quarta-feira, 23 de setembro de 2009

>> fórum TI & governo municípios – I
O prefeito de Camaçari pede inovações...


##Bruno Alcântara Vieira de Moura chega em casa lá pela meia-noite, e volta a escrever o documento sobre a rede que está montando em Camaçari. Ele precisa de R$ 2,39 milhões para terminar a rede, interligar todos os prédios da prefeitura e dar acesso à Internet para a população.
##Bruno foi convidado pelo secretário de gestão a assumir a coordenação de TI da prefeitura, em dezembro de 2006, pois o prefeito queria que os cidadãos enxergassem uma gestão moderna, melhor do que a anterior. Contudo, para fazer esses projetos, Bruno precisava de infraestrutura e rede, coisas que a prefeitura não tinha.
##Quando ele chegou em Camaçari, encontrou máquinas novas (com uns cinco anos), e conexão de Internet boa, mas os equipamentos de rede, os cabos e os sistemas eram tão velhos que atrapalhavam a comunicação.
##Então, ele primeiro trocou o cabeamento do centro administrativo, composto por três prédios onde estão as principais secretarias. Mas ainda faltava conectar 220 unidades remotas; ele pensou em usar rádios.

>> fórum TI & governo municípios – II

... então o gestor de TI planeja uma rede para interligar a prefeitura...


##Segurança era um dos itens de campanha do prefeito, que já andava às voltas com um projeto de câmeras de videomonitoramento. Bruno sabia que podia instalar as câmeras com antenas de rádio acopladas, assim as antenas de rádio transmitiriam outros dados da prefeitura, além das imagens para a central de monitoramento. Em junho de 2008, ele conseguiu o aval para comprar 22 câmeras e 22 antenas de rádio. E percebeu que podia transformar isso num projeto maior, de cidade digital.
##Com a cidade digital, com a Internet irradiando nas ruas da cidade, a prefeitura ofereceria serviços modernos e a população se aproximaria do governo. Mas, na época, o prefeito não deu muita bola.
##Até que um dia, numa cerimônia de premiação, o prefeito de Camaçari viu outro prefeito recebendo um troféu por causa de um projeto de cidade digital. Depois disso, ele deixou Bruno continuar o projeto.
##Bruno foi atrás de parcerias: falou com o pessoal das secretarias de saúde, fazenda e educação — as que mais usam informática. "Se a gente não se unisse", ele diz, "todos iam morrer."
##No passado, o pessoal de saúde montou uma rede Wi-Fi 802.11b para interligar 40 pontos; mas a rede caía toda hora, até por causa de telefones sem-fio. Quando eles viram as antenas de monitoramento funcionando, se interessaram; e Bruno os convenceu a comprar antenas com a mesma configuração, assim elas conversariam entre si.
##O pessoal de saúde comprou um transmissor central de rádio e 63 receptores, e com isso eles conectaram 63 postos de saúde (que usam o sistema de gestão de saúde, inclusive com marcação de consulta online) e 38 escolas.
##Ainda faltava conectar 60% das escolas e de outros prédios e secretarias, alguns localizados na orla.

>> fórum TI & governo municípios – III

... e vai atrás de patrocínio externo para terminar o projeto.


