quarta-feira, 3 de junho de 2009

>> help desk - I
Os técnicos da Assembleia paulista queriam terceirizar o suporte técnico...


Luís Augusto Derani há muito tempo tentava contratar uma empresa especializada para dar suporte técnico aos usuários de TI da Assembleia Legislativa de São Paulo. Mas o procurador nunca autorizava a contratação. Para ele, já existia uma equipe de informática; não era preciso contratar outra empresa.
"O usuário não vê a informática crescendo na casa", diz Derani, diretor de informática. Em 2002, a Alesp tinha uns 400 PCs e os deputados dependiam pouco de informática. Derani e outros cinco técnicos atendiam uns 200 chamados por mês. Contudo, em 2004, os deputados começaram a usar o sistema de tramitação eletrônica do processo legislativo — desde então, tudo o que fazem está no sistema. Em vez de um, eles usam três PCs por gabinete — ou 1.200 PCs em toda a Alesp. Nos meses em que os deputados aprovam a lei de diretrizes orçamentárias e o orçamento do Estado, Derani e os cinco técnicos atendem mil chamados por mês.

>> help desk - II

... mas os procuradores não entendiam por que tantas exigências no edital...


Para Derani, estava claro que a Alesp precisava de mais técnicos no suporte. Como o último concurso público ocorreu em 2002, a alternativa era terceirizar. Na época, em 2004, Derani conversou com os técnicos de uma empresa de TI que prestava serviço na Alesp. "Eles mostraram modelos de suporte, contaram o que era feito por aí."
Ele conseguiu aprovar no começo de 2006 o primeiro projeto de suporte técnico. "Naquela época, a gente tinha um escopo tão grande quanto temos hoje." Mas o projeto acabou saindo pequeno. O pessoal de compras e do jurídico dizia que Derani não podia exigir especificações ou certificados porque isso impediria muitas empresas de participar do pregão. O edital saiu assim: os técnicos seriam obrigados a atender o telefone em 20 minutos no máximo, e teriam quatro horas para resolver cada problema.
No pregão, realizado no final de 2006, apareceram empresas de todo tipo; algumas nem prestavam o serviço de suporte técnico. Para sorte de Derani, um fornecedor de renome queria incluir a Assembleia de São Paulo na lista de clientes, e baixou o preço até excluir todos os competidores. O contrato iria até o final de 2008 e a Alesp pagaria R$ 17 mil por mês.
Na primeira reunião, os técnicos do fornecedor avisaram: esse contrato é deficitário.
Por um tempo, o fornecedor tinha a esperança de que a Alesp aumentaria o valor do contrato, então seus técnicos se esforçavam. Em vez de quatro, mandava cinco técnicos de segundo nível para a Alesp. Mas os usuários reclamavam: o técnico demorou 20 minutos para atender o telefone; demorou 4 horas para resolver o problema. Estava tudo conforme o contrato.
Com o tempo, o fornecedor percebeu que a Alesp não aumentaria o contrato. Em vez de quatro, mandava três técnicos de segundo nível. Em julho de 2008, um funcionário do fornecedor avisou: o contrato não vale mais a pena, e nossos técnicos vão embora.

>> help desk - III
... no fim, uma empresa desqualificada ganhou o pregão...


Derani voltou ao antigo esquema de suporte. "Por um lado foi bom, porque todo mundo percebeu a necessidade de fazer um edital decente." Ele conseguiu contratar outra empresa de suporte, num contrato emergencial, sem licitação. A empresa atenderia a Alesp por seis meses, cobraria o dobro do preço do fornecedor anterior e seguiria as mesmas regras. (Por ser um contrato emergencial, Derani não podia modificar as regras.)
Enquanto isso, Derani e os técnicos da Alesp escreveram outro edital. Dessa vez, ele conseguiu colocar especificações mais rígidas. Para ele, no momento do pregão, o fornecedor deveria levar documentos e comprovar que era capaz de atender a Alesp. Como o suporte de primeiro nível ficaria dentro do fornecedor, ele precisava comprovar que tinha um call center capaz de atender mil ligações por mês; tinha de comprovar que os técnicos eram certificados no sistema que a Alesp usava. Mas o pessoal da área de compras e do jurídico achou que isso limitaria a participação, que era ilegal. Era melhor o fornecedor apresentar os documentos na hora de assinar o contrato.
Em agosto de 2008, saiu o pregão. Ganhou uma empresa de Olinda. "O preço não estava tão baixo, então ficamos na dúvida se a empresa era boa ou ruim."
A empresa contratada como emergencial estava prestes a sair da Alesp, e a empresa de Olinda não mandava os documentos. O pessoal de compras ligava para a empresa, e ninguém atendia. No final do ano, a Alesp desclassificou a empresa. E Derani voltou a ficar sem o serviço de suporte. Ele insistiu, e conseguiu renovar o contrato emergencial por mais seis meses.

