terça-feira, 27 de janeiro de 2009

>> governo de sp - I
A Prodesp recebe a certificação ISO 20000...

Douglas Viudez entrou na área de produção e serviços da Prodesp em 2001. A área cuida do CPD da Prodesp, onde funciona a maioria dos sistemas usados pelo governo do Estado, Poupatempos, delegacias, secretarias. Depois de um ano de trabalho, em 2002, Douglas tentou formar um comitê para melhorar a qualidade dos processos do CPD. Os técnicos trabalhavam na Prodesp há 15 ou 20 anos, e guardavam as informações e os processos na cabeça.“A gente brinca que tem que aumentar o ar-condicionado para conservar os velhinhos.” Os técnicos mudavam algo na estrutura do CPD e ninguém sabia quem tinha feito o quê. Um dia, diz Douglas, os técnicos se aposentam e vão embora — e o CPD da Prodesp perde o conhecimento.Douglas tentou formar um comitê de qualidade para estudar e documentar os processos da Prodesp, mas as pessoas resistiram. “Norma é besteira”, diziam. Informalmente, Douglas conversava com um grupo de pessoas que se interessava por normas e por qualidade. Eles começaram a registrar os primeiros processos do CPD, a criar os primeiros documentos e a acostumar os técnicos com a documentação. Ainda em 2002, a Prodesp conseguiu o certificado da ISO 9000, de qualidade em geral.Em 2004, Douglas virou diretor de produção e serviços. Como chefe, podia exigir o que queria.Ele oficializou o grupo de qualidade. “Oito pessoas respiram normas o dia inteiro.” Uma dupla cuida dos processos da ISO 9000; outra, da ISO 27000; e outra, da ISO 20000; e outra dupla já estuda uma nova norma.Douglas, o comitê e os técnicos criaram uma base única com os processos do CPD; criaram um grande banco de configurações, com todas as rotinas seguidas por gente e por máquinas. Criaram o processo de gestão de mudanças: o técnico tem que registrar qualquer mudança, feita em qualquer item dentro do CPD. A gestão de mudanças também diz quando as mudanças podem ser feitas: se as mudanças afetam o cliente, só podem ser feitas no final de semana. “Se o sistema de boletim de ocorrência das delegacias para por uma falha grave, daí é gerada uma GMude [gestão de mudança] de emergência.” Os técnicos e gestores fazem uma reunião de emergência para corrigir o problema e traçam o plano de trabalho; enquanto os técnicos corrigem o problema, alguém escreve os relatórios da mudança.Eles criaram também um plano de recuperação do CPD. Os técnicos responsáveis pelas mudanças ou capazes de recuperar o CPD são obrigados a informar o telefone de casa, da mãe, da sogra, do vizinho da frente, dos lados e de trás. “Se houver algum problema no CPD, não podemos esperar o técnico chegar no trabalho”, diz Douglas. “Temos que localizá-lo de qualquer forma e trazê-lo rápido para a empresa.”Convencer os técnicos a documentar as mudanças, registrar os processos e a informar os telefones dos vizinhos e da sogra foi difícil. “Faz parte de um aculturamento.”Em 2006, a Prodesp conseguiu o certificado ISO 27000. Segundo o certificado, os técnicos da Prodesp seguem normas e procedimentos, e portanto guardam as informações no CPD com segurança. A Prodesp, diz Douglas, foi a quinta empresa no Brasil a tirar o certificado da ISO 27000.Em dezembro de 2008, a Prodesp conseguiu o certificado da ISO 20000 — que trata dos processos e serviços de TI localizados dentro do CPD. O certificado foi assinado por um auditor da BSI, uma auditoria internacional contratada pela Prodesp. “O auditor sugeriu que nós transformássemos o comitê numa divisão, para vender serviços para outros órgãos do governo.”Graças às normas, Douglas e os técnicos do CPD sabem quanto tempo os sistemas ficam no ar e quanto tempo levam para recuperar os sistemas ou o CPD inteiro. “Estou cansado de fazer simulações para saber quanto tempo levamos para recuperar o CPD.” Na pior das hipóteses, uma hora.
>> governo de sp - II
... tenta vender acordos de nível de serviço para os clientes...