##Foi quando Bruno percebeu que a única secretaria com unidades na orla era a secretaria de educação. "Eles têm plano e metas para cumprir." Então ele os convenceu a instalar uma rede para ligar as escolas. Novamente, sugeriu os mesmos equipamentos.
##Dessa vez, licitou 120 receptores, 50 transmissores e uma máquina para armazenar dados. A licitação ocorreu no final de 2008. Mas a prefeitura não tinha dinheiro para pagar.
##As prefeituras arrecadaram menos em 2008 e 2009. Em agosto de 2009, elas receberam do governo federal 23,15% a menos do que receberam em agosto de 2008, segundo a Confederação Nacional de Municípios. E em 2008 a arrecadação em Camaçari caiu 25%. "Num momento de crise", diz Bruno, "a gente tem consciência de que precisa parar os projetos de informática e priorizar os projetos essenciais, como abrir hospital, porque tem gente doente lá."
##Ele precisa de R$ 2,39 milhões para liberar os equipamentos com o fornecedor. Por isso, ele acorda às 5 horas, vai para a academia, dirige 42 quilômetros até o trabalho, depois vai para a faculdade e, quando chega em casa, em Salvador, volta a escrever o documento, que já está com 80 páginas. Ele quer terminar todo o detalhamento, benefícios, gastos, retorno, objetivo, até o final de setembro.
##Como antes o projeto era da prefeitura, ele só escreveu duas páginas para mostrar ao prefeito. Mas agora Bruno tem de terminar o projeto enquanto o perfeito ainda está no poder. Daí ele vai mostrar para o prefeito e depois buscar recurso externo, talvez com o Ministério da Ciência e Tecnologia, ou com o Banco Mundial, ou outro órgão que patrocine projetos assim.
>> fórum TI & governo municípios – IV
Depois de sofrer com as operadoras...


##David José Gomes, chefe do departamento de TI e de modernização administrativa da Prefeitura de Santos, precisava interligar os prédios da prefeitura, mas não tinha dinheiro para pagar o que a operadora pedia. Então ele construiu uma rede por conta própria, mas o dinheiro acabou antes que a rede chegasse a todo lugar. Como Santos pode virar um polo tecnológico a qualquer momento, precisa de uma boa rede de dados para que funcionários da Petrobras e cientistas trabalhem. David tem de encontrar uma forma para terminar a rede.
##A ideia de montar uma infovia surgiu em 2005, quando David decidiu interligar as unidades da prefeitura. Ele percebeu que as unidades usavam aplicativos pesados, escritos em linguagem VB6, portanto as redes de dados não suportariam o tráfego. Na época, a prefeitura tinha conexões de 128 kbps e de 256 kbps, no máximo. Para usar conexões das operadoras, ou a prefeitura reescrevia os aplicativos ou montava uma rede própria. "Queremos ser independentes de operadoras."

>> fórum TI & governo municípios – V

... os técnicos de Santos planejam uma infovia municipal...


##Para conectar 256 unidades da prefeitura (secretarias, hospitais, escolas), David planejou uma rede com 250 quilômetros de fibras óticas, formada por dois anéis principais de 10 Gbps, e cerca de 250 enlaces secundários de 1 Gbps. A infovia custaria R$ 20 milhões; e ele poderia instalar câmeras para monitorar a cidade, permitir que os funcionários da prefeitura telefonassem entre si de graça, e ainda teria banda para fazer aulas a distância. O prefeito aprovou a proposta.
##Em 2005, o Banco do Brasil fez uma parceria com a prefeitura e instalou 22 quilômetros de fibras óticas. David conseguiu uma verba de R$ 5 milhões com o prefeito e instalou mais 30 quilômetros. E os empresários do porto de Santos patrocinaram mais 8 quilômetros. Com isso, David conseguiu 60 quilômetros para a infovia: interligou 40 prédios e instalou 32 câmeras para monitorar a cidade.
##Agora, o deputado federal Márcio França conseguiu R$ 1,1 milhão para a prefeitura instalar Internet gratuita para a população carente da zona noroeste; e a prefeitura deu mais R$ 100 mil para o projeto. Com o dinheiro, David vai comprar nove rádios e mais nove quilômetros de fibras óticas. Os equipamentos levarão a Internet para 60 mil pessoas e permitirão que David construa mais um pedaço da infovia, para interligar mais quatro escolas, um hospital, uma maternidade e dois prontos-socorros. "O edital está em análise na procuradoria jurídica."
##David ainda precisa de 12 quilômetros de fibras óticas terminar os dois anéis principais; e de 190 quilômetros para terminar toda a infovia e conectar os 256 prédios da prefeitura. Ele está terminando um grande edital para licitar o resto da rede.