>> help desk - IV
... e os técnicos da Alesp levaram cinco anos para contratar o serviço.


A Alesp convocou a segunda colocada do pregão. A GPTI apresentou todos os documentos e ganhou o contrato de dois anos, por R$ 33 mil ao mês. A empresa está prestes a começar o serviço. Desta vez, será como Derani queria desde o começo.
O pessoal técnico da Alesp usou a ITIL como referência e separou incidentes e serviços. Definiu tempo de atendimento e de solução para incidentes; definiu quando um incidente vira serviço. A GPTI terá de instalar um aplicativo, pelo qual Derani e seu pessoal vão acompanhar tempo de resposta, chamados não atendidos, problemas comuns. Oito funcionários da GPTI, inclusive um coordenador, devem se revezar para atender a Alesp o tempo todo.
Agora, os funcionários da Alesp estão de olho nos trabalhos. "Eles sabem que pedimos métricas detalhadas", diz Derani. "Vamos ter uma fiscalização forte." O pessoal da GPTI, por sua vez, já instalou uma antena na Alesp para criar uma rede dedicada de comunicações: as ligações do suporte serão feitas via IP. "Um especialista em projetos está montando um roteiro de atendimento."
>> fórum ti & governo 2009 – I
A Procergs se modifica e consegue, pela primeira vez em cinco anos, lucrar.


Em 2007, o governo do Rio Grande do Sul devia R$ 140 milhões para a empresa de informática do estado. E a Procergs devia R$ 30 milhões para fornecedores. Há mais de cinco anos a Procergs tinha prejuízo.
Quando a governadora Yeda Crusius (PSDB) assumiu, em 2007, Ademir Milton Piccoli foi promovido a vice-presidente da Procergs; e, junto com os outros diretores, escreveu um plano para recuperar a empresa.
Eles criaram um conselho administrativo; tiraram a Procergs da Secretaria de Administração e a passaram para a Secretaria da Fazenda — mais influente dentro do governo. Também renegociaram as dívidas com o estado e os fornecedores. E reduziram de cinco para duas diretorias (uma técnica e outra administrativa) para diminuir os custos, de R$ 47,5 milhões ao ano.
No segundo semestre de 2007, eles criaram uma controladoria para acompanhar os gastos. Com parte da dívida recuperada, e com empréstimos bancários, conseguiram R$ 45 milhões para investir em informática: substituíram nobreaks que existiam desde a fundação da Procergs, há 36 anos; compraram servidores, máquinas de armazenamento, equipamentos de rede; contrataram 27 técnicos; e trocaram 80 sistemas dispersos de gestão por um sistema único, centralizado.
Eles pararam de atender órgãos que não pertenciam ao governo estadual e abandonaram serviços, como o Via RS — um provedor de Internet que em 2006 tinha 25 mil assinantes e, em 2008, tinha 11 mil. "Nosso foco não é ser um provedor de Internet", diz Piccoli. "O governo não quer competir com a iniciativa privada." O foco agora é prestar serviços estratégicos e criar soluções que deixem o governo mais rápido e eficiente, principalmente nas áreas de administração pública, segurança, educação e saúde.
De 2006 para 2008, o custo operacional da empresa caiu 34,28%. Em 2008, Piccoli foi nomeado presidente. A Procergs fechou o primeiro ano com faturamento positivo — e os funcionários receberam décimo quarto salário. Recentemente, Piccoli contratou uma fábrica de software para ajudar a escrever os novos sistemas.
Hoje, a empresa processa notas fiscais eletrônicas de 12 estados, entre eles Rio de Janeiro e Santa Catarina — processa 500 mil notas por dia. Este ano, Piccoli tem R$ 39 milhões em caixa para investir na empresa. "Queremos ser um centro de soluções de governo eletrônico."