Os diretores da área de atendimento ao cliente acompanharam as mudanças no CPD e decidiram mostrar aos clientes: quanto tempo seus sistemas ficam no ar durante o mês e, em caso de problemas, em quanto tempo voltam a funcionar. No começo de janeiro de 2009, eles tentaram renovar os contratos da Prodesp incluindo cláusulas sobre as garantias mínimas de qualidade dos serviços (SLAs).Até então, diz Douglas, a Prodesp não trabalhava com SLAs. Os técnicos sabiam que sistemas importantes precisavam voltar a funcionar logo, e que sistemas menos importantes podiam esperar, mas nada disso estava nos contratos. “O cliente ligava aqui querendo o sistema funcionando imediatamente. Mas a gente sabe que disponibilidade 100% não existe, e que cada 9 depois da vírgula dos 99% representa um investimento pesado.”Mas os clientes da Prodesp foram contra SLAs no contrato. O pessoal do jurídico, justificaram os clientes, teria de refazer o contrato para colocar as cláusulas de SLAs, e isso iria demorar. Os clientes não queriam esperar.Este ano, Douglas pretende mapear outros SLAs; e pretende convencer todos os clientes a assinar contratos com SLA. Enquanto isso, ele prepara a Prodesp para outra certificação: a BS 25999, que trata da continuidade dos negócios. “Segundo o auditor, a Prodesp seria uma das poucas empresas do mundo a ter as três certificações.”
>> governo de sp - III
... e prepara edital para contratar nova rede estadual.

Os técnicos da Prodesp colocaram em consulta pública a proposta para contratar a nova rede Intragov, usada pelos órgãos públicos do Estado de São Paulo. Os técnicos recebem sugestões e dúvidas até 2 de março.O atual contrato da Intragov vale até o final de 2010; mas os técnicos precisam trabalhar na licitação desde já, para manter o serviço sem interrupção. Segundo Douglas Viudez, diretor de produção e serviços da Prodesp, é impossível trocar 17 mil circuitos “da noite para o dia”. Antes de escrever a proposta da nova Intragov, Douglas se reuniu com dez fabricantes de equipamentos e dez operadoras de telecomunicações para conhecer as novidades tecnológicas.A primeira Intragov foi construída com circuitos frame relay, que depois mudou para uma rede IP multisserviço. Nas conversas com os fornecedores, Douglas percebeu que ainda não dá para sair do IP. “O protocolo IP continuará forte pelos próximos dez anos.” Douglas ainda vai decidir se exigirá o IP puro também nas redes secundárias redundantes, ou se aceitará tecnologia mista.Além das redes secundárias redundantes, Douglas e os técnicos da Prodesp querem montar uma rede principal redundante. No ano passado, a Intragov ficou 36 horas fora do ar por causa de um problema na rede principal da Telefônica. A Prodesp, diz Douglas, processa 3,7 milhões de transações por hora; com o apagão da Telefônica, sistemas de Poupatempos, delegacias e secretarias ficaram fora do ar.Quando a consulta pública terminar, os técnicos da Prodesp compilam as sugestões e as dúvidas. Em 12 de março, eles fazem uma audiência pública no auditório da Prodesp, em Taboão da Serra, para esclarecer as dúvidas e apresentar as decisões finais que constarão no edital.A Prodesp vai contratar a Intragov por pregão presencial. Douglas espera saber o vencedor do contrato na metade de 2009.
>> governo de sp - IV
No último edital, o governo conseguiu economia de 70%.

Na última vez em que a Prodesp licitou a Intragov, em 2005, a Intragov tinha 6 mil pontos de rede. Os técnicos previram uma evolução da rede, chegando a 17 mil pontos em 2010. Na época, eles estimavam contratar o serviço por cerca de R$ 800 milhões em cinco anos.No leilão de 2005, participaram a Telefônica, a Telemar e a Embratel. A Telemar parou de dar lances depois de uma hora de leilão. A Telefônica e a Embratel ficaram na briga: a Telefônica não queria perder a Intragov e a Embratel queria ganhar. Os representantes das operadoras começaram a ligar para a Espanha e para o México. O pregão durou 11 horas — foram 92 lances. Perto das 20 h, quando Douglas estava quase interrompendo o pregão, a Embratel desistiu da briga. A Telefônica ofereceu o serviço por R$ 245 milhões em cinco anos.Douglas não consegue estimar um valor para o pregão deste ano. Ele terá uma ideia melhor depois da consulta pública.
>> um computador por aluno
Os técnicos do TCU enviam um relatório para o relator; agora falta o julgamento.