>> fórum TI & governo municípios – VI

... mas o dinheiro acaba antes.


##Hoje a prefeitura gasta R$ 570 mil por mês com telefonia local e transmissão de dados. A manutenção da infovia custará R$ 50 mil por mês. Então, David estima que a prefeitura reaverá o investimento em três anos.
##Por isso, ele decidiu pagar a rede em parcelas: o ganhador da licitação deve instalar os equipamentos e as fibras em seis meses, mas deve receber o pagamento em 36 meses. Só falta resolver essa questão do financiamento que o edital fique pronto. "É um edital que nunca fizemos, então estamos demorando um pouco." O prefeito lhe deu 30 dias.
##Num edital de R$ 15 milhões, David sabe que haverá disputas judiciais, impugnações. Mesmo assim, ele acha possível concluir a infovia em um ano, a tempo de Santos se tornar um polo industrial.
>> sem-fio – I
A Infraero desiste de oferecer Internet gratuita nos aeroportos...


##Na primeira semana de setembro, Hércules Santos, gerente de infraestrutura e suporte e responsável pelo projeto de redes sem-fio nos aeroportos, leu uma reportagem num jornal sobre Murilo Marques Barboza. Murilo assumiu a presidência da Infraero, empresa pública que administra os 67 aeroportos do país, em 13 de agosto. Ele soube, ao ler a entrevista, que a Infraero não vai mais oferecer Internet sem-fio de graça nos aeroportos; só os funcionários da Infraero usarão a infraestrutura para acessar os sistemas da Infraero. "O presidente quer avaliar melhor o projeto", diz Hércules, "por causa da segurança."
##Hércules conversou com Murilo e depois montou uma equipe de cinco técnicos para avaliar a segurança das redes sem-fio que já funcionam em 12 aeroportos. Desde a semana passada, eles testam a rede para descobrir quais sistemas e equipamentos de segurança precisariam comprar, caso compartilhassem a rede com os passageiros. Hércules precisa ser capaz, por exemplo, de fornecer informações sobre os computadores que acessaram a rede num determinado dia e horário, caso a Polícia Federal precise da informação. Além das especificações técnicas, Hércules avaliará quanto a Infraero precisará investir para manter a rede segura.
##Só quando Hércules terminar o relatório sobre a segurança da rede é que Murilo reavaliará o projeto de oferecer banda larga sem-fio gratuita para os passageiros. "Ainda não tenho prazo para terminar."

>> sem-fio – II

... depois de investir R$ 2 milhões para instalar rede em 12 aeroportos...


##Hércules assumiu o projeto de redes sem-fio nos aeroportos em outubro de 2008, quando Sérgio Gaudenzi ainda era presidente da Infraero. Desde então, já gastou mais de R$ 2 milhões para implementar redes sem-fio nos aeroportos de Belém, Brasília, Campinas, Confins, Curitiba, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Contudo, Sérgio deixou o cargo em dezembro de 2008 e a Internet de graça parou.
##No início de 2009, Hércules propôs uma parceria às operadoras de telefonia fixa, como Telefônica e Embratel, e aos provedores de Internet. A Infraero implementaria a rede sem-fio para distribuir a banda larga e as operadoras e provedores subsidiariam 15 minutos de acesso gratuito à Internet para os passageiros — depois disso, o passageiro usaria um cartão da operadora ou do provedor para continuar conectado. Ninguém se interessou.

>> sem-fio – III

... e planejar novas redes para outros 20 aeroportos até o final do ano.


