quarta-feira, 17 de junho de 2009

>> entrevista
Fernando Menezes deixa a TI da Sabesp


Fernando Antonio Menezes sai da Sabesp este mês. Ele entrou pela primeira vez na empresa em 1975, logo depois que a empresa foi formada. Depois disso, foi e voltou algumas vezes; e em 2004, voltou para ficar — até agora. No começo de junho, a presidência decidiu que o superintendente da TI deve ser alguém da própria Sabesp — e não uma pessoa com cargo indicado, como é o caso de Fernando.
Antes de sair, ele deixa algumas ideias para o sucessor. Há cerca de um ano, ele percebeu que, da forma como a TI está organizada, existem zonas cinzas, de conflito ou de abandono, entre as áreas; e o usuário fica mal atendido. O problema é que, em 2008, a diretoria da Sabesp reviu os objetivos estratégicos e, de 27 objetivos, ficou só com nove. Dos nove objetivos, um deles é de TI. A Sabesp, diz o objetivo, tem de aprimorar os sistemas de informação para aumentar a produtividade e a transparência. E, como consequência, a TI não pode mais falhar — o substituto de Fernando terá de planejar e agir bem para que a TI trabalhe lado a lado com as outras áreas.

TI & Governo — Por que a atual estrutura da TI não funciona mais?
Fernando — A TI está dividida em cinco áreas: a de relacionamento; uma de telecomunicações; uma outra área que cuida de infraestrutura; uma área de desenvolvimento de sistemas de gestão interna; e outra de desenvolvimento voltado ao negócio. Quando os sistemas eram desintegrados, essa divisão fazia sentido. Mas, em 2004, os técnicos começaram a integrar os sistemas da Sabesp e hoje todos estão integrados. Então o cliente fica perdido. Ele pergunta: isso eu peço para a área de negócio ou para a de gestão? Hoje, essa divisão funciona 90%.
E de um ano para cá, eu via os técnicos discutindo por trabalho. Um dizia que isso era dele, outro dizia que aquilo era dele. Dessas discussões, chegamos à conclusão de que precisávamos mudar a estrutura da TI. A primeira conclusão foi que a TI precisa de um canal único de comunicação com o cliente.

TI & Governo — Que modelo você propôs para a área de TI?
Fernando — A ideia é criar uma área de relacionamento, para cuidar de tudo que entra e sai da TI. A área fala direto com o cliente, entende as necessidades, levanta uma parte dos requisitos e dá o primeiro encaminhamento da demanda. Depois, a demanda segue para a área de solução — a parte pensante da solução tecnológica. Qual a solução para o problema? Vamos comprar sistemas? Vamos desenvolver internamente?
Depois da solução, a demanda vai para a área de implementação, que segue aquilo que a área de solução definiu, seja de telecomunicações, infraestrutura, sistema ou governança. Se a solução for desenvolver sistema, os técnicos terão o apoio da fábrica de software, com testes e um serviço de consultoria. A fábrica de software ficará mais com os projetos de longo prazo, de manutenção, de evolução ou de melhorias. A consultoria ficará com os projetos fechados. E a demanda segue para a área de infraestrutura, responsável por comprar e suportar as máquinas.
Essa estrutura é uma mistura do nosso processo de produção e da nossa organização formal.

TI & Governo — Quem cuidará do planejamento de longo prazo da área de TI?
Fernando — Pensamos numa quinta área, ligada ao planejamento de longo prazo, governança, segurança da informação, exigências da Sox [a lei Sarbanes-Oxley]. A TI precisa de uma área de apoio, de suporte administrativo; uma área para cuidar do almoxarifado, acompanhar a contratação de pessoas e o pagamento de fornecedores e até para escrever os editais. A Sabesp tem uma área de compras responsável pelos editais, mas nós preferimos passar a documentação pronta para eles. Aqui também ficará o PMO, o escritório de projetos que começamos a construir. As pessoas dessa área definirão as tecnologias e as metodologias que as outras áreas podem usar. Decidirão se os técnicos da Sabesp vão desenvolver em plataforma aberta, ou Oracle, ou Java, ou .Net, ou qual metodologia de análise de requisitos todos devem seguir.