Os técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) terminaram ontem, 26, de avaliar os documentos da licitação pela qual o governo federal compraria os 150 mil laptops para o programa Um Computador por Aluno (UCA). Agora, o relator vai avaliar o relatório dos técnicos e, se concordar com o relatório, levará o processo a plenário. No plenário, os ministros votam a favor ou contra o processo. Se a maioria achar que a licitação está OK, o processo de compra continua e a Comsat é declarada vencedora. Mas se a maioria achar que a licitação tem irregularidades, o pregão é cancelado e o governo tem de começar o processo do zero.O TCU recebeu a denúncia por irregularidades na licitação do UCA em 16 de dezembro de 2008 — um dia antes do pregão. Segundo o TCU, a denúncia foi feita por uma empresa com interesses na licitação.O governo federal fez o pregão eletrônico para comprar os 150 mil laptops em 17 de dezembro. Participaram do pregão a Reifasa, a Comsat (representando a Encore, um fabricante indiano), a Positivo, a Digibrás, a Data Graphics e a Designer Informática. A Comsat ofereceu o menor lance: cobrou R$ 550,33 por laptop, ou seja, cobrou R$ 82,55 milhões pelos 150 mil laptops. Os laptops seriam usados por crianças de 300 escolas públicas.Na segunda-feira seguinte ao pregão, 22 de dezembro, o Ministério da Educação testaria dez laptops da Comsat, para saber se eles obedeciam às exigências da licitação. Mas o TCU congelou o processo.Os ministros do TCU se reúnem em plenário todas as quartas-feiras. A licitação do UCA tem prioridade alta dentro do TCU, mas talvez o relator não consiga ler toda a documentação do processo 033046/2008 até a próxima quarta-feira, 28.
>> projeto difícil - I
O Ministério Público Federal quer saber quanto de lucro dá ao país...

O Ministério Público Federal não consegue mostrar para a sociedade o resultado do seu trabalho. Não sabe dizer quantas pessoas condenou por trabalho escravo, ou quanto dinheiro resgatou para os cofres públicos depois de desmascarar o mensalão, ou a fraude no INSS. Nem os próprios funcionários do MPF sabem como o MPF funciona: um carimba um papel, outro não; um guarda o ofício no servidor, outro guarda no armário. Desde que Paulo Knupp, secretário de TI, entrou no MPF, em 1994, ele tenta criar um sistema único de informática, com o qual o MPF mostraria o resultado do trabalho.O Ministério Público Federal tem autonomia: cada procuradoria tinha sistemas e banco de dados isolados. Cada procurador-chefe, de cada unidade, ordenava a construção de um sistema próprio. “Não existia um sistema central. Isso gerava muitos problemas, porque não tínhamos informações consolidadas.” Paulo tentou criar um sistema único quando entrou no MPF, mas sempre esbarrou na autonomia, nos procuradores querendo fazer do seu jeito.Em 2003, Paulo ganhou um aliado: Cláudio Fonteles assumiu como procurador-geral da República e quis ter as informações consolidadas, na ponta dos dedos. Paulo contou para Cláudio por que as informações consolidadas não existiam. O procurador-geral então baixou uma portaria pedindo a construção do sistema único.
>> projeto difícil - II
... mas procuradores resistem a um sistema único...

Por dois anos, os técnicos do MPF viajaram o Brasil todo para levantar os requisitos do sistema — Paulo não participava diretamente do projeto, então ficou em Brasília. Quando chegou a hora de desenvolver o sistema, em 2005, os técnicos tinham encruzilhadas para resolver.As pessoas de uma unidade defendiam ferrenhamente alguns pontos, e as pessoas de outras unidades defendiam ferrenhamente os mesmos pontos, mas de outro jeito. “A resistência das pessoas é a coisa mais difícil aqui dentro”, diz Paulo. E como a informática não tinha poder para resolver, o novo procurador-geral da República, Antonio Fernando Barros e Silva de Souza, soltou uma portaria para criar uma comissão de procuradores para ajudar na construção do Único.A comissão é presidida pelo vice-procurador-geral da República e formada por outros quatro procuradores de cada área do MPF. Eles se reúnem uma vez por mês em Brasília; nas reuniões, Paulo e os técnicos levam os problemas e a comissão resolve, decide qual modelo seguir, o que fazer, o que adiar. Eles ajudam na aceitação do sistema, organizam treinamentos e palestras. “A missão da comissão é falar e falar, explicar, mostrar o futuro.”
>> projeto difícil - III
... e o sistema só sai depois de 15 anos.