##Embora não tenha autorizado Hércules a oferecer banda larga sem-fio para os passageiros, Murilo já o autorizou implementar a rede sem-fio em mais 20 aeroportos até o final de 2009, mas só para funcionários da Infraero. Desde agosto, a equipe de Hércules ajuda os gerentes de TI dos aeroportos a elaborar o projeto da rede e já apresentou a eles a ata de registro de preços que usou para comprar antenas e equipamentos de rede para o Aeroporto de Guarulhos, no final de 2008.
##Até agora, seis aeroportos aderiram à ata, que é válida até 17 de outubro. Se gerentes de TI de todos os 20 aeroportos não terminarem os projetos até lá, terão de escrever um novo edital de licitação. "Quero implementar a rede nos 20 aeroportos até o final do ano."
>> funciona bem
A Prodesp contrata serviço de SMS para órgãos do governo de São Paulo


##A Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo queria avisar os desempregados sobre vagas abertas, por meio de um mecanismo simples e rápido, e pediu a ajuda dos técnicos da Prodesp. E os técnicos foram atrás de solução.
##Eles entrevistaram representantes de operadoras de telecomunicações para entender como funcionava o serviço de mensagens curtas de texto (SMS); e entrevistaram representantes de empresas especializadas no envio de SMS, os brokers. Os brokers têm contratos com todas as operadoras celulares, têm software de bilhetagem, têm ferramentas para gerenciar quantas mensagens foram entregues no celular de cada operadora, e geram relatórios sobre tudo.
##Os técnicos da Prodesp acharam melhor contratar um broker. Como a secretaria tinha pressa, eles fizeram um edital simples: contrataram 5 milhões de mensagens unidirecionais (o cidadão só recebe o SMS, mas não responde), ou seja, contrataram mensagens para uns 12 meses. O broker vencedor do pregão ofereceu cada mensagem por R$ 0,8999.
##Eles fizeram uma prova de conceito com o Poupatempo, para mandar SMS para os cidadãos com serviços agendados. A Prodesp (que hospeda o sistema de agenda do Poupatempo) gera um arquivo para o broker, com o número do celular, o nome da pessoa e o texto da mensagem (Sua agenda está confirmada para...). O broker dispara os SMS, monitora as falhas e gera relatórios.
##Com os relatórios do broker, eles criam relatórios para o Poupatempo e a secretaria — que podem ligar para o cidadão, se quiserem. Segundo Sílvia Helena Negrini Campanile, gerente de inovação tecnológica da Prodesp, os cidadãos faltaram menos nos serviços no Poupatempo depois que passaram a receber os SMS. "O serviço funciona bem e o resultado é excelente."
##Agora, os técnicos da Prodesp trabalham num novo edital, com mais mensagens e serviços mais completos. "Até com a possibilidade do cidadão responder o SMS."
##Se o cidadão responder "sim" ou "não", o órgão do governo pode saber se ele comparecerá ou não ao serviço agendado. "Hoje a gente sabe se o SMS foi entregue, e com esse complemento também saberemos se ele leu."
##Mas a Prodesp não pode fazer outro leilão sem ter a quantidade de mensagens desejadas por seus clientes. Por isso os técnicos estão estudando outros projetos com o Instituto do Coração (InCor) e com a Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap).
>> qualidade – I
O NIC.br começa a medir as conexões de banda larga no Brasil em outubro...