>> fórum ti & governo 2009 – II

Como foi o evento


Ademir Milton Piccoli contou sua história no Fórum TI & Governo 2009, organizado pela Plano Editorial e realizado de 14 a 17 de maio, na praia de Guarajuba, na Bahia. Durante os quatro dias do evento, 65 executivos conversaram sobre gestão de informática em órgãos públicos.
Eles também assistiram a palestras, participaram de um jogo de gestão, e visitaram as suítes corporativas dos fornecedores AMD/Lenovo, Avaya, Banco do Brasil, Cimcorp/Symantec, Cisco, Dell/Intel, Eagle’s Flight, Elucid, SAS, Software AG, 3Com/Ziva; além disso, conheceram as soluções da Algar, Autodesk, D-Link, Kaizen e EMC no Espaço Corporativo.
>> plc – I
A Celg decide usar a rede para gerenciar melhor a rede elétrica...


Há um ano José Gonçalves Vieira, passou a dividir seu tempo entre a superintendência de novos negócios da Celg Distribuição e a direção técnica da Celg Telecom. Ele assumiu o cargo porque coordena, desde 2003, os pilotos de banda larga pela rede elétrica (PLC) em Goiânia. "Os equipamentos que instalamos funcionam até hoje em 100 pontos na região de Goiânia." No entanto, o novo cargo trouxe um novo desafio: os diretores queriam usar a rede PLC para gerenciar melhor a rede de energia elétrica.
Todos os pilotos que Vieira realizou na Celg, no entanto, testavam os serviços de banda larga pela rede elétrica, exceto um: uns meses antes, Vieira tinha assinado um contrato com a Fitec, para desenvolver um sistema de supervisão da rede elétrica de média tensão. Com o sistema, os técnicos da Celg poderiam registrar perdas de energia, ou interromper remotamente a rede, em caso de acidente, ou identificar ligações clandestinas. A Celg investiu R$ 890 mil e o projeto terminou no final de 2008. "Aprendemos a usar a rede PLC", diz Vieira, "para melhorar a gestão da rede."
Ao mesmo tempo em que tocava o projeto com a Fitec, Vieira e equipe instalavam uma rede de fibras óticas na região metropolitana de Goiânia. Ele já havia licitado o projeto em 2007 para levar enlaces de rede para outras regiões; só assim ele poderia expandir a rede PLC. A Celg pagou R$ 20 milhões pela rede de fibras óticas e, desde a metade de 2008, os técnicos instalam fibras, switches e roteadores. A rede ficará pronta em julho.
Como o projeto com a Fitec terminou no final de 2008, Vieira assinou um novo contrato de pesquisa e desenvolvimento, desta vez com a Universidade Federal de Goiás (UFG). Cinco técnicos da Celg, além dos estudantes e professores da UFG, desenvolverão um sistema de gestão para toda a rede de telecomunicações da Celg. Com isso, diz Vieira, será mais fácil gerenciar a rede PLC, a rede de fibras óticas e os enlaces de rádio e de satélite que ainda conectam algumas subestações da Celg. "Vai ajudar muito quando expandirmos a rede para os oito municípios da região metropolitana de Goiânia." Os técnicos devem entregar esse projeto em 2010.

>> plc – II

... e escreve um plano de negócios, mas depende de parcerias para expandir a rede.