Todo o código do Único foi feito por 12 pessoas. Por enquanto, o Único tem as funções de controle de processos judiciais, extrajudiciais e de protocolo administrativo (o trâmite do documento dentro do MPF). O sistema foi concebido prevendo gestão eletrônica de documentos e tramitação eletrônica de processos. “No futuro, vamos criar mecanismos de buscas.”O Único roda no CPD central do Ministério Público Federal; as procuradorias acessam pela rede. Paulo começou a instalar o único no final de 2008. Hoje ele é usado em seis procuradorias: três em Goiás, duas na Paraíba e uma em Sergipe. Até o final de 2009, 180 unidades do MPF devem usar o Único.Qualquer papel, qualquer processo que tramite dento do MPF estará dentro do Único, diz Paulo — “do processo do mensalão ao meu pedido de férias”. Em 2009, Paulo e a equipe prometem construir os bancos de dados e depois instalar um sistema de business intelligence. O Único terá um grande banco de dados, com informações do Brasil todo. “Com ele montado, eu quero ter as respostas para as perguntas que tenho hoje — como a história do lucro que damos para o país.”
>> auditoria - I
O Superior Tribunal de Justiça certifica o datacenter para a ISO 27001...

Cristiano Abadia, coordenador de infraestrutura e produção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), verificou os riscos de todos os equipamentos do datacenter em julho de 2008. Cristiano queria certificar o datacenter na ISO 27001, o grupo de normas sobre a administração da segurança da informação, e por isso criou relatórios de riscos e procedimentos diários. O auditor, diz Cristiano, analisaria os relatórios e observaria os 40 técnicos do datacenter, para ver se seguiam os procedimentos.Como ainda faltava um mês até o auditor chegar, Cristiano precisava manter o datacenter igual: os técnicos não podiam acrescentar, retirar ou trocar nada. No entanto, os técnicos da TI do STJ precisavam entregar seus projetos e pressionavam os técnicos do datacenter para fazer mudanças, como trocar um switch de rede ou mudar o software de um servidor. “Se eu mudasse algo nesse período”, diz Cristiano, “os relatórios de risco não bateriam com a análise do auditor.”Cristiano trabalha no STJ há quase sete anos. Ele decidiu adaptar o datacenter à ISO 27001 no final de 2007, porque o STJ recebia os primeiros processos por meios eletrônicos e muita gente não confia em eletrônica. “Conseguir a certificação”, diz Cristiano, “demonstraria que o STJ estava maduro, que as informações dos processos estão seguras.” Cristiano licitou o serviço de consultoria e começou a trabalhar no projeto em janeiro de 2008: escreveu normas e processos de segurança, analisou todos os equipamentos, desenvolveu uma política de segurança da informação e treinou os técnicos.No entanto, todos os meses de trabalho para se adequar à norma e o investimento de R$ 100 mil para pagar a consultoria seriam desperdiçados se algum técnico trocasse algo de lugar no datacenter. Cristiano resolveu conversar pessoalmente com todos os técnicos, para explicar por que os técnicos do datacenter não atendiam aos pedidos; preparou uma apresentação e pediu que o secretário de informática participasse. “Eu ressaltava que o projeto beneficiaria a TI e, se eles não apoiassem, teríamos que refazer o trabalho.” Os técnicos da consultoria também explicaram os benefícios para os técnicos da TI. Ao final de muitas reuniões, Cristiano ganhou o apoio desejado. “Nenhum técnico se opôs ao projeto, mas cada um deles tinha suas demandas e eles enfrentaram dificuldades enquanto o datacenter ficou congelado.” Em agosto de 2008, o auditor analisou o datacenter do STJ; ele pediu para Cristiano corrigir alguns detalhes, mas concedeu o certificado ISO 27001.
>> auditoria - II
... e treina os técnicos em ITIL para implantar, aos poucos, a governança de TI.

Depois que os técnicos do STJ entenderam que certificar o datacenter os ajudou a manter as informações sobre os processos mais seguras, Cristiano propôs certificar todo o departamento de TI na ISO 20000, grupo de normas sobre a administração da área de TI como um todo. O projeto é para o futuro, mas logo depois da auditoria, Cristiano começou a estudar a ITIL, a biblioteca das boas práticas de TI. “Já treinei dez técnicos da equipe de infraestrutura.”Ele ainda precisa treinar 30 técnicos da sua equipe, além dos outros 100 técnicos de outras áreas da TI. Só depois Cristiano começará a implantar os modelos de gestão previstos na ITIL. “Antes de qualquer coisa”, diz Cristiano, “os técnicos precisam falar a mesma língua.” Os primeiros modelos que a TI do STJ deve instalar serão a gerência de configurações e a gerência de mudanças. Adaptar toda a TI do STJ à ITIL, diz Cristiano, deve demorar entre quatro e cinco anos. “O STJ tem outros projetos prioritários, mas já queremos entender melhor a ITIL.”
>> atendimento - I
A prefeitura de Fortaleza constrói centros modernos...