##Milton Kaoru, diretor de projeto do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), assinou uma parceria com o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade (Inmetro) e com a Anatel para medir a qualidade das conexões de banda larga no Brasil. A cerimônia ocorreu no final de julho. Milton planejava instalar o Sistema de Medição de Tráfego de Última Milha (Simet) no computador de voluntários de diversas cidades; o Simet mandaria as medições para um banco de dados central. Depois, Milton geraria relatórios de qualidade por localidade e por operadora.
##Antes de começar, Milton e o pessoal do Inmetro se reuniram com representantes de associações que representam as operadoras, como a Abrafix, a Abranet e a ABTA. "Eles se preocuparam", diz Milton, "porque às vezes o problema não é na rede, mas na casa do usuário." Talvez o usuário tenha computadores antigos, cabos impróprios, ou talvez abra vários aplicativos ao mesmo tempo. Se o Inmetro não levasse coisas assim em conta, as operadoras reclamariam das medições. "Precisávamos nos antecipar aos questionamentos."
##Já no início de agosto, a equipe de Milton adaptou o Simet para funcionar em qualquer sistema operacional. Além disso, em vez de instalar o Simet no computador dos voluntários, Milton decidiu instalar terminais burros, do tipo thin client, na casa do cliente, e decidiu interligar o terminal ao Simet por meio de uma conexão de banda larga independente, paga pelo NIC.br. Os técnicos também conectaram um GPS ao terminal, para informar a localização do equipamento e o horário de cada registro. "Isso já daria uma precisão maior aos resultados."
##Em oito cidades (Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo), Milton promete instalar 100 terminais, ou seja, uns três terminais para cada uma das operadoras em cada uma das cidades. Ele já comprou os 100 terminais com GPS, por R$ 1 mil cada um, e planeja gastar no máximo R$ 100,00 ao mês por conexão de banda larga de 2 Mbps.

>> qualidade – II

... depois de selecionar voluntários que dispensem assistência técnica.


##Para garantir os resultados, no entanto, Milton ainda precisava contratar técnicos para instalar os terminais e ir na casa de cada voluntário para conferir o cabeamento. "Estamos dispostos a gastar mais para evitar que as operadoras contestem os resultados."
##Os custos do projeto são altos, e Milton discutiu com sua equipe várias vezes como reduzi-los. Numa dessas reuniões, a equipe achou que, em vez de recrutar voluntários comuns, era melhor recrutar técnicos de informática ou de telecom. Os próprios voluntários instalariam os terminais e achariam defeitos, caso alguma coisa não funcionasse.
##No final de agosto, Milton resolveu procurar voluntários em listas de discussão técnicas na Internet e em grupos do próprio NIC.br, como o Grupo de Trabalho de Engenharia e Operação de Redes (GT-ER). Quando os voluntários se candidatam, a equipe de Milton verifica o CEP do endereço, para não ter dois usuários no mesmo bairro, e classifica o voluntário de acordo com o conhecimento técnico. Milton ainda não selecionou nenhum voluntário.
##Para conseguir um número razoável de medições até o final do ano, Milton precisa encontrar os 50 voluntários até o final de setembro, quando os terminais chegam. Depois de medir as conexões, ele precisa de tempo para consolidar os resultados e enviá-los para as operadoras contestarem. Só depois de analisar as respostas das operadoras, o Inmetro divulgará os resultados para o público em geral. O Inmetro tem pressa porque planeja divulgar os resultados ainda este ano, num programa de TV de grande audiência, como o Fantástico, da Rede Globo.
##Se o projeto der certo, em 2010 Milton pretende medir também a qualidade das conexões de banda larga móvel.
>> pesquisa – I
A RNP inaugura a rede metropolitana de Aracaju, mesmo sem conectar todas as instituições...


##Na tarde de segunda-feira passada, 14, Dilton Dantas de Oliveira, coordenador de rede da Universidade Federal de Sergipe, foi ao Centro de Convenções de Sergipe para ver de perto dois políticos (Sergio Rezende, ministro da Ciência e Tecnologia, e Marcelo Déda, governador de Sergipe) na inauguração da Rede Metropolitana de Aracaju (Metroaju). Desde o início do ano, Dilton aguardava essa inauguração; ele pretendia demonstrar a velocidade da rede usando um sistema de videoconferência, mas não teve tempo de preparar nada. "Ainda nem conectamos todas as instituições à rede."
##Dilton é o coordenador técnico da Metroaju desde 2005, quando a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) aprovou o projeto, porque ele interligaria quatro instituições importantes para o estado: a Universidade Federal de Sergipe (UFS), a Escola Agrotécnica Federal de São Cristóvão, o Centro de Pesquisa Agropecuária de Tabuleiros Costeiros e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe.
##Desde então, ele ajudou a RNP a contratar uma empresa para instalar os 28,7 quilômetros de cabos de fibras óticas, alugar os postes da Energisa para passar os cabos, instalar switches e roteadores, e configurar a rede. Essas tarefas todas só terminaram em fevereiro de 2009. "Tenho que dividir meu tempo entre trabalhar na universidade e coordenar a rede."
##Dilton e seu pessoal só em março instalaram as primeiras conexões com a Metroaju e, até agora, conseguiram oferecer 1 Gbps para os pesquisadores da UFS e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe. Para conectar a Escola Agrotécnica Federal de São Cristóvão, que está a 15 quilômetros da Metroaju, Dilton terá de instalar uma conexão por rádio, mas aguarda a RNP comprar os equipamentos. "Só o aluguel dos postes ficaria mais caro que o enlace de rádio."