A equipe de Vieira já consolida os resultados dos projetos piloto e dos testes; depois de analisá-los, Vieira escreverá um plano de negócios para a Celg Telecom. "Estamos tecnicamente prontos para implementar qualquer projeto com a rede PLC." Ele vai propor aos diretores da Celg usar a rede PLC para gerenciar melhor a rede elétrica, mas usar a sobra de banda para prestar serviços de telecom para o governo de Goiás, alugar a rede para as operadoras ou vender banda larga.
Contudo, mesmo que Vieira entregue o plano de negócios ainda este ano, a Celg não tem mais verba, e não consegue comprar outros equipamentos de PLC, expandir a rede para a região metropolitana de Goiânia e financiar outros projetos de pesquisa e desenvolvimento. É a crise econômica, diz Vieira. "Queremos fazer parcerias com fornecedores para viabilizar o projeto."
>> portal de compras
O Banco do Brasil agora cobra pelo Licitações-e


O portal de compras públicas do Banco do Brasil, o Licitações-e, agora é pago. O cliente compra o serviço de licitações por uns R$ 100,00 por licitação, mais um valor fixo por lote negociado. Mas, conforme a negociação comercial, ele paga zero.
Em meados de 2007, o pessoal da diretoria do banco começou a estudar quanto gastava com a manutenção e as licenças do Licitações-e, quanto teria de cobrar pelo serviço, e qual seria o retorno financeiro para o banco. Eles também falaram com a área jurídica do banco, para ver como funcionariam os trâmites legais. Agora, um comunicado no portal do Banco do Brasil justifica a cobrança.
Segundo o comunicado, a Lei 10.520/2002, que criou a modalidade de compras por pregão, "autoriza o banco a ser ressarcido pelos custos arcados com a disponibilização da tecnologia da informação". O dinheiro recebido, diz o comunicado, será usado na manutenção e melhoria do portal.
Com isso, no final de 2008, o Licitações-e entrou para a negociação comercial. Dependendo do que o cliente negocia com o banco, pode pagar os R$ 100,00 por licitação; pode pagar menos; ou pagar nada.
De 2001 até ontem, 2 de junho, foram feitas 222.430 licitações, e 187.929 delas estavam concluídas.
>> pesquisa fgv – I
Na média, de cada três habitantes, um tem computador...


No Brasil, a cada três habitantes, em média todos têm telefone, dois têm TV e um tem computador. Foi o que apurou o professor titular de informática da Fundação Getúlio Vargas, Fernando Meirelles, na 20ª pesquisa sobre o uso da informática no Brasil.
Existiam 60 milhões de PCs funcionando nas casas e nas empresas em maio. (Em maio de 2008, eram 50 milhões.) Para 2012, diz Meirelles, serão 100 milhões de PCs — um para cada dois habitantes.
Nas empresas, a maioria dos PCs (84%) possui um processador Pentium 4 ou superior, mas uma parte deles (14%) possui Pentium 2 e 3. Quase todos (92%) funcionam com o pacote de escritório da Microsoft, o Office; e poucos (7%) funcionam com pacotes para Linux, como o BrOffice, o StarOffice e o OpenOffice. O sistema operacional Windows, também da Microsoft, está instalado em 97% dos PCs.
Já nos servidores, o Windows roda em 60% das máquinas, e Unix/Linux, em 32%. Ano a ano, eles ocupam o espaço da Novell — que hoje roda em apenas 2% dos servidores.

>> pesquisa fgv – II

... e, nas empresas, todos os funcionários têm um teclado.


Desde 1998, o investimento em informática cresce em média 8% ao ano. Hoje, os executivos destinam 6% do faturamento da empresa para a TI. Atualmente, diz o professor Meirelles, o mercado de TI representa cerca de 7% do PIB nacional.
Com a crise, diz o professor, os gestores de TI não devem reduzir o investimento em informática — mas devem atrasar os investimentos. "O único jeito de gastar menos com TI é desinformatizando a empresa." E isso, ele diz, nenhuma empresa deve fazer.
Nas empresas, já existe um teclado por funcionário. Por conta disso, os gestores de TI das empresas gastaram R$ 18.800,00 por teclado instalado em 2008. Esse será o menor valor da história do custo anual por teclado, diz o professor Meirelles. Visto que a informática fica cada vez mais complexa, e visto que é cada vez mais usada, a partir de 2010 o custo anual por teclado "crescerá indefinidamente".