A prefeitura de Fortaleza quer inaugurar todas as unidades da Praça do Povo até março. São seis centros de atendimento, uma para cada subprefeitura do município. A primeira começou a funcionar em julho do ano passado.Antes da Praça do Povo, as pessoas eram atendidas num galpão da subprefeitura — esperavam sentadas em cadeiras de plástico. Quando a praça começou a funcionar, as pessoas continuaram indo até o galpão e lá eram informadas do novo local de atendimento: do outro lado da rua. A praça tem 450 metros quadrados e dois ambientes: a área de atendimento e uma área de apoio, com loja de conveniência, banheiros, fraldário. As duas áreas têm piso de granito, ar-condicionado, cadeiras estofadas e televisão de LCD.Renezito Júnior, coordenador da Unidade de Execução Municipal do Programa Nacional de Apoio à Gestão Administrativa e Fiscal dos Municípios (UEM/PNAFM), é responsável pela infraestrutura de TI dos centros. Nos primeiros dias de trabalho na Praça do Povo, ele conta, as pessoas que iam à subprefeitura não entravam na praça. “São pessoas acostumadas a não ter quase nada”, diz Renezito. “Quando viam aquele lugar moderno, parecendo uma espaçonave, achavam que não era para elas.”Os atendentes precisaram se revezar na calçada para orientar as pessoas que chegavam até a porta e ficavam com medo de entrar. Eles abordavam as pessoas, perguntavam o que elas procuravam e as escoltavam até lá dentro.
>> atendimento - II
... para simplificar o atendimento à população.

Na praça, os moradores têm acesso a todos os serviços da prefeitura, exceto serviços de educação e de saúde. Antes, quem queria abrir uma empresa precisava ir a vários lugares diferentes para conseguir todas as informações e liberações necessárias. Na praça, os atendentes acessam um sistema ligado a todas as secretarias, e o empresário resolve tudo em um lugar só: alvará de funcionamento, alvará sanitário, certidão negativa.A praça é ligada à rede metropolitana da prefeitura. Os atendentes trabalham em computadores simples (terminais sem disco, ou thin clients); cada praça tem um servidor que processa todo o atendimento; o servidor é conectado a um servidor central, na Secretaria de Finanças.Na praça, trabalham 18 funcionários, todos servidores concursados. São atendentes, pessoal técnico (que conhece assuntos como abertura de empresas, zoneamento urbano, tributação) e pessoal de apoio, que confere documentos e carimbos. Hoje, eles não precisam mais ir buscar ninguém lá fora. Depois da primeira semana, as pessoas se acostumaram com a Praça do Povo.
>> agilidade - I
O INSS instala um sistema para liberar a aposentadoria em meia hora...

Até 5 de janeiro, quando alguém pedia a aposentadoria numa agência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), os funcionários precisavam conferir todas as carteiras de trabalho e contracheques do trabalhador para, só depois, liberar a aposentadoria. O atendimento demorava, em média, uma hora e meia. Mas Alan do Nascimento Santos, assessor de TI do INSS, ativou um novo software no início deste ano: os funcionários do INSS digitam o número do RG do trabalhador e ganham acesso ao Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) — pesquisam as empresas em que o trabalhador se empregou, quanto ganhou e quanto contribuiu para a Previdência. Se não faltar nenhuma informação, o funcionário do INSS autoriza a aposentadoria em meia hora. “O novo software”, diz Alan, “é um marco de que o INSS mudou.”Alan esperava pela mudança desde que passou no concurso do INSS, há 13 anos. Na época, ele se incomodava ao ver reportagens de TV, ver as filas nas agências do INSS. Quando o INSS criou o departamento de TI, em 2000, Alan foi transferido e decidiu trabalhar para mudar a imagem do INSS: em 2002, se juntou ao grupo que avaliou toda a infraestrutura de informática e telecomunicações, os sistemas e os processos que os funcionários usavam para atender os trabalhadores nas agências do INSS. “Durante dois anos”, diz Alan, “repensamos tudo e elaboramos um modelo de atendimento.” Depois, os técnicos planejaram como a TI deveria ser para atender ao novo modelo.Em 2005, Alan e equipe deram os primeiros passos: investiram numa central de atendimento por telefone e modificaram o portal, para o trabalhador agendar um horário e ser atendido. Hoje, a central do INSS atende 7,5 milhões de chamadas por mês; os atendentes tiram dúvidas sobre os benefícios, agendam perícias técnicas. Essa era a primeira fase do plano, diz Alan, e diminuiu um pouco o tamanho das filas. Para a fase seguinte, Alan imaginava um sistema de aplicativos, com o qual os funcionários do INSS atenderiam mais rápido o trabalhador no balcão.
>> agilidade - II
... depois de trocar muita coisa.

