quarta-feira, 8 de abril de 2009

>> santa catarina – I
Hugo Hoeschl sai do Ciasc...


Hugo César Hoeschl deixou a presidência do Centro de Informática e Automação de Santa Catarina (Ciasc) para voltar à vida acadêmica.
Em 2007, ele foi convidado pelo governador a assumir o Ciasc, já que entendia de governo eletrônico. Hugo aceitou, mas manteve as aulas de sexta-feira à noite na Universidade Santa Catarina, onde é professor permanente do mestrado em engenharia e gestão do conhecimento. "Expliquei ao governador que não podia ficar muito tempo fora da pesquisa."
Nesses dois anos, Hugo reduziu o custo operacional do Ciasc em 8% — "sem demitir ninguém". Na sua gestão, os técnicos licitaram os serviços de telecomunicações do estado, e conseguiram economia de 70%; desenvolveram um sistema de gestão de leitos hospitalares; e mantiveram todos os serviços de governo funcionando durante as enchentes que afetaram Santa Catarina no final de 2008. O Ciasc ganhou vários prêmios, inclusive o prêmio do Anuário TI & Governo, pelo projeto Gestão Multimídia.
Mas dirigir uma empresa toma tempo. "Envolve toda uma carga financeira, contábil, de gestão." E lidar com políticos, diz Hugo, é complicado. Ele trabalhou para que os políticos fizessem uma gestão baseada em números e indicadores, "mas esses números não entram na cabeça do político". No final de 2008, ele foi entregar o cargo do Ciasc ao governador — mas o governador insistiu para Hugo ficar até terminar os projetos em andamento. Ele ficou.

>> santa catarina – II

... para se dedicar à vida acadêmica...


Em fevereiro de 2009, durante suas férias no Ciasc, ele organizou uma reunião com representantes da Unesco e das universidades federais da Espanha, México, Equador e Argentina. A Unesco organiza grupos temáticos de pesquisa (cátedras) com várias universidades do mundo e escolheu a Universidade Federal de Santa Catarina para participar de uma dessas cátedras. A missão da cátedra é usar tecnologias a favor da linguística: a Unesco, explica Hugo, quer criar um sistema para guardar informações sobre idiomas em extinção. "Tem um idioma de uma tribo em Santa Catarina que é falado apenas por 100 pessoas; e ele é só falado, não é escrito." A universidade de Santa Catarina será responsável pelo software de gestão do conhecimento, equipado com inteligência artificial.
Durante a reunião, em fevereiro, os representantes da Unesco perguntaram se Hugo poderia se dedicar exclusivamente ao projeto. "Esse é meu lado professor, meu cunho acadêmico. E larguei tudo isso quando assumi o Ciasc." Hugo aceitou o convite da Unesco. Além do Ciasc, ele deixou também a presidência da associação das empresas estaduais de informática, a Abep, e foi substituído por Joaquim Costa, presidente da agência de tecnologia da Pernambuco.

>> santa catarina – III

... e Djalma Amorim assume.


Para a presidência do Ciasc, o governador de Santa Catarina convidou Djalma Amorim — indicado pelo partido Democratas (DEM).
Djalma já trabalhou no Banco do Estado de Santa Catarina e foi secretário de finanças de Florianópolis, na época do prefeito Bulcão Vianna (1992). O nome do novo presidente ainda precisa ser aprovado na assembleia geral dos acionistas.
>> fórum ti & utilities – I
Enquanto a Embasa testa um sistema de informações geográficas para celular...