TI & Governo — Com essa estrutura, a TI atende o objetivo de negócio?
Fernando — Dentro do objetivo estratégico, o presidente da Sabesp definiu algumas macroações. Uma delas é manter sistemas de informação sempre atualizados; e outra é ter informações confiáveis. A nova estrutura deve aumentar a produtividade da TI, pois não existe mais bagunça. Não interessa se o projeto é um sistema de gestão, de negócio, ou de telecomunicações. A pessoa vai fazer aqui o que foi definido ali.

TI & Governo — Os técnicos de TI conseguem fazer essa mudança sozinhos?
Fernando — Essa é uma mudança radical, porque um programador continuará sendo um programador, mas um arquiteto de soluções, que hoje desenha a arquitetura, depois analisa, depois acompanha, não fará mais tudo isso — será apenas o arquiteto da solução. Nós desenhamos tudo isso sozinhos, mas a Sabesp precisa de alguém para dizer como fazer isso funcionar, como comunicar isso para as pessoas, como trabalhar os macroprocessos e por qual estrutura começar. Pensamos em contratar uma consultoria, porque alguém de fora sempre enxerga as coisas melhor. Mas enquanto o dinheiro não sai, eu sugeri que os técnicos de TI comecem as mudanças aos poucos, sozinhos.
>> governança – I
O Banco do Brasil percebe que a TI não dará conta das novas demandas daqui a dois anos...


José Francisco Alvarez Raya, diretor de TI do Banco do Brasil, tem sempre uma lista enorme de projetos a entregar. A área de TI desenvolve software conforme a metodologia do CMMI e cuida da infraestrutura conforme a ITIL, mas não consegue entregar todos os projetos no prazo. Raya diz que, caso a área de TI entregue 999 alterações por dia, será considerada ineficiente por causa de uma alteração. “Precisamos melhorar o relacionamento entre a equipe de TI e os usuários.”
Os usuários e a TI não seguem processos para se relacionar, diz Anderson Itaborahy, gerente executivo do Banco do Brasil. Por isso as áreas de negócio pedem mais projetos do que a TI pode entregar. “Depois a TI tem que se virar.” Em 2007 e 2008, o Banco do Brasil investiu bastante em novos serviços, como banco pela Internet, e os usuários passaram a pedir cada vez mais serviços. Sem processos para escolher em quais projetos investir, para os gerentes do Banco do Brasil tudo é prioridade; para dar conta de todos eles, os gerentes de TI são obrigados a rever os planos de investimento várias vezes. “Não dá para rever os planos toda hora”, diz Anderson. Cada vez que a TI muda de rumo, perde tempo e dinheiro.
Os gerentes de TI do Banco do Brasil perceberam que os critérios e práticas que usavam para atender as áreas de negócio até então não eram mais suficientes. Quando o conselho diretor do Banco do Brasil decidiu comprar outros bancos ainda em 2008 (a Nossa Caixa, por exemplo), os gerentes de TI concluíram: sem melhorar a gestão da TI, em dois anos, no máximo, a área de TI viraria uma bagunça. “Como a TI é um elemento estratégico”, diz Raya, “não dá mais para esperar o banco se posicionar para reagir.”

>> governança – II
... se não se integrar com as áreas de negócio...