Contudo, antes de investir em novos aplicativos, Alan precisava trocar o mainframe e melhorar a rede que interligava as agências ao datacenter. Cada vez que um funcionário queria se conectar ao datacenter, transmitia os dados até uma unidade regional do INSS, via rede privada; a regional depois transmitia os dados para o datacenter, via Internet. Demorava demais. Alan e os técnicos da Dataprev, a empresa de TI da previdência social, compraram um novo circuito de rede e substituíram tudo; assim, os funcionários poderiam se conectar ao datacenter direto da agência. Em seguida, a equipe de TI do INSS começou a trocar a infraestrutura de rede das agências; até agora, já trocou a rede de 150 agências. “A ideia”, diz Alan, “é trocar a rede de 100 a 150 agências por ano.” No total, o INSS tem 1.250 agências.Enquanto a rede e a TI eram reformadas, Alan contratou a Dataprev para desenvolver os aplicativos. Como a Dataprev não tinha técnicos suficientes para atender o INSS, licitou o projeto. Um consórcio de empresas ganhou a concorrência, mas Alan e seu pessoal não aprovaram o serviço. A Dataprev encerrou o contrato com o consórcio em agosto de 2008. Na mesma época, chegaram os novos técnicos, do último concurso público, e a Dataprev formou uma equipe de 250 técnicos para Alan. “Até agora”, diz Alan, “a Dataprev entregou cerca de 35% de todo o projeto.” Ao todo, Alan pretende implementar outros 20 aplicativos, com os quais os funcionários do INSS ficarão mais rápidos. O INSS pagará cerca de R$ 80 milhões pelo projeto, que será entregue até a metade de 2010.
>> cinturão digital - I
A Schahin instala 2.500 quilômetros de cabos óticos no Ceará...

No dia 19 de janeiro, os técnicos da Schahin começaram a instalar os 2.500 quilômetros de cabos de fibras óticas do Cinturão Digital, rede que interligará as 25 maiores cidades do interior do Ceará. A Schahin dividiu a região em nove trechos. Os técnicos, diz Fernando Antonio de Carvalho Gomes, presidente da Etice, a empresa de informática do Ceará, deverão entregar os dois primeiros trechos de cabos até 30 de abril. Fernando paga uma parte do projeto a cada trecho entregue; no final do contrato, terá pagado R$ 49 milhões à Schahin.Fernando aprovou o plano de instalação da Schahin no dia 14 de janeiro, quando se reuniu com a equipe do projeto numa sala de treinamento da Etice. Fernando e os técnicos discutiram como iniciar e quais as dificuldades para entregar o projeto no prazo. Na ocasião, Antônio Edimundo, gerente do projeto na Schahin, já havia comprado os cabos necessários para instalar os dois primeiros trechos, que interligam Fortaleza a Quixadá e a Sobral. Até terminar os dois trechos, diz Fernando, a empresa que fornece cabos óticos para a Schahin precisa ter fabricado o suficiente para o próximo trecho. “Numa obra como essa”, diz Fernando, “a logística é fundamental.” O pessoal da Schahin tem um ano para entregar o Cinturão Digital inteiro.
>> cinturão digital - II
... enquanto o governo decide como usar a nova rede.

Enquanto os técnicos da Schahin instalam os cabos, Fernando e Cid Ferreira Gomes, governador do Ceará, discutem o melhor jeito de usar a rede, depois de pronta. Cid quer oferecer a rede para as empresas de telefonia e, em contrapartida, exigir que elas mantenham, atualizem e ampliem a rede para outras cidades do Ceará. “O governador”, diz Fernando, “já esboçou uma proposta de parceria público-privada.” Além disso, Fernando estuda propostas de empresas de informática para desenvolver outros serviços (além de acesso à Internet), como telefonia IP e videoconferência para os órgãos públicos do Ceará. Os editais estão quase prontos. “Vamos implantar esses serviços até o final de 2009.”
>> financiamento – I
A Softex conseguiu R$ 220 milhões para as empresas de informática em 2008...