Quando os técnicos de campo da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) verificam o consumo de água, aproveitam para atualizar o cadastro de clientes e da rede de água e esgoto. Eles preenchem um formulário com nome, endereço e telefone do cliente, e o entregam na Embasa; alguém do escritório verifica se as informações cadastradas no sistema estão corretas. Os técnicos, diz Denise Britto, gerente de TI da Embasa, usam as informações dos formulários para atualizar o sistema de informações geográficas (GIS). "É demorado verificar o cadastro porque as informações estão em papel."
Atualizar o cadastro de clientes e da rede é uma das tarefas mais importantes na Embasa, afinal todos os usuários — dos diretores até os atendentes do call center — consultam informações no GIS pela intranet, a todo momento. No entanto, atualizar a localização da rede e dos clientes no mapa custa caro. "Os dados cadastrados no sistema", diz Denise, "mudam diariamente."
Denise e equipe desenvolveram a versão do GIS para a intranet, baseada em software livre, em 2005. Em 2008, eles resolveram desenvolver uma versão do sistema para celulares do tipo smartphone, assim poderiam distribuir os celulares para os técnicos de campo junto com um aparelho de GPS. Ao fazer a leitura do medidor dos clientes, os técnicos cadastrariam os dados do cliente e sua localização geográfica no smartphone: quando chegasse no escritório, o técnico só precisaria descarregar os dados para atualizar o mapa do GIS.
Dois técnicos da TI da Embasa passaram três meses desenvolvendo o sistema — eles terminaram o primeiro protótipo no início de março. Dois técnicos de campo ganharam um smartphone para testar o sistema, enquanto verificam o consumo dos clientes de Pirajá, um bairro de Salvador (BA). Às vezes, Helder Aragão, supervisor de geoprocessamento, ouve reclamações sobre alguma função; aí ele corrige o sistema. "O sistema será testado até maio."
Até agora, diz Denise, o projeto não custou nada além dos três meses do trabalho de duas pessoas. Para dar o sistema a todos os técnicos de campo, ela quer comprar mais smartphones até maio. Mas ela ainda verifica quantos técnicos precisam usar o sistema e quanto ela poderá gastar. Depois, precisará convencer os diretores de que os técnicos de campo se tornarão mais eficientes — e só depois escreverá o edital de licitação.

>> fórum ti & utilities – II

... a PBGás tenta convencer outras utilities da Paraíba a compartilhar mapas.


Em novembro de 2008, Júlio César Gomes Chaves, assessor de processos e sistemas da Companhia Paraibana de Gás (PBGás), decidiu implementar um sistema de informações geográficas (GIS). Depois de conversar com outros CIOs já experientes, Júlio descobriu que, para confiar nas informações do GIS, é preciso atualizar o mapa da cidade todo ano. Para isso, o gestor de TI precisa contratar uma empresa que fotografe a região, por avião ou por satélite. Em ambos os casos, custa caro. "Não temos dinheiro para gastar com isso todo ano."
Em janeiro de 2009, Júlio e equipe começaram a analisar um GIS baseado em software livre; ele viajou para conhecer os sistemas da Companhia de Gás de São Paulo (Comgás) e da Transpetro (RJ). No voo de volta para a Paraíba, Júlio encontrou um colega da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig), que reclamava do custo para atualizar os mapas do sistema de informações geográficas. Júlio sugeriu ao colega: "Porque você não faz um acordo para dividir os mapas com uma outra empresa do seu estado?" Só então ele percebeu que ele próprio não tinha pensado nisso antes.
De volta à Paraíba, Júlio traçou uma estratégia para pôr a ideia em prática: como a PBGás não concorre com nenhuma das outras utilities do estado, poderiam compartilhar os mapas. "Não ficaria pesado para ninguém."
No início de março, Júlio procurou o gestor de TI da Energisa Paraíba para propor a parceria. "Ele achou a ideia interessante", diz Júlio. Agora, Júlio espera um novo contato do gestor de TI da Energisa para apresentar sua proposta aos diretores da empresa. Além disso, durante o Fórum TI & Utilities 2009, Júlio conversou com Carlos Pinto de Morais, gerente de TI da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), que também se interessou. "Agora é só esperar", diz Júlio, "para ver se eles levarão a ideia adiante."

>> fórum ti & utilities – III

Como foi o evento.


Entre 26 e 29 de março, um grupo de 35 executivos que administram a informática nas concessionárias de serviços públicos viajaram para a praia de Guarajuba, na Bahia, para participar do Fórum TI & Utilities 2009, organizado pela Plano Editorial.
Os executivos conversaram sobre os desafios de informática e gestão nas concessionárias de serviços públicos; assistiram aos painéis dos gestores de TI da Companhia de Gás do Estado do Mato Grosso do Sul (MSGás), Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e Companhia Energética de São Paulo (Cesp). Além disso, se reuniram com diversos fornecedores de TI: Bearing Point, Eagle’s Flight, Elucid, Furukawa/Lantele, IBM, IFS, Lógica, Oracle Utilities, Politec, Polycom, SAS e SAP/Finity.
>> problemas da portabilidade – I
Como a ABR cobra quase R$ 5 mil pelo cadastro de números portados...


