a construção do CPD, que ficará num terreno do Banco do Brasil, em Brasília (DF). Pelo edital, depois de começar as obras, o consórcio precisa terminá-las em 510 dias.
##O Banco do Brasil e a Caixa pretendem pagar juntos, no máximo, R$ 3,4 milhões por mês. "Vamos ganhar em escala", diz Salinas. Sem uma PPP, o Banco do Brasil e a Caixa gastariam mais: ou construiriam um CPD com dinheiro próprio ou contratariam um CPD terceirizado, sendo obrigados a licitar o serviço a cada cinco anos. Recorrendo à PPP, os dois bancos evitam licitar o mesmo serviço a cada cinco anos, e evitam o risco de levar todas as máquinas de um CPD a outro. Se o contrato com o consórcio der certo, Salinas só se preocupará em contratar um novo CPD em 2025; ainda assim, ele poderá renovar o contrato com o consórcio por outros 15 anos.
##Quando o novo CPD estiver pronto, Salinas ajustará o modelo de processamento de dados do Banco do Brasil: vai tirar sistemas menos importantes do mainframe, onde hoje funcionam 70% de todos os sistemas, para organizá-los em servidores diferentes, conforme a importância. Assim, ele investe só o necessário em cada máquina e atende mais rápido as encomendas dos usuários. "Será uma oportunidade para melhorar a infraestrutura de TI do banco."
##Contudo, antes de assinar o contrato, os dois bancos precisam esperar o consórcio perdedor recorrer (ele é formado por Método Engenharia, Dalkia, MC, Grenit e Comercial de Hardware). O prazo para contestar a licitação termina sexta-feira (23).