Na metade de 2008, os gerentes de TI do Banco do Brasil conversaram com os gerentes das outras áreas, porque, se eles não contribuíssem com a TI e vice-versa, a governança de TI ficaria impossível. “Não dava”, diz Raya, “para resolver o problema só com a área de negócios ou só com a área de tecnologia.” Eles decidiram que a equipe de TI precisava implementar um projeto de governança de TI mais abrangente do que eles tinham até então: a área de TI e as outras áreas deveriam alinhar as metas, e o conselho diretor do banco deveria ser capaz de olhar um painel e de entender o que se passava, mesmo sem conhecimento técnico. Se a TI conseguisse criar um plano assim, diziam os usuários, todos entenderiam como a TI funcionava. Para Raya, muita gente ainda vê a TI como “uma caixa-preta”.
No Banco do Brasil, os gerentes escolheram Anderson para liderar o projeto. Ele precisava avaliar o estágio da governança na TI, levantar as falhas dos processos da ITIL e do CMMI que já estavam implementados, estabelecer todos os outros processos de TI e, depois, integrar tudo. “Todos precisam saber”, diz Anderson, “qual informação recebem e qual precisam gerar.” Anderson contratou uma consultoria em agosto de 2008 (a licitação tinha acontecido meses antes) para ajudá-lo a mapear as lacunas da governança de TI de acordo com o Cobit.

>> governança – III
... e decide investir R$ 15 milhões até 2011 para fazer a governança de TI dar certo.


No Banco do Brasil, Anderson e os consultores estruturaram o projeto de governança de TI em quatro partes: na primeira, desenharam um processo para traduzir o planejamento estratégico em projetos de TI de várias etapas. “Se a meta do banco é ter o maior número de cartões de crédito ativos no próximo ano”, diz Anderson, “precisamos preparar a TI no mesmo prazo para alcançar o objetivo.” A partir disso, os gerentes de TI e das áreas de negócio escolherão os projetos e verificarão se o objetivo, o custo e o prazo de cada um deles atende o planejamento estratégico do Banco do Brasil.
Na segunda parte, os gestores vão definir quanto cada processo de negócio custa para a TI, revisar e criar novos indicadores de qualidade dos serviços e criar níveis de serviço (SLA) para todos os serviços de TI. Anderson também listou todos os processos pelos quais técnicos e usuários se relacionam e revisará todos eles. Depois, vai treinar os usuários e os técnicos sobre os novos padrões. “As mudanças que envolvem pessoas são as mais difíceis.” A quarta parte do projeto, diz Anderson, deve permear todas as outras fases: será uma estratégia para reduzir o risco de problemas ao redefinir os processos e as funções de alguns técnicos e usuários-chave. O pessoal de recursos humanos e os consultores ajudam.
Os diretores já analisam o projeto e devem aprová-lo ainda este mês. Anderson terá R$ 15 milhões (incluído o valor que já pagou pelo serviço de consultoria) para implementar o projeto. “O maior desafio”, diz Anderson, “será fazer toda essa mudança sem prejudicar os resultados do banco.” Até o final de junho, o conselho diretor definirá se os processos mudarão aos poucos ou de uma só vez. A equipe de TI precisa implementar o projeto até junho de 2011.
>> lexml – I
Técnicos do Senado lançam um portal com as leis brasileiras...


Quando uma pessoa busca na Internet a explicação sobre uma lei, ela recebe uma lista de portais para consultar. Se ela consultar “lei de proteção ao consumidor”, no Google, receberá uma lista com 932.000 portais, muitos deles com informações inúteis. Agora, graças aos técnicos do Senado Federal, as pessoas poderão consultar as leis numa espécie de Google das leis — o LexML Brasil.
O projeto começou nove anos atrás, quando técnicos do Senado procuravam uma maneira de organizar os documentos do próprio Senado. Eles testaram a linguagem XML; funcionou. Em 2002, publicaram a Constituição na versão XML. E, em 2005, começaram os trabalhos para levar o XML para fora do Senado.
Escreveram um cabeçalho padronizado para cada documento de lei e criaram o portal LexML Brasil (http://www.lexml.gov.br/). O portal não identifica o documento pelo endereço eletrônico (URL), como faz o Google, mas pelo cabeçalho e pelo nome (URN). “Quando uma pessoa buscar no portal a explicação sobre uma lei, ela receberá uma só resposta”, diz Carlos Magno, analista consultor do Senado. Se ela consultar “lei de proteção ao consumidor”, encontrará a lei em 56 lugares, separada por local, autoridade do governo, tipo de documento, ano e sigla.
O Senado faz o papel de resolvedor: os técnicos usam sistemas que funcionam como um servidor de nomes (DNS) para gerenciar todos os documentos. Os órgãos que participam do projeto são chamados de provedores: os técnicos desenvolvem sisteminhas para gerar o cabeçalho de cada documento e, usando um kit de sistemas do Senado, criam as tabelas de endereços (URL) e de nomes (URN) que serão usadas no LexML.
O portal será inaugurado oficialmente em 30 de junho, mas já conta com 91 mil documentos disponíveis para consulta — qualquer um pode consultá-los. Além dos do Senado, o portal traz os documentos da Câmara dos Deputados, do Tribunal de Contas da União, da Advocacia Geral da União, do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, do Tribunal Superior Eleitoral e do Tribunal Superior Trabalho, além da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