A Sumus procurou a ABR Telecom para conseguir o banco de dados de números de telefones portados. Ela precisa dessas informações para checar se as operadoras cobram as tarifas combinadas no contrato — 80% das contas dos clientes vêm com erros de cobrança, e a Sumus é paga para achar erros. Mas a ABR quer que a Sumus pague quase R$ 5 mil por mês para ter o banco de dados sempre atualizado.
Empresas como a Sumus precisam desse banco de dados para alimentar o sistema com o qual fazem a gestão de telecomunicações para grandes empresas — a Sumus atende a Unilever, o Carrefour e até o governo do Estado de Pernambuco. Antes da portabilidade, elas sabiam que um celular 9272-XXXX pertencia à Claro de Brasília, e que um 9973-XXXX pertencia à Vivo de Brasília. A divisão por prefixos era clara; e a Anatel oferecia a lista de graça no portal. Com a portabilidade, a lista de prefixos perdeu o valor. Um celular 9272-XXXX pode não ser mais da Claro.
Sem saber a qual operadora um telefone pertence, as empresas não conseguem configurar o sistema para realizar chamadas por rotas mais baratas. Também não conseguem confirmar se a operadora está cobrando a tarifa combinada, nem conseguem mais saber quanto gastam por operadora.

>> problemas da portabilidade – II

... as empresas não conseguem gerenciar os custos de telecomunicações...


Os clientes pediram providências. A Sumus, diz Guilherme Lousada, gerente de produtos e marketing, entrou em contato com a ABR Telecom para conseguir o banco de dados. (A ABR venceu a licitação para administrar o cadastro da portabilidade numérica.) Mas a ABR só libera o banco de dados caso a Sumus pague quase R$ 5 mil por mês, num contrato de dois anos.
Segundo o presidente da ABR, José Moreira da Silva Ribeiro, a ABR tem um custo para manter o banco de dados atualizado, tem parceiros de desenvolvimento, e por isso ela cobra pelo cadastro. No portal da ABR, dá para consultar um número de telefone por vez e saber a qual operadora ele pertence. Se as empresas precisam consultar muitos telefones de uma vez, diz José Moreira, basta procurar a ABR. "Nós vamos desenvolver uma solução para elas."
O banco Itaú comprou o cadastro da ABR. Segundo Antonio Carlos Ferreira, superintendente de sistemas, o banco envia mensagens de marketing para o celular de muitos clientes, por isso precisa saber para qual operadora vai enviar as mensagens. "Decidimos comprar, mas vamos conversar com a Anatel, porque entendemos que o serviço deveria ser de graça." Antonio reclamou disso tudo com um funcionário da Anatel, num evento organizado pela Febraban. Mas, neste mês, membros da Febraban devem protocolar uma reclamação formal.

>> problemas da portabilidade – III

... e prometem reclamar formalmente à Anatel.


A Sumus ainda não comprou o cadastro. Se tiver de comprar, ela irá repassar o custo para os clientes. Por isso, o setor jurídico estuda uma ação na Justiça contra a ABR Telecom. Guilherme telefonou para duas pessoas da Anatel — uma delas, o coordenador do grupo de portabilidade. Mas não conseguiu falar com ninguém. A Sumus também vai formalizar uma reclamação na Anatel.
Luis Antonio Vale Moura, o coordenador do grupo de portabilidade da Anatel, diz que ainda não recebeu nenhuma queixa, por isso não estudou se o valor cobrado pela ABR é exagerado. Como a manutenção da base de dados tem um custo, então a ABR está autorizada pela Anatel a cobrar. "Não sei quanto é cobrado, mas sei que existe uma solução muito barata."
Enquanto não resolve a situação com a ABR, a Sumus achou um jeito de atualizar o sistema de gestão de custos. A Claro e a TIM, diz Guilherme, adotaram um sinal sonoro para indicar ao cliente que ele está ligando para a mesma operadora; as máquinas da Sumus conseguem identificar esse sinal. E os técnicos da Sumus também atualizam o sistema usando informações que os próprios clientes passam: esse número não é mais da Vivo, agora é da Claro.
>> investimentos
Por causa dos EUA, a Sabesp reduz o orçamento para armazenagem em 46%.