Que sistemas os funcionários usam



>> pesquisa fgv – III
As empresas buscam novos negócios na Internet


As empresas destinam um terço do investimento em TI para a Internet. Os negócios entre empresas, na Internet, cresceram 20% de 2007 para 2008; e os negócios entre empresas e pessoas comuns cresceram 30%.
De 434 empresas entrevistadas pelo professor Alberto Luiz Albertin, da Fundação Getúlio Vargas, 93% usam a Internet para manter algum relacionamento com o cliente. Agora, 70% delas também usam a Internet para manter relacionamento com fornecedores e subfornecedores.
Quando entraram na Internet, em 1998, as empresas pensavam que a Internet resolveria muitos problemas: ajudaria no relacionamento com o cliente, seria uma nova oportunidade de negócios, ajudaria na estratégia competitiva, ajudaria no relacionamento com os fornecedores, seria um novo canal de vendas e distribuição, promoveria produtos e serviços. Mas, com o passar dos anos, elas perceberam que teriam de priorizar ações.
O relacionamento com os clientes sempre foi importante, mas a tecnologia não estava à altura. Logo em 1999, as empresas desistiram de projetos grandes de personalização (em que o cliente, entre milhões de clientes, vê os produtos e serviços como se tivessem sido feito só para ele); e, a partir de 2001, desistiram de buscar novas oportunidades de negócios na Internet.
Em 2007, diz Albertin, as empresas voltaram a procurar novas oportunidades de negócios e clientes na Internet; e, em 2008, voltaram a pensar em personalização.
>> no governo
A Dell aumenta o foco em educação, saúde e empresas de TI.


No começo do ano, a Dell se dividiu em quatro áreas de atuação: grandes empresas, pequenas e médias empresas, usuários residenciais e governo. A Dell já vendia para governo antes (Ricardo Menezes é o responsável pela área há dois anos), mas agora vai dar prioridade a três segmentos: educação, saúde e empresas públicas de TI.
A ideia é oferecer não só máquinas, mas também serviços para o governo. No ano passado, a Dell lançou um serviço que envolve consultoria, gestão e equipamentos. Ela implementa o serviço em quatro etapas: faz uma palestra para mostrar aos usuários como o serviço funciona; avalia o ambiente do cliente; desenha o projeto; e, por fim, instala máquinas e sistemas de gestão. Na fase da avaliação, o cliente tem uma ideia de quanto irá economizar com o serviço.
Durante uma apresentação para executivos do governo, Diego Puerta, gerente-geral da Dell no Brasil, demonstrou casos reais de clientes que reduziram os custos. Um cliente economizou R$ 130 mil por ano por trocar 500 monitores de tubo por monitores de cristal líquido; outro, economizou R$ 490 mil por ano ao gerenciar 6 mil PCs a distância e reduzir o número de aplicativos em funcionamento. Um terceiro cliente passou a desligar 500 PCs à noite, de forma automática, e economizou R$ 1 milhão.
>> convergência - I
A Trinn Phone, com 43 funcionários, planeja competir com as operadoras...


João Pedro Rotta dirige a Trinn Phone, uma operadora alternativa de telecomunicações. Ele vende duas linhas fixas, mais banda larga de 600 kbps (nos dois sentidos), com ligações locais grátis de fixo para fixo, por R$ 189,00 por mês. O concorrente mais próximo vende algo parecido por R$ 340,00. João vende para empresas de todos os tamanhos, mas, quanto menor a empresa, mais desconfiado o comprador.
Onde fica a Trinn? (É a primeira coisa que o desconfiado pergunta.) No Rio de Janeiro, responde João; mas agora também em São Paulo. Só? Só. Mas ela faz ligações para todo lugar? Para o mundo inteiro. Quantos funcionários? Só 43. Quantos deles na equipe técnica? Só 12. Se der um problema, eu não vou esperar no telefone? A Trinn não tem call center; ela mantém dois funcionários nas redondezas o dia inteiro.

>> convergência - II

... por meio de relacionamento cara a cara...