>> lexml – II

... e vários órgãos do governo apoiam a iniciativa, por vontade própria.


O LexML começa no governo federal, mas Carlos Magno espera que órgãos de outras esferas entrem no projeto — por iniciativa própria. Se uma lei obrigar os técnicos a publicar os documentos no portal, eles farão por obrigação; e o Senado terá de usar fiscais para garantir que a lei está sendo cumprida. Se eles participam por espontânea vontade, é mais fácil e mais barato. “À medida que os órgãos federais aderem ao portal, os estaduais também devem aderir e, talvez, até os municipais.” Por enquanto, apenas o município de São Carlos colocou as leis no portal.
Mas a iniciativa do LexML se espalha rápido. Até o final de maio, Magno e os outros técnicos que participam do projeto esperavam ter 700 mil documentos abertos ao público quando o portal fosse lançado. Hoje, eles esperam ter 1 milhão.
Em 2006, os técnicos o Senado Federal apresentaram o projeto aos gestores da TI Controle, uma comunidade que busca a eficiência da TI no governo. Desde então, os gestores da TI Controle passaram a apoiar o LexML; eles criaram um comitê para gerir as informações do portal. Vão definir, por exemplo, se um ministério deve ser classificado como Min., Min ou simplesmente ministério.
Em 2008, o LexML também entrou para a versão 4.0 da arquitetura e-Ping, que trata de padrões de interoperabilidade do governo eletrônico. O documento, publicado em 12 de dezembro, recomenda o LexML para identificar e organizar documentos legislativos e jurídicos.
Este ano, os técnicos da Câmara dos Deputados manifestaram o interesse de ser um espelho do Senado; assim, se os servidores do Senado caíssem, os da Câmara assumiriam. Os técnicos do Senado estudam o assunto.
>> estados
A Abep prepara o planejamento estratégico


Joaquim Costa Júnior contratou dois consultores para escrever um planejamento estratégico para a Abep, a associação que reúne representantes das empresas estaduais de TI. Ele prometia um novo planejamento à Abep desde que assumiu a presidência, em 6 março.
Na última semana de maio, 30 dirigentes da Abep e seus dois consultores viajaram para Foz do Iguaçu. Durante “dois dias muito intensos”, diz Joaquim, eles discutiram qual deveria ser o papel da Abep e quais deveriam ser os objetivos estratégicos. No fim, definiram quatro objetivos.
Eles querem maior integração entre as empresas associadas, principalmente entre os gerentes de TI, pois são eles que fazem as tarefas do dia a dia. “Às vezes um técnico daqui está com uma dúvida num projeto e ele poderia conversar com um técnico de lá para resolver o problema.” Eles também querem que a Abep converse mais com órgãos de outras esferas do governo, como o governo federal e o judiciário. “Os estados precisam falar com o poder judiciário, integrar os sistemas das cadeias, das polícias.” Num outro objetivo, eles querem melhorar a comunicação da Abep, para ela ser “conhecida e reconhecida” como uma entidade importante. E, por último, querem que a Abep tenha dinheiro para tocar seus próprios projetos.
Agora, os consultores consolidam as ideias e as sugestões dos dirigentes num documento, que Joaquim apresentará na próxima reunião de conselho da Abep, em agosto.
Contudo, a próxima eleição da Abep acontece em março de 2010. Joaquim terá tempo para cumprir alguma coisa do planejamento? “Alguma coisa vai dar para fazer.”
>> jeitinho na telefonia – I
A Secretaria de Defesa Social de Minas gastava muito com a telefonia...