>> pesquisa – II

... e as quatro instituições discutem como gerenciar e dividir os custos para manter a rede.


##Até agora, a RNP já investiu cerca de R$ 395 mil para implementar a Metroaju, com dinheiro da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Contudo, ao final do projeto, as quatro instituições conectadas terão de contratar uma empresa para manter a rede. Pelo projeto inicial, Dilton estima que o contrato de manutenção custará cerca de R$ 10 mil por mês; cada instituição pagará no máximo R$ 3 mil. "Sairá bem mais barato do que pagar pelos enlaces de rede das operadoras." Juntas, as instituições devem economizar cerca de R$ 6 mil por mês, além de substituir os enlaces de rede de 4 Mbps por outros de 1 Gbps.
##Mas, antes disso, elas ainda precisam formalizar um convênio e criar um modelo de gestão para a Metroaju, para depois licitar o serviço de manutenção. "Sem esse modelo, não dá para definir a contribuição de cada um." Nas reuniões do comitê gestor, os representantes discutem como nomear a UFS como gestora da Metroaju: nesse modelo, as outras instituições repassariam a verba todo mês à UFS. Caso as instituições assinem o convênio logo, Dilton planeja contratar uma empresa para conectar o Centro de Pesquisa Agropecuária de Tabuleiros Costeiros e a Escola Agrotécnica à Metroaju; assim, terminará o projeto mais rápido. "Mesmo com a rede pronta, não há prazo para estabelecer esse modelo."
>> o comércio do futuro - I
Didier Lamouche, presidente da Bull, chama a atenção para os supercomputadores...


##Didier Lamouche, o presidente da Bull em todo o mundo, se curva sobre o notebook e procura um quadro de PowerPoint; quando acha, sorri ao projetar na parede um gráfico de barras verticais. Uma das barras se sobressai bastante das outras; ela representa o número de HPCs instalados nos Estados Unidos. (HPC é a sigla moderna para supercomputador; significa high-performance computer.) Outras três barras, bem menores, representam o número de HPCs instalados na Europa, na China e na Índia. "O Brasil", diz Lamouche, "nem aparece nesse gráfico." Para ele, americanos, europeus, chineses e indianos viram algo que os brasileiros ainda não viram.
##Lamouche se juntou à comitiva do presidente da França, Nicolas Sarkozy, e se encontrou com políticos e empresários brasileiros na semana passada. Conversou brevemente com Lula e com Miguel Jorge, o ministro do desenvolvimento. Assinou um acordo de cooperação com o Serpro. Deu entrevista para jornalistas num hotel de São Paulo — quando projetou o gráfico de barras verticais na parede. Procurou explicar a todos o que o Serpro, a Infraero, a Intelig e os HPCs têm em comum.

>> o comércio do futuro - II

... liga os supercomputadores à Intelig, à Infraero e ao Serpro...