Em setembro de 2008, Celso Masayuki Shimomura, funcionário da Sabesp, achava que teria dinheiro suficiente para comprar o sistema de armazenamento de dados perfeito para a empresa. Ele teria, digamos, 100% de orçamento. Com fabricantes disputando o contrato num leilão reverso, diz Celso, ele gastaria 83% do orçamento. Então veio a crise financeira americana, e a recessão. "Aí, os americanos quebraram o nosso orçamento..."
A Sabesp precisa de um novo armazém de dados. O armazém atual, de 30 terabytes, foi instalado em dezembro de 2006, mas está enchendo mais rápido do que o pessoal de TI previu. Por causa de leis como a Sarbanes-Oxley, os funcionários da Sabesp precisam guardar o que antes eles jogavam fora; até e-mails os auditores querem ver. Além disso, os discos lógicos do armazém atual usam mal os discos reais. Sobra espaço nos discos reais que ninguém consegue usar. Quando um técnico aloca um disco lógico a um serviço, ele na verdade amarra o disco ao sistema operacional do servidor. Se depois for necessário reduzir o tamanho do disco (porque o serviço está sendo menos usado do que o previsto), o técnico tem de reinstalar o sistema operacional, e depois reinstalar o aplicativo do serviço. É risco demais para economizar uns gigabytes, e o pessoal de TI desiste: melhor deixar os discos mal usados.
Com orçamento de 100%, Celso compraria um armazém de 50 terabytes, com todos os recursos modernos de virtualização de armazéns. Entre outros truques, o pessoal de TI conseguiria mover discos lógicos do armazém novo, de 50 terabytes, para o armazém velho, de 30 terabytes, com os serviços em produção.
Agora Celso tem só 66% do orçamento original e, com a disputa entre fornecedores, espera gastar 54%. Ainda é dinheiro suficiente para comprar um armazém de 50 terabytes. Ainda é dinheiro suficiente para comprar um armazém com alocação dinâmica de espaço em discos reais, o que resolveria o problema de discos lógicos pouco usados. Mas não é dinheiro suficiente para virtualizar os dois armazéns, e pilotá-los como se fossem um só.
O pessoal da Sabesp mantém a esperança. "Só vamos tomar as decisões definitivas a respeito do edital de licitação em dezembro", diz Celso. "Até lá, muita coisa pode mudar."
>> depois da economia
Ninguém aparece no leilão de telefonia de Santa Catarina

O governo de Santa Catarina escreveu um edital para contratar telefonia fixa e celular para todos os órgãos públicos do estado — 45 mil ramais. O pregão foi marcado para 19 de março. Mas nenhum representante de operadora apareceu.
Esse seria o quinto e último pregão realizado pelo governo para contratar serviços de telecomunicações. O governo gastava por ano cerca de R$ 70 milhões com telefonia e Internet. O contrato de telefonia era de antes da privatização do Sistema Telebrás, e cada unidade do governo usava e pagava a telefonia a seu modo — sem controle. Então, em 2008, os técnicos da empresa de informática do estado (Ciasc) montaram uma estratégia para o governo economizar. Eles dividiram as telecomunicações em cinco categorias: rede central (backbone), provimento de Internet, capilaridade (conexão entre redes locais), nuvem (uma rede para as universidades e institutos de pesquisa) e telefonia. No decorrer do segundo semestre de 2008, eles realizaram três pregões.
No primeiro pregão, para contratar a rede central, apareceram representantes da GVT, da Brasil Telecom e da Embratel. No final, o governo conseguiu um desconto de 84,7% no preço do serviço. No outro pregão, de provimento Internet, o desconto foi de 60%. No outro, de capilaridade da rede (para ligar órgãos públicos, escolas, hospitais), o desconto foi de 72,5%. A economia dos outros pregões foi muito alta, acreditam os técnicos do Ciasc, por isso no pregão de telefonia ninguém apareceu.
Eles estimam que o governo de Santa Catarina gasta de R$ 25 milhões a R$ 27 milhões por ano apenas com telefonia. Com o pregão, eles esperavam contratar o serviço por, no máximo, R$ 9 milhões — uma economia de quase 65%.
O pregão número 38/2008 foi julgado deserto e está suspenso. Enquanto isso, os técnicos do Ciasc conversam com as operadoras para entender o que aconteceu. Conforme for, eles podem reescrever o edital ou apenas remarcar o pregão.
Eles já se reuniram com os representantes da GVT. O pessoal da GVT diz que não conseguiu um parceiro de equipamentos para participar do pregão (o edital prevê a instalação de telefonia IP em todos os 4 mil órgãos públicos do estado). Os técnicos também já imaginam a desculpa do pessoal da Brasil Telecom: a operadora foi comprada pela Oi, e nem tudo está funcionando.
>> infovia – I
A prefeitura de Santos prepara um edital para comprar 23 km de cabos óticos...