Sérgio Aguilar Silva trabalhou 22 anos em operadoras de telecomunicações; trabalhou na Oi, na TIM, na Telemig fixa e celular. Em 2006, ele foi trabalhar no governo pela primeira vez; foi para a Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais para melhorar a infraestrutura de telecom. Mas, quando chegou, viu que os assuntos de telecom eram tratados pela área de serviços gerais e transporte; ninguém controlava os gastos com telefonia, nem os serviços prestados; ninguém sabia ao certo quantos ramais a secretaria mantinha, pois toda vez que a secretaria assumia um novo presídio, alguém fazia uma nova licitação para contratar uma operadora.
A secretaria de segurança administra 85 presídios, 15 instituições para menores e mais 15 unidades de prevenção ao crime (uma espécie de telecentro). Em 2009, vai assumir mais 27 presídios e mais quatro instituições para menores. Quando Sérgio entrou, foi atrás das informações e calculou que, em 2006, a secretaria gastava R$ 1.819.603,54 por ano com telefonia. Ele estipulou a meta de gastar ao ano R$ 205 mil.

>> jeitinho na telefonia – II

... então o diretor de TI instalou placas extras na central telefônica...


Sérgio, a princípio, aderiu a uma ata de registro de preços de telefonia feita pelo governo de Minas Gerais para interligar os 856 municípios do estado. Em paralelo, preparou o edital da própria secretaria de segurança. No primeiro semestre de 2007, ele licitou a telefonia e conseguiu contratar a assinatura por R$ 3,16; as ligações de celular para fixo por R$ 0,05 o minuto, de celular para celular da mesma operadora por R$ 0,07 o minuto, e de celular para celular de outra operadora por R$ 0,11 o minuto. A partir disso, ele estabeleceu regras de uso de telefonia para os usuários; definiu quem podia fazer interurbano, quem podia gastar quanto, quem podia ligar para quem. Depois, foi cuidar da central telefônica.
A secretaria não tinha uma central telefônica própria, pois todas as ligações passavam pela operadora. Sérgio descobriu uma ata de registro de preços feita pela Secretaria de Planejamento de Minas Gerais. A ata oferecia vários modelos de centrais por vários preços, então ele contratou uma de 30 ramais por R$ 360,00 por mês. A central fica no primeiro andar do prédio da Secretaria de Segurança, no centro de Belo Horizonte. Logo Sérgio percebeu que poderia instalar mais placas na mesma central (havia espaço sobrando); ele comprou as placas, instalou tudo ele mesmo e ficou com 500 ramais.
Mas Sérgio não quer aborrecer o fabricante da central. Toda vez que aparece um técnico do fabricante para dar manutenção, Sérgio retira as placas extras. “Teve mês em que o técnico apareceu três vezes para visitar a central.” Quando ele retira as placas extras, os funcionários da secretaria falam ao telefone normalmente, pois as ligações saem por uma interface celular.
Depois que contratou o serviço de telefonia celular, Sérgio também conectou placas de celular na central. Então toda ligação com prefixo 7, 8 ou 9 sai como sendo de celular para celular.
Em 2007, a secretaria já gastou menos com telefonia: R$ 1.430.392,62.

>> jeitinho na telefonia – III
... e instalou VoIP em 24 lugares: já reduziu o gasto anual em 83%.


