quarta-feira, 21 de outubro de 2009

>> a rede do futuro
Para o pessoal da Trópico, os funcionários das operadoras mudam logo o perfil de investimentos.


##Nos últimos anos, diz Raul Del Fiol, presidente da Trópico, os funcionários de operadoras fixas e celulares trabalharam com uma ideia fixa: instalar equipamentos para levar serviços de banda larga ao maior número possível de ruas. Eles investiram em abrangência (ou penetração, como dizem no setor de telecom). Clientes conseguem escolher várias versões de serviços de banda larga: no caso da banda larga celular (3G), o cliente paga uma taxa por mês e tem direito a transmitir uma certa quantidade de bytes. Quando ele atinge sua cota de bytes, a operadora limita a velocidade, visto que ela não pode interromper o serviço (é contra a lei). Muitos clientes não sabem disso, e reclamam do serviço lento. Em outras palavras: os funcionários das operadoras ainda não investiram em redes mais inteligentes, e vendem serviços meio burros. A partir de 2010, diz Del Fiol, coisas assim devem mudar.
##As operadoras devem investir em serviços IP que funcionem ao longo de várias redes, inclusive redes fixas e celulares. Essa iniciativa é conhecida pela sigla em inglês: IMS (de IP multimedia subsystem). Na prática, as operadoras devem instalar máquinas de controle e tradutores de protocolos para interligar melhor os serviços de telefonia fixa, de telefonia celular e de Internet. Quando o cliente estiver na rua, ele receberá uma mensagem no celular: sua mãe deixou um recado na secretária eletrônica do telefone de casa. E depois outro: seu chefe mandou um e-mail com a palavra urgente. Para Del Fiol, esse tipo de serviço IMS é a cara da linha de produtos da Trópico, a Vectura. Ele explicou a linha Vectura a funcionários de operadoras durante o Futurecom 2009, que ocorreu na semana passada em São Paulo.
##Em Manaus, o pessoal da fábrica trabalha para automatizar cada vez mais a produção de placas e módulos da Vectura. Ao mesmo tempo, em Campinas, os funcionários estudam vários modelos de computadores industriais. A Trópico ganha pouco ao vender hardware. Mais para a frente, ela deve fabricar menos placas e menos módulos; vai substituí-los por computadores industriais comprados no Brasil, na Ásia. Aos poucos, diz Del Fiol, a Trópico deve se transformar numa empresa de software.
##Em 2009, sem a portabilidade, a Trópico fatura uns R$ 110 milhões, ou seja, cresce 13% em relação a 2007. (Em 2008, com a portabilidade, a Trópico faturou R$ 209 milhões.) Para Del Fiol, está muito bom. Logo as operadoras começam a instalar serviços novos por meio de máquinas velhas, e a Trópico deve crescer, pois a linha Vectura foi projetada para que a operadora consiga vender serviços novos por meio de máquinas velhas. Em Campinas, dos 84 funcionários atuais, quase todos pesquisam os detalhes de serviços IMS. "Só conseguimos crescer", diz Del Fiol, "conforme empregamos gente em P&D."