>> fórum TI & governo municípios – I
O prefeito de Camaçari pede inovações...
##Bruno Alcântara Vieira de Moura chega em casa lá pela meia-noite, e volta a escrever o documento sobre a rede que está montando em Camaçari. Ele precisa de R$ 2,39 milhões para terminar a rede, interligar todos os prédios da prefeitura e dar acesso à Internet para a população.
##Bruno foi convidado pelo secretário de gestão a assumir a coordenação de TI da prefeitura, em dezembro de 2006, pois o prefeito queria que os cidadãos enxergassem uma gestão moderna, melhor do que a anterior. Contudo, para fazer esses projetos, Bruno precisava de infraestrutura e rede, coisas que a prefeitura não tinha.
##Quando ele chegou em Camaçari, encontrou máquinas novas (com uns cinco anos), e conexão de Internet boa, mas os equipamentos de rede, os cabos e os sistemas eram tão velhos que atrapalhavam a comunicação.
##Então, ele primeiro trocou o cabeamento do centro administrativo, composto por três prédios onde estão as principais secretarias. Mas ainda faltava conectar 220 unidades remotas; ele pensou em usar rádios.
>> fórum TI & governo municípios – II
... então o gestor de TI planeja uma rede para interligar a prefeitura...
##Segurança era um dos itens de campanha do prefeito, que já andava às voltas com um projeto de câmeras de videomonitoramento. Bruno sabia que podia instalar as câmeras com antenas de rádio acopladas, assim as antenas de rádio transmitiriam outros dados da prefeitura, além das imagens para a central de monitoramento. Em junho de 2008, ele conseguiu o aval para comprar 22 câmeras e 22 antenas de rádio. E percebeu que podia transformar isso num projeto maior, de cidade digital.
##Com a cidade digital, com a Internet irradiando nas ruas da cidade, a prefeitura ofereceria serviços modernos e a população se aproximaria do governo. Mas, na época, o prefeito não deu muita bola.
##Até que um dia, numa cerimônia de premiação, o prefeito de Camaçari viu outro prefeito recebendo um troféu por causa de um projeto de cidade digital. Depois disso, ele deixou Bruno continuar o projeto.
##Bruno foi atrás de parcerias: falou com o pessoal das secretarias de saúde, fazenda e educação — as que mais usam informática. "Se a gente não se unisse", ele diz, "todos iam morrer."
##No passado, o pessoal de saúde montou uma rede Wi-Fi 802.11b para interligar 40 pontos; mas a rede caía toda hora, até por causa de telefones sem-fio. Quando eles viram as antenas de monitoramento funcionando, se interessaram; e Bruno os convenceu a comprar antenas com a mesma configuração, assim elas conversariam entre si.
##O pessoal de saúde comprou um transmissor central de rádio e 63 receptores, e com isso eles conectaram 63 postos de saúde (que usam o sistema de gestão de saúde, inclusive com marcação de consulta online) e 38 escolas.
##Ainda faltava conectar 60% das escolas e de outros prédios e secretarias, alguns localizados na orla.
>> fórum TI & governo municípios – III
... e vai atrás de patrocínio externo para terminar o projeto.
##Foi quando Bruno percebeu que a única secretaria com unidades na orla era a secretaria de educação. "Eles têm plano e metas para cumprir." Então ele os convenceu a instalar uma rede para ligar as escolas. Novamente, sugeriu os mesmos equipamentos.
##Dessa vez, licitou 120 receptores, 50 transmissores e uma máquina para armazenar dados. A licitação ocorreu no final de 2008. Mas a prefeitura não tinha dinheiro para pagar.
##As prefeituras arrecadaram menos em 2008 e 2009. Em agosto de 2009, elas receberam do governo federal 23,15% a menos do que receberam em agosto de 2008, segundo a Confederação Nacional de Municípios. E em 2008 a arrecadação em Camaçari caiu 25%. "Num momento de crise", diz Bruno, "a gente tem consciência de que precisa parar os projetos de informática e priorizar os projetos essenciais, como abrir hospital, porque tem gente doente lá."
##Ele precisa de R$ 2,39 milhões para liberar os equipamentos com o fornecedor. Por isso, ele acorda às 5 horas, vai para a academia, dirige 42 quilômetros até o trabalho, depois vai para a faculdade e, quando chega em casa, em Salvador, volta a escrever o documento, que já está com 80 páginas. Ele quer terminar todo o detalhamento, benefícios, gastos, retorno, objetivo, até o final de setembro.
##Como antes o projeto era da prefeitura, ele só escreveu duas páginas para mostrar ao prefeito. Mas agora Bruno tem de terminar o projeto enquanto o perfeito ainda está no poder. Daí ele vai mostrar para o prefeito e depois buscar recurso externo, talvez com o Ministério da Ciência e Tecnologia, ou com o Banco Mundial, ou outro órgão que patrocine projetos assim.