David José Gomes, gerente de TI da prefeitura de Santos (SP), terminou de escrever um edital para comprar 23 quilômetros de cabos de fibras óticas, sete switches para pontos de retransmissão (PoPs), 260 switches para as unidades da prefeitura, 800 ramais VoIP, além do serviço de implementação de todos os equipamentos. Com tudo isso, David conclui a Infovia Municipal. Quando estiver completa, a infovia terá 58 quilômetros; até agora, ele já licitou e instalou 35 quilômetros. David tenta convencer o prefeito a pagar pelo projeto em 30 parcelas. "A prefeitura", diz David, "tem dinheiro para pagar no máximo R$ 400 mil por mês."
Com a infovia, David pretende interligar 260 prédios da prefeitura, entre escolas, postos de saúde e escritórios. Com a rede pronta, ele cancelará o contrato da prefeitura com a Telefônica; a prefeitura paga R$ 1.300,00 por mês por conexão de 512 kbps — são 180 conexões. "A economia vai aumentar com os ramais VoIP." No trecho da infovia pronto, David instalou 28 câmeras, com as quais policiais militares e guardas de trânsito monitoram a orla de Santos; eles usam os telões do centro de monitoramento da prefeitura. Quando a rede inteira estiver pronta, David pretende instalar outras 35 câmeras.

>> infovia – II

... enfrenta dificuldades para fazer parcerias com empresas...


Contudo, diz David, terminar a infovia e investir ao mesmo tempo nos projetos que se tornam viáveis por causa dela custa caro. No ano passado, ele pediu aos empresários da cidade que financiassem parte da infovia; já apareceu em seis reuniões da Associação Comercial de Santos; poucos empresários se interessaram. "Esse tipo de coisa não é prioridade para eles, ainda mais depois da crise."
No entanto, depois de negociar quase um ano, David conseguiu estabelecer uma parceria com a Petrobras; o contrato será assinado em breve. A Petrobras vai pagar por 12% da infovia e vai fornecer mais câmeras, computadores e monitores para o centro de monitoramento da prefeitura; no total, vai investir R$ 1,1 milhão. Em contrapartida, usará a infovia para interligar quatro prédios em Santos.
Se tudo der certo, David e equipe começam as instalações em dois meses. "Se as empresas ajudarem a levar a infraestrutura até a porta dos órgãos da prefeitura, sobra dinheiro público para investir da porta para dentro."

>> infovia – III

... e unifica o banco de dados dos moradores que usam os serviços da prefeitura.


Enquanto o prefeito não autoriza o edital de licitação para os outros 23 quilômetros da infovia, David prepara um outro projeto, para implementar quando a infovia estiver pronta: o Cartão Cidadão. Com ele, quando um morador de Santos quiser matricular o filho na escola, ser atendido em um hospital ou verificar suas pendências com a prefeitura, será identificado por um único número.
O prefeito aprovou o projeto há um ano, mas David precisava unificar os bancos de dados da prefeitura, como o de saúde e o de educação. Até hoje, cada área mantém um banco de dados próprio, baseado em software livre. No banco de dados de saúde, por exemplo, há 1,1 milhão de registros, sendo que moram só 418 mil pessoas em Santos. Cada vez que um morador chega numa unidade da prefeitura, perde tempo para fazer um novo cadastro. "Os funcionários cadastram a mesma pessoa várias vezes."
Em meados do ano passado, David licitou um sistema para unificar três bancos de dados num só (saúde, educação e assistência social) e eliminar dados repetidos. Além disso, os sistemas que os funcionários já usam para registrar os usuários precisariam vincular o cadastro de cada um deles a um número único e armazenar tudo nesse novo banco de dados. A Enter Sistemas venceu a licitação e David assinou o contrato em 30 de março de 2009. Cinco técnicos da Enter implementarão o sistema em conjunto com outros cinco da prefeitura. Além disso, 30 funcionários da prefeitura ajudarão os técnicos a verificar os bancos de dados atuais. O projeto deve terminar em um ano, no mesmo prazo em que David pretende terminar a infovia municipal. "Se eu implementar esse projeto sem a infovia", diz David, "alguns órgãos não poderão atualizar o banco de dados da prefeitura."
Com os registros, diz David, a prefeitura conhecerá melhor os moradores de Santos. "Será mais fácil saber quem tomou vacina, ou quem está na escola." Além disso, o prefeito poderá justificar, ao governador, o modo como usa verbas estaduais para melhorar os serviços da cidade. O sistema vinculará cada cadastro a coordenadas geográficas, e ficará mais fácil saber quais órgãos da prefeitura atendem mais gente. "A prefeitura", diz David, "poderá investir nas áreas que precisam mais."
>> sped
A Intelig tem dois meses para adaptar os sistemas para o livro fiscal digital