Em 2007, a Softex (Sociedade Brasileira para Promoção da Exportação de Software) conseguiu liberar R$ 22,5 milhões em financiamento do Prosoft (Programa para o Desenvolvimento da Indústria Nacional de Software e Serviços de Tecnologia da Informação) para empresas de informática. Em 2008, foram R$ 220 milhões. O segredo: a Softex passou a trabalhar também com projetos grandes.A Softex dá consultoria para empresas de informática que queiram financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), por meio do Prosoft. A empresa apresenta o plano de negócios e diz de quanto precisa; a Softex analisa o plano, sugere mudanças, orienta a empresa. Até 2007, a Softex só podia atender empresas que precisassem de até R$ 10 milhões. Na metade de 2007, o BNDES mudou as regras do Prosoft. A mudança começou a valer no fim de 2007. A partir de então, a Softex poderia dar consultoria para projetos de mais de R$ 10 milhões. Segundo John Forman, diretor de capacitação e inovação da Softex, o problema não era o tamanho das empresas. Ele diz que os planos de negócios são muito parecidos, só muda o volume. O problema, diz John, era a imagem da Softex.Com o limite, a maior parte das empresas que procuravam a Softex era composta de pequenas ou médias. A Softex ficou com essa imagem: entidade que orienta empresas pequenas e médias. No começo de 2008, John procurava uma empresa de informática que precisasse de um financiamento de mais de R$ 10 milhões.
>> financiamento – II
... graças às novas regras do Prosoft.

Empresas grandes costumam ir direto ao BNDES. Depois que as regras do Prosoft mudaram, o BNDES passou a sugerir a essas empresas que procurassem a Softex. Então John começou a marcar reuniões com executivos dessas empresas. Ainda no primeiro semestre, a Totvs procurou a Softex: queria comprar empresas para aumentar sua participação no mercado. O papel da Softex era analisar o plano de negócios, dizer à Totvs se fazia sentido comprar empresas e apresentar o plano ao BNDES. “O plano de negócios chegou quase pronto, mudamos pouco.” A Softex apresentou o plano ao BNDES, o BNDES liberou R$ 200 milhões e a Totvs comprou a Datasul. Se o dinheiro não tivesse saído, a Softex terminaria o ano com o mesmo resultado de 2007. Como saiu, o resultado foi quase 10 vezes maior.John espera que o projeto da Totvs ajude a Softex a conseguir outros projetos de empresas grandes. Dois projetos grandes ainda esperam aprovação do BNDES. Se forem aprovados, também podem ajudar a mudar a imagem da Softex. “2008 foi para experimentar”, diz John. Em 2009, ele quer divulgar melhor esses projetos, mostrar como a Softex pode ajudar as grandes empresas. Ele também quer atuar em outras frentes: dar consultoria a empresas interessadas em leis de incentivo do governo, e ajudá-las a conseguir financiamentos no exterior. A meta é liberar pelo menos a mesma quantia de 2008, apesar da crise. John está animado: o BNDES aprova 85% dos projetos que a Softex apresenta. Além disso, o Ministério da Fazenda liberou R$ 100 bilhões para o BNDES na semana passada.
>> crise – I
83% das indústrias eletroeletrônicas já sentem os efeitos da crise...

A Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) perguntou a seus associados: a crise econômica já afeta os negócios? 83% disseram que sim. 46% das empresas venderam menos em dezembro de 2008 do que em dezembro de 2007. Muitas tiveram pedidos cancelados (30%) ou adiados (43%). 48% das empresas têm produtos e matéria-prima encalhados no estoque. O crédito disponível caiu para 52% das empresas.Os executivos acham que a situação vai continuar ruim: 55% esperam vender menos ainda no primeiro trimestre. O setor demitiu 3 mil funcionários entre novembro e dezembro, e deve continuar demitindo por pelo menos mais dois meses.
>> crise - II
... e o setor de telecomunicações não é exceção.

Terça-feira, 20, a Abinee se reuniu com representantes da indústria de eletroeletrônicos. No setor de telecomunicações, só o segmento de infraestrutura vai bem, porque trabalha para cumprir contratos assinados antes da crise. Os fabricantes de equipamentos de comunicações para empresas já se queixam da crise. Os fabricantes de cabos reclamam da concorrência com produtos importados — eles perdem nos preços, dizem, porque a mão de obra brasileira é mais cara. A produção de celulares caiu 50% em novembro e dezembro, em comparação com setembro e outubro. Segundo os executivos de telecomunicações, a demanda deve diminuir ainda mais em 2009.No setor de informática, os executivos esperam compras do governo nos próximos três meses, porque as licitações ainda estão acontecendo. Estão mais pessimistas com o segmento corporativo e com o varejo, e acham que pessoas e empresas voltarão a comprar PCs no mercado cinza — PCs com componentes contrabandeados.
>> saúde
Alunos da Unesp modificam o Word para gerar e transmitir documentos no padrão Tiss