No final de 2007, Sérgio começou a instalar voz via IP. Instalou em 20 unidades e em quatro órgãos do governo: no gabinete do vice-governador, no departamento de obras públicas, no instituto de previdência e na secretaria de saúde. Os funcionários da secretaria de segurança ligam de graça para essas outras secretarias.
Em 2008, a Secretaria de Planejamento de Minas fez outra ata de registro de preços, dessa vez para contratar telefonia celular. Na disputa do pregão, a operadora de telefonia ofereceu o serviço de graça. Sérgio aderiu à ata e deixou de pagar as ligações de celular dentro do estado e nas capitais. O problema é que ele pediu mil números de celulares, e a Secretaria de Planejamento só deu 500. “Como este ano assumimos mais 27 unidades, vamos precisar de mais telefones.”
De janeiro a outubro de 2008, a secretaria gastou com telefonia R$ 305.096,67.
Sérgio ainda espera conseguir mais telefones celulares da Secretaria de Planejamento, e continua a instalação de VoIP. Dentro de Minas, ele quer os funcionários da secretaria falando de graça.
>> cidades digitais – I
A prefeitura de Parnaíba, no Piauí, retoma o projeto da rede WiMAX...


Em fevereiro, o secretário de finanças da prefeitura de Parnaíba, cidade do litoral do Piauí, autorizou Jean Carlo Galvão Mourão, coordenador de informática, a retomar a instalação da rede WiMAX de 5,8 GHz. No entanto, antes de expandir a rede para as escolas, passo seguinte do projeto, Jean precisou dar um passo atrás: no final do ano, uma descarga elétrica de 13 mil volts queimou os dois transmissores de rádio que distribuem o sinal da rede de fibra ótica da Oi para os rádios-cliente (CPEs) instalados na cidade.
Desde que o acidente aconteceu, Jean precisava comprar dois novos transmissores de rádio, mas não tinha dinheiro; a verba que o governo do estado repassa para a prefeitura diminuiu, porque o cadastro do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrava uma Parnaíba com 3 mil habitantes a menos. Ao longo de oito meses, enquanto os funcionários da prefeitura trabalhavam para corrigir os números do IBGE, eles deixaram de receber cerca de R$ 1 milhão. “A verba que recebemos no período”, diz Jean, “só dava para pagar os funcionários da prefeitura.” Enquanto isso, o projeto Parnaíba Digital ficou parado.
Em fevereiro, Jean pensou que, se fizesse uma nova licitação para comprar os dois transmissores de rádio, demoraria alguns meses até continuar o projeto. Por isso, ele juntou algumas fotos dos equipamentos queimados, escreveu um texto para justificar a compra dos novos equipamentos com urgência, e entregou o material para a comissão de licitações. Dias depois, eles autorizaram um contrato de emergência, sem licitação. Jean comprou os dois equipamentos (da Motorola, mesmo fabricante que forneceu os equipamentos da primeira vez) por R$ 16 mil.

>> cidades digitais – II

... e escreve uma licitação para comprar rádios-cliente (CPEs) para metade das escolas.


Ainda em fevereiro, a rede voltou a funcionar e, desde então, Jean está planejando as próximas fases do projeto. Ele quer licitar 40 CPEs para instalar em metade das escolas de Parnaíba. Jean terminou esta semana de escrever as especificações técnicas das CPEs e vai entregá-las na semana que vem para a comissão de licitações da Secretaria da Educação, que será responsável por verificar se as especificações atendem à lei nº 8.666 e escrever a versão final do edital. “Ainda não sei”, diz Jean, “quanto tempo eles vão demorar para divulgar a licitação.” Jean espera pagar R$ 2 mil, no máximo, por CPE.
Em cada escola, Jean pretende instalar o equipamento WiMAX e, logo em seguida, montar uma rede Wi-Fi para distribuir o sinal. Ele já fez isso na secretaria de serviço social e de educação, na Câmara Municipal, no batalhão do exército, nas universidades federal e estadual e também na rodoviária e no aeroporto. Em locais públicos, o acesso à Internet é gratuito. Além disso, Jean instalou câmeras IP em 14 pontos da cidade e pretende criar uma central de monitoramento para a guarda civil da cidade. “O prédio onde instalaremos a central está sendo reformado.”
>> pesquisa – I
A maioria dos internautas em portais do governo é do próprio governo...