João montou a Trinn com dois sócios (Vinícius Van Der Put e Daniel Vilela) e com o dinheiro da Ideiasnet, uma empresa de investimentos. E descobriu que investidor não se interessa por tecnologia, mas por modelo de negócios.
A Trinn, explicou João à Ideiasnet, só instala equipamentos em prédios ou condomínios com 150 empresas dentro, no mínimo, e só em duas cidades, Rio de Janeiro e São Paulo. Dois vendedores cuidam juntos de quatro prédios (ou 600 clientes) — eles vendem, tiram dúvidas, resolvem problemas. Os dois vendem um cardápio simples de serviços de telecom: três opções de telefonia fixa comum, duas opções de telefonia por IP, duas opções de banda larga, uma opção de PABX virtual; o cliente combina as opções como quiser. Cada vendedor ganha quando vende, ganha quando o cliente faz aniversário na Trinn, e perde quando o cliente desiste da Trinn. O cliente pode desistir a qualquer momento, sem multa.
João mostrou as contas: até o fim de 2009, a Trinn se instala em 16 prédios no Rio e em 50 prédios em São Paulo. São 9.900 empresas no mínimo. Se cada uma delas comprar só a opção de R$ 189,00, esse modelo de negócios rende R$ 22 milhões por ano.
Com o dinheiro da Ideiasnet, João foi atrás dos produtos e dos parceiros. Comprou tecnologia da Trópico, da Digitalk, da Keymile, da D-Link. Assinou acordo com a Global Crossing, operadora mundial de fibras óticas. "Há quatro anos", diz João, "VoIP me parecia disruptiva. Depois entendi que VoIP é só a tecnologia, e não o modelo de negócios." João montou o primeiro CPD no Rio.

>> convergência - III
... mas precisa superar desconfianças...


Nem sempre o síndico se interessa pela Trinn, nem sempre fornece a lista de empresas do prédio, e às vezes nem informa quantas empresas existem no prédio. Às vezes, o técnico de manutenção do PABX (do cliente) também revende serviços de outras operadoras, e fala mal de operadoras alternativas.
Em agosto de 2008, a Trinn se instalou em dois prédios no Rio de Janeiro. João percebeu que existe uma operadora física (a dos computadores, dos roteadores, das fibras ópticas) e uma operadora humana (a dos vendedores). A cada quatro prédios, os clientes veem primeiro a operadora humana, na forma dos dois vendedores. Depois, quando usam os serviços, eles veem a operadora física, a das máquinas.

>> convergência - IV

... por meio de funcionários escolhidos a dedo...


João precisava de gente capaz de vender um entroncamento digital para quem já tem um PABX-IP e um PABX virtual para um médico, com só duas linhas telefônicas e uma secretária; capaz de fazer amizade com quatro pessoas dentro do cliente (quem negocia, quem paga, quem cuida de redes, quem cuida de voz). Capaz de visitar o cliente por meses antes da venda. "A Trinn", diz João, "não foi feita para reduzir custos." Ela foi desenhada para ser, de saída, mais eficiente e barata. João precisa de gente capaz de explicar isso, sem que pareça desculpa.
Em setembro, João e seus sócios contrataram uma gerente de RH, Diana Castro, para ajudá-los a escolher e a treinar pessoal. Na seleção mais recente, eles colocaram 160 candidatos numa sala, aplicaram testes, entrevistaram cada um deles por uma hora — e ficaram com sete.
Em janeiro de 2009, a Trinn já estava em 12 prédios no Rio.

>> convergência - V
... para dobrar de tamanho em 2009.


O sócio de João, Daniel Vilela, já catalogou 150 prédios em São Paulo. Conforme a Trinn se instala em prédios, João contrata e treina vendedores, e cresce em módulos de nove pessoas: um gerente para quatro duplas de vendedores para 16 prédios (ou 600 clientes). A Trinn deve faturar R$ 11,5 milhões em 2009, e assim cobrir tudo o que a Ideiasnet investiu. Em 2010, o lucro é lucro mesmo.
"Prédios têm personalidade", diz João. Ele tenta fechar um acordo com o Instituto Reciclar, em São Paulo, para lidar com os prédios de personalidade mais difícil. Caso o prédio autorize a instalação das máquinas, a Trinn coleta o lixo reciclável e o entrega ao Reciclar, onde 120 jovens produzem 13 linhas de produtos, como cadernos, porta-canetas, folhas ofício. "Não é mais simpático?"