Em 2009, Daniel Augusto Assad cursará o quarto ano de sistemas da informação na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e, entre os trabalhos e provas, precisa concluir as pesquisas no Laboratório de Tecnologia da Informação Aplicada (LTIA). Em dezembro de 2008, ele e seis alunos desenvolveram uma extensão para o Word 2007. Por meio da extensão, os médicos podem criar guias e demonstrativos de pagamento para enviar às operadoras de planos de saúde segundo o padrão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Troca de Informação em Saúde Suplementar (Tiss).Desde novembro de 2008, os funcionários das clínicas e laboratórios de qualquer especialidade são obrigados a trocar documentos com as operadoras no padrão Tiss. No entanto, os médicos precisam comprar um software para transformar as guias e os demonstrativos em arquivos XML, para então usar o Tissnet (um software da ANS) para transmiti-los. “Nós queríamos desenvolver algo em código aberto”, diz Daniel.Quando a Microsoft lançou a versão 2007 do Office, baseada no padrão Open XML, Roberto Prado, Djalma Andrade e Fernando Cebara procuraram os alunos do LTIA, laboratório parceiro da Microsoft. “Eles queriam que o Office tivesse algum recurso voltado para a área da saúde.” Os alunos já estudavam o padrão XML e propuseram desenvolver uma extensão do Word para trocar informações no padrão Tiss; a Microsoft financiou o projeto. “Além de gerar e enviar as guias no formato XML”, diz Daniel, “criamos uma interface para o médico gerenciar os documentos, verificar quais documentos o software já enviou.”Mesmo com o software pronto, Daniel e seus colegas querem fazer projetos piloto com o software nas clínicas, porque ainda não conhecem bem os processos que os funcionários adotam para enviar os documentos para as operadoras. “Cada clínica”, diz Daniel, “tem suas particularidades.” Agora, ele procura médicos que aceitem testar o software, enquanto ele observa e anota o que precisa alterar para o software servir à maioria das clínicas. Até agora, só o dono de uma clínica se interessou. O software está disponível na Internet em www.coldplex.com/docTiss.
>> rede - I
A Juniper conquista espaço no mercado corporativo...

Claus Troppmair vende equipamentos de rede para empresas desde 1996. Há quatro anos, a Juniper o contratou para ser diretor de vendas corporativas. Na época, a Juniper começava a entender o mercado corporativo.Até então, ela só vendia para operadoras. Outras empresas não precisavam de equipamentos de rede de grande porte, porque usavam redes IP para mandar um e-mail, navegar na web — e só. Hoje em dia, as empresas fazem negócios usando as redes IP: compram, vendem, se comunicam. “As corporações vivem conversando com as operadoras”, diz Scott Stevens, vice-presidente de tecnologia da Juniper, “porque têm problemas parecidos.” Problemas de segurança, de disponibilidade, de velocidade. Hoje em dia, diz Stevens, empresas comuns dependem tanto da rede quanto as operadoras. “Nossa experiência com as operadoras passou a ser útil no mercado corporativo.”No Brasil, Claus passou dois anos definindo a estratégia e fazendo os primeiros contatos no mercado corporativo. Em várias empresas, ele já conhecia o executivo de informática, então conseguiu marcar reuniões. Alguns não conheciam a Juniper. Os que conheciam, associavam a Juniper a produtos de grande porte para operadoras. “É um espaço que precisamos conquistar aos poucos.”
>> rede - II
... e quer 10% do mercado nacional de switches.

Para conquistar esse espaço, Claus pretende vender para clientes grandes. Foi o que fez com os equipamentos de segurança. A Juniper ficava em quinto lugar na lista de fornecedores de equipamentos de segurança. Claus vendia equipamentos para empresas pequenas, enquanto participava de várias concorrências. Há um ano e meio, o Banco do Brasil comprou 650 firewalls da Juniper. “Fica tudo mais fácil quando conseguimos projetos desse porte”, diz Claus. Ao ver o projeto do Banco do Brasil, outras empresas começaram a procurar os equipamentos da Juniper. No ano passado, a Juniper passou a ser o segundo maior fornecedor de equipamentos de segurança no Brasil. Claus quer usar a mesma estratégia para vender switches.A Juniper lançou uma família de switches para o mercado corporativo em abril do ano passado. Claus acha que as empresas gastam com switches metade do que têm para gastar com a estrutura de rede. Até o ano passado, a Juniper só vendia roteadores e equipamentos de segurança. Com os novos switches, Claus pode participar de mais projetos, e tem mais chances de vender.Ele já começou a vender switches para empresas pequenas. Nos últimos quatro meses, passou a brigar por projetos grandes. Está participando agora de três concorrências de empresas grandes. “E com boas chances de ganhar.” Claus quer que a Juniper tenha 10% do mercado brasileiro de switches até o começo de 2010. Hoje ela tem cerca de 1%. “Tem que insistir, é um trabalho de longo prazo.”