Maria Alexandra Viegas Cortez da Cunha, professora de gestão de tecnologia da PUC do Paraná, queria descobrir o perfil de quem navega nos portais do governo. Junto com dois alunos de doutorado, ela criou um questionário e o divulgou em 70 portais do governo (federais, estaduais e uns poucos municipais). No final de dois meses, conseguiu 160 mil acessos, e 4.402 formulários válidos.
Grande parte das respostas veio de gente da Bahia, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Tocantins e Mato Grosso do Sul. Alexandra descobriu que sempre tem alguém navegando nos portais do governo, não importa a hora nem o dia. Ela recebeu algumas respostas da pesquisa às 4 horas da manhã, até mesmo de domingo.
Quem navega em portais do governo, diz Alexandra, em geral é da classe A ou B; mas internautas da classe C começam a usar os serviços também. “Em 1999 fiz outra pesquisa sobre o uso dos portais do governo, e a classe C não aparecia.” Desta vez, Alexandra descobriu que 66,9% das pessoas que navegam nos portais do governo são funcionários do próprio governo; 28,7% trabalham no setor privado e 4,36%, no terceiro setor.
No entanto, quando os formulários foram postados no portal da Previdência Social, Alexandra notou uma mudança no perfil dos usuários. “São pessoas mais pobres, mais velhas e menos instruídas.”

>> pesquisa – II

... e está disposta a usar o celular para acessar os serviços de e-gov.


Dos que participaram da pesquisa, 59% têm conexão de banda larga em casa; 18,2% ainda têm conexão discada; e 20,43%, não têm conexão. A maioria acessa a Internet do trabalho (59,4%) e de casa (57,5%). Só 1,9% das pessoas acessou a Internet de telecentros gratuitos.
92,1% entraram na Internet nos últimos 12 meses para usar algum serviço do governo. Eles consideram a Internet um canal prático, ágil e conveniente. “As pessoas também estão predispostas a usar o celular para acessar os serviços eletrônicos do governo.” No entanto, apesar da predisposição, apenas 12,08% usam o celular para obter os serviços públicos. “O número de serviços de governo disponíveis para o celular ainda é pequeno.”
Apesar de 56,1% dos entrevistados ter um celular com acesso à Internet, a maioria ainda usa o aparelho para fazer ligações (85,7%) e mandar mensagens de texto (61%) — e apenas 11,9% acessam mesmo a Internet com o celular.
A professora publicou os dados na pesquisa no portal http://projetoredes.net/.
>> panorama da ti
A maioria quer pagar R$ 10,00 para ter acesso à Internet


Gente da cidade usa a TI de forma diferente da gente do campo: pesquisadores do Comitê Gestor da Internet descobriram que, na cidade, existe computador em 28% das casas; no campo, em apenas 8%. A diferença é ainda maior quanto ao acesso à Internet: na cidade, o serviço existe em 20% das casas; no campo, em apenas 4% das casas.
Todos os anos, os pesquisadores do CGI entrevistam as pessoas de casa em casa, para descobrir como anda o uso da TI no Brasil. Na 5ª edição, eles entrevistaram pessoalmente 21.520 pessoas, sendo 16.940 de áreas urbanas e 3.080 de áreas rurais. (É a primeira vez que a TIC Domicílios inclui áreas rurais.) As entrevistas, realizadas de setembro a novembro de 2008, duram cerca de 40 minutos. Desta vez, a maior parte dos entrevistados era da classe C e recebia de um a dois salários mínimos por mês.
Na cidade, as pessoas não têm Internet em casa porque acham caro; no campo, nem existe o serviço, e um serviço via satélite é mais caro ainda. Por conta disso, 58% das pessoas no campo vão até LAN houses para se conectar. (Nas cidades, são 47%.) Só 4% dos entrevistados usam os telecentros gratuitos do governo. “Os centros do governo restringem o acesso a vários portais”, explica Alexandre Barbosa, coordenador da pesquisa. “Na LAN house, a pessoa paga R$ 1,00 e usa a Internet por alguns minutos como quiser.”
A maioria da população (74%) pagaria no máximo R$ 300,00 por um computador — e uma minoria (15%) pagaria R$ 2.000,00. A maioria (71%) pagaria no máximo R$ 10,00 por mês para ter acesso à Internet — apenas 22% pagariam R$ 70,00.
Em 72% dos 20.020 domicílios incluídos na pesquisa existe pelo menos um telefone celular: em 91%, plano pré-pago e, em 9%, pós-pago. A maioria (99%) ainda usa o celular para ligações telefônicas comuns, mas cada vez mais gente (55%) usa para enviar e receber mensagens de texto. Poucos (6%) usam para acessar a Internet e, segundo Alexandre, esse número tem se mantido o mesmo.
>> atm - I
Depois de tentar convencer os bancos brasileiros a padronizar os caixas automáticos...