##Bull e Serpro pretendem construir juntos ferramentas para montar portais e para interligar sistemas; no futuro, pretendem fundir o robô-programador da Bull, o NovaForge, com o robô do Serpro, o Demoiselle; e pretendem construir ferramentas para a construção de portais especializados na vida de alunos, professores e pais. Bull e Infraero concluíram o primeiro sistema Java feito com o NovaForge; nenhum ser humano escreveu nenhuma linha de código Java. O preço por ponto de função ficou igual aos preços de mercado, e isso com um sistema só. Mais tarde, quando o NovaForge estiver produzindo dezenas de sistemas para dezenas de clientes, os preços por ponto de função devem cair 50%. Por último, Bull e Intelig já assinaram dez aditivos ao contrato pelo qual a Intelig vende banda larga WiMAX para empresas, mas, em troca de aluguel, a Bull instala e opera a rede.
##A Bull passou vários anos dando prejuízo, diz Lamouche, mas ela se refez em 2005 e desde então cresce e dá lucro. Ela se concentrou em HPCs, em serviços complexos apoiados por software aberto (como o serviço prestado à Infraero, apoiado pelo NovaForge), e em serviços complexos apoiados por CPDs de grande porte (como o serviço prestado à Intelig, apoiado pelo CPD da Bull em São Paulo). No futuro, diz Lamouche, as três linhas estratégicas devem convergir — e no centro delas ficam os HPCs.

>> o comércio do futuro - III

... e promete pôr o pessoal da Bull para ajudar.


##Americanos, europeus, chineses e indianos se organizam para montar centros de simulações por computador, e assim vender mais para clientes no mundo todo; por isso eles instalam grandes HPCs. Na França, diz Lamouche, um fabricante de champanhe usa simuladores para compreender a química das bolhinhas. Quanto menor o diâmetro das bolhas, mais elogios dos provadores profissionais de champanhe, e maior o preço. Testar novas receitas de champanhe num simulador demora menos e custa menos do que testá-las em condições reais.
##O governo brasileiro já instalou oito HPCs. Cada um deles funciona dentro de um Centro Nacional de Processamento de Alto Desempenho (Cenapad); todos os Cenapads fazem parte de universidades. A Bull instalou seis desses oito HPCs, inclusive os três maiores. Mas o maior deles, de 850 processadores, é cem vezes menor do que o maior HPC americano.
##Isso porque os cientistas brasileiros, diz Lamouche, empregam menos os HPCs do que poderiam e deveriam. Físicos e estudantes de física usam 90% das horas de processamento dos oito HPCs brasileiros. O físico usa o HPC para rodar cálculos complexos e preparar experiências; depois usa o HPC para rodar cálculos complexos e compreender os resultados das experiências; e por fim ele publica sua tese de doutorado sobre, por exemplo, os efeitos da temperatura nas características quânticas dos nanotubos de ouro. Isso é bom para o físico e para a universidade, mas é pouco para o Brasil.
##Os cientistas fariam melhor se juntassem tudo o que sabem em simuladores. Se físicos, químicos, agrônomos, meteorologistas e biólogos juntam o que sabem num simulador, o agricultor do Rio Grande do Sul pode testar sementes de videiras, técnicas de aragem e de irrigação, fermentação — tudo no computador, tudo antes de realizar qualquer ação concreta. Se os cientistas fizessem isso, os vinicultores brasileiros competiriam bem com os de Champagne. Mas os brasileiros, os cientistas inclusive, se intimidam com as simulações. Acham que um simulador ficará caro demais, e dará trabalho demais.
##Outro dia, num dos clientes, a Bull trocou um HPC velho por um novo. A capacidade de processar dados aumentou 400%, o consumo de energia caiu 64%, o espaço ocupado dentro do CPD caiu 86%. Os HPCs ficaram mais baratos, diz Lamouche; o Brasil deveria montar um grande HPC, deveria comprar ou criar simuladores, deveria alugar as horas de simulação para empresas de todos os tamanhos, em todos os estados. Lamouche promete pôr o pessoal da Bull para ajudar.