Lucia Gobbi Simões, gerente de TI da Intelig, decidiu adaptar os sistemas de informática ao Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) em outubro de 2008. Mas, antes do Sped, ela e sua equipe precisavam primeiro atualizar a versão do sistema de gestão (ERP) e a versão do banco de dados principal da Intelig. Desde que foram instalados, diz Lucia, a equipe de informática nunca atualizou nem o ERP nem o banco de dados.
Ela contratou a ajuda de uma consultoria. Enquanto a consultoria e o pessoal técnico atualizavam os sistemas, Lucia conversou com o fabricante do sistema fiscal, responsável por gerar os arquivos do Sped fiscal. Ela precisava saber que modificações precisava instalar, para que o sistema fiscal conseguisse extrair todos os dados exigidos pala Receita Federal. Mas, segundo o fabricante, a resposta completa só viria depois que o novo ERP e o novo banco de dados estivessem em produção.
Como Lucia precisava terminar o Sped até 31 de maio de 2009, passou a acompanhar a atualização dos sistemas de perto: desde que o projeto começou, ela se reuniu toda semana com o gerente do projeto na Intelig e com o gerente na consultoria — meia hora por semana. Nas primeiras reuniões, eles planejaram como seria a migração. Depois, quando começaram a executar o projeto, Lucia passou a sair das reuniões preocupada. "Quando eu perguntava sobre o andamento do projeto, ninguém sabia me responder."
Durante quatro meses, Lucia pressionou os dois gerentes, mas eles não seguiram o cronograma. "O projeto estava fora dos trilhos." No início de fevereiro de 2009, ela ligou para o presidente da consultoria e pediu ajuda. Depois da ligação, os consultores passaram a trabalhar de modo diferente, e devem concluir o projeto no início de abril. Lucia terá só dois meses para alterar o ERP, o banco de dados e o sistema fiscal, e assim pôr o Sped em produção. "Não sei se consigo entregar os arquivos do Sped na data." Se a Intelig não entregar os arquivos de janeiro a maio de 2009 no prazo, a Secretaria da Fazenda do Rio de Janeiro poderá multá-la.
>> evento
O Fórum TI & Governo 2009 acontece em maio


A Plano Editorial prepara a sexta edição do Fórum TI & Governo, que acontece no Vila Galé Marés Resort, na praia de Guarajuba, na Bahia, de 14 a 17 de maio.
Durante o evento, 65 executivos de informática (de órgãos e empresas estaduais e federais) conversarão sobre gestão de informática, aplicações da informática e gestão de recursos humanos. Eles também irão participar de palestras, jogos empresariais e reuniões com fornecedores de serviços e produtos feitos para governo.
>> lixo moderno
Pesquisa dá aos governantes licença para cobrar

Se um governante pretende reduzir a quantidade de lixo eletrônico, deve instituir uma nova taxa, a ser cobrada no momento em que o consumidor compra um equipamento eletrônico novo. A recomendação veio de uma cientista da Universidade de Stanford, Erica Plambeck, e de um cientista a serviço da Alcatel-Lucent, Qiong Wang.
Os dois usaram várias ferramentas da matemática para estudar a eficiência de dois métodos: [1] o governante cobra uma taxa no momento da compra, e usa a taxa para financiar a coleta e a reciclagem do lixo eletrônico; [2] o governante obriga os fornecedores a organizar a coleta, e cobra uma taxa no momento do descarte para financiar só a reciclagem.
Com as simulações matemáticas, os dois demonstraram que o primeiro método (taxa na compra) funciona melhor do que o segundo: cai a quantidade de lixo eletrônico, e o lucro dos fabricantes aumenta. (Pois cai o número de novas versões do mesmo equipamento, e aumenta a qualidade dos equipamentos postos à venda; os consumidores pagam um pouco a mais, já que o equipamento vai durar mais.) Nos Estados Unidos, o governo não consegue cobrar taxas na compra porque os fabricantes se opõem.
Uma informação importante: nas simulações dos dois, o governante cumpre o que promete. Ele cobra a taxa, mas coleta o lixo eletrônico e recicla. De verdade.
>> dica
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