Bill Nuti, CEO da NCR, já visitou o Brasil três vezes desde que assumiu o cargo em 2006. “O Brasil é o terceiro maior mercado de caixas automáticos do mundo.” Durante as viagens, ele conversa com os executivos dos bancos brasileiros para identificar novos negócios. No Brasil, diz Nuti, é complicado vender ATMs: cada cliente compra um tipo de caixa automático (ATM) diferente; cada cliente manda suas próprias especificações sobre como o cofre deve ser, como o caixa deve dispensar o dinheiro. “Os bancos brasileiros”, diz Nuti, “personalizam muito os ATMs.”
Cada vez que um cliente brasileiro pede um novo projeto de ATM para a NCR, Elias Rogério da Silva, presidente da NCR no Brasil, precisa desenvolver o projeto junto ao cliente, mas a NCR só tem engenheiros de projeto fora do país. Para convencer o cliente a aceitar as máquinas tal como elas são no exterior, Elias mostrava o custo de adaptar um caixa eletrônico, e o tempo. Mas nenhum cliente se importava. “É uma questão cultural”, diz Elias. Os bancos são assim desde a reserva de mercado.
Quando Nuti visitou o país em 2008, visitou clientes para propor uma ideia: mudar o que é diferencial para o banco, e manter o resto como no exterior. “Os cofres dos ATMs”, diz Elias, “podem ser iguais em todos os bancos.” No final de 2008, Elias e equipe se reuniram várias vezes com os executivos dos bancos e com os diretores da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) para propor um padrão, mas poucos bancos se interessaram. Até hoje, só o Unibanco aceitou a proposta de Elias; eles passaram a comprar ATMs com os cofres na versão padrão da NCR desde o final de 2008.

>> atm – II

... a NCR investe R$ 73 milhões para construir uma fábrica e um centro de inovação no Brasil.


Como os outros bancos não aderiram à proposta da NCR, Nuti decidiu que precisava se aproximar dos clientes brasileiros de uma outra forma. Há poucos meses, ele decidiu construir uma fábrica e um centro de pesquisas no Brasil; para isso, investirá R$ 73 milhões até dezembro de 2009. A fábrica será construída em Manaus (AM) e, no início, produzirá apenas caixas eletrônicos para clientes brasileiros. “Nossa intenção”, diz Nuti, “é produzir outros produtos da NCR nesta fábrica e exportá-los para toda a América Latina.” Com a nova fábrica, a NCR termina o contrato com a Flextronics, que desde 2007 fabricava os caixas da NCR no Brasil.
A nova fábrica será capaz de produzir 10 mil caixas eletrônicos por ano e a NCR contratará 250 funcionários para mantê-la funcionando; entre eles, 25 engenheiros, que ajudarão os clientes brasileiros a desenvolver o projeto dos caixas personalizados. Além disso, eles trabalharão junto aos engenheiros de projetos das outras quatro fábricas da NCR no mundo; quando a NCR lançar uma nova funcionalidade para ATMs, como captura de imagens de cheques, será mais fácil apresentá-la aos clientes brasileiros. “Nossos engenheiros”, diz Elias, “também desenvolverão novas funções de acordo com as demandas brasileiras, que exportaremos para outros países.”