quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

>> pregão na crise - I
O Ministério Público Federal contrata uma rede...

Paulo Knupp dos Santos é secretário de TI do Ministério Público Federal. Desde 1994, quando entrou no MPF, ele trabalha num sistema único que seria usado por todas as procuradorias do MPF. Mas as procuradorias só conseguiriam acessar bem o sistema se a rede de comunicação do MPF fosse moderna — e não uma rede instalada em 1998. Ele pensou em contratar uma nova rede para o MPF. Sendo assim, por que não contratar uma rede única para todo o Ministério Público da União?O Ministério Público da União (MPU) é formado pelo Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Militar e pelo Ministério Público do Distrito Federal. Cada órgão usa uma rede de comunicação distinta. Se o MPU tivesse uma rede de comunicação única, todos os funcionários falariam ao telefone sem gastar nada, e interligariam bem os sistemas para compartilhar ferramentas úteis, como a que controla os planos de saúde.Como o contrato da rede do MPF já tinha vencido, Paulo precisava contratar logo o novo serviço de telecomunicações. Ele e os técnicos do MPU escreveram um edital para contratar uma rede multisserviço que transmitisse dados e vídeo, como na rede antiga, e também voz. Ele convenceu o MPU a usar a rede também. “A rede passaria de 170 pontos do MPF para 400 pontos de todo o MPU.”Paulo publicou o edital em outubro e o pregão presencial ficou marcado para 15 de dezembro de 2008. A operadora que vencesse o pregão faria a cogestão da rede com o MPF.

>> pregão na crise - II
... para ser usada por todo o Ministério Público da União...

No pregão, apareceram representantes da Embratel, do consórcio Oi/Telefônica e da Via Telecom.Paulo mantinha grandes esperanças. Achava que a Embratel brigaria para manter o MPF como cliente, e que a Oi/Telefônica brigaria para ganhar o cliente. Com isso, o MPU economizaria 5%, mesmo com o aumento de pontos e o serviço de voz.O pregoeiro abriu as propostas.A proposta da Via Telecom era a mais barata. A proposta do consórcio Oi/Telefônica era cinco vezes mais cara; e a proposta da Embratel custava duas vezes mais que a proposta da Via Telecom.A crise prejudicou o pregão, diz Paulo. “Se tivéssemos feito em outubro, tenho certeza que o preço das grandes operadoras seria menor.” Se o MPF fosse uma empresa privada, ele teria esperado mais um ano para fazer o pregão. Mas o MPF já tinha prorrogado o contrato com a Embratel e Paulo tinha de seguir a lei.O representante da Oi/Telefônica não baixou o preço. O representante da Embratel pensou, telefonou, tentou negociar, mas também não baixou. Nenhum dos dois chegou a dar lances. Paulo pediu para suspender o pregão. Ele não conhecia a Via Telecom.

>> pregão na crise - III
... para compartilhar sistemas e economizar na telefonia.

A Via Telecom participou pouco do processo do edital e, na fase de consulta pública, não enviou perguntas ou sugestões. Durante o pregão, Paulo descobriu que a Via tinha prestado serviço para o Tribunal Superior Eleitoral durante as eleições municipais de 2008. Ele ligou para um amigo no TSE.A Via, disse o amigo, manteve a rede de todos os municípios funcionando, durante os dias de votação. O TSE não teve problemas com as redes, nem com a Via. “A Via Telecom é do grupo da Probank”, descobriu Paulo, “que também mantém a rede do programa Bolsa Família.”Paulo mandou o pregão continuar. A Via Telecom foi eleita vencedora. Irá fornecer uma rede de 400 pontos, que por cinco anos será usada pelos funcionários do Ministério Público da União inteiro. O MPU pagará R$ 2,5 milhões por mês — em relação ao preço dos 170 pontos, o novo preço empatou ou ficou um pouco acima, mas Paulo ainda não fez todas as contas.No dia seguinte ao pregão, Paulo se reuniu com os representantes da Via Telecom; e os técnicos também fizeram reuniões. Todos ficaram satisfeitos.Os técnicos da Via Telecom ligarão primeiro o MPF, o conselho nacional, a escola do MP, o Ministério Público do Distrito Federal. Até julho de 2009, a rede nova começa a funcionar nesses lugares. Depois, eles ligam o Ministério Público Militar até novembro. E até janeiro de 2010, eles ligam o Ministério Público do Trabalho.Os funcionários do MPU conversarão entre si usando telefonia IP. E poderão compartilhar os sistemas que já estão prontos, como o de gestão de recursos humanos e o de assistência técnica.
>> projetos mais baratos
A Casan renegocia contratos de telecom e aplica parte da economia em informática

Em março de 2008, Cezar Paulo de Luca, na época diretor de planejamento, orçamento e informação da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), chamou Fabrizio Ferrari, gerente de TI, para conversar sobre custos. Cezar pediu que Fabrizio revisasse os custos da TI e propôs um acordo: se ele reduzisse os custos, o valor economizado seria revertido para a própria TI. “Ele sabia que ainda havia gordura na TI.”Desde 2007, Fabrizio e os outros gerentes já procuravam formas de reduzir os custos na Casan. Os diretores implantaram um programa de melhoria financeira e de gestão de resultados em todas as áreas da empresa; eles queriam reduzir as dívidas, porque o BNDES e o Ministério das Cidades analisam as dívidas antes de conceder financiamento às empresas de saneamento. A cada trimestre, os gerentes e diretores da Casan se reúnem para avaliar se cada departamento alcançou a meta. O programa continua até 2015.Depois de se reunir com Cezar, Fabrizio reuniu a equipe de TI para analisar quais contratos poderiam rever. Os contratos com a Brasil Telecom foram os primeiros, porque a TI era responsável por eles há poucos meses. “Ninguém se relacionava com a operadora.” Fabrizio se reuniu durante três meses com a Brasil Telecom (única operadora que pode atender todas as unidades da Casan) e propôs renegociar as tarifas. No caso de telefonia fixa, a operadora reduziu as tarifas em 25%; no caso dos enlaces de rede, reduziu em 50%. Depois dos acordos, a Casan passou a economizar R$ 120 mil por mês.Em outubro de 2008, Fabrizio resolveu verificar as contas de celular. “As pessoas abusavam.” Novamente, ele se reuniu com os técnicos da operadora, pediu alternativas e descontos. No fim da conversa, optou por definir cotas de minutos para cada um dos 350 celulares e contratou, por R$ 7,00 ao mês por celular, o serviço de ligações sem limite entre os celulares da Casan. Fabrizio levou as contas de telefone para Cezar ver, e deu ideias para o dinheiro poupado. Ainda em 2008, Fabrizio conseguiu usar parte do valor que economizou para contratar 12 técnicos para a equipe de TI e ampliar o departamento. Além disso, comprou 60 computadores e informatizou 78 agências da Casan, que ainda não tinham enlace de rede. Agora, Fabrizio espera os diretores divulgarem o balanço de 2008 para saber o quanto realmente economizou com a TI. Depois, ele vai conversar com Celso Pereira, novo diretor da área, para tentar reinvestir o restante do valor que economizou em 2008.Em março de 2009, Fabrizio teria de negociar os contratos de telefonia novamente, mas resolveu antecipar as reuniões com a Brasil Telecom (agora, Oi). Por causa da crise, está mais difícil conseguir descontos, mas mesmo assim conseguiu reduzir o valor das tarifas de voz em 25% e o valor total do contrato de enlaces de rede em 79%. Além disso, em 2009 Fabrizio promete reavaliar outros contratos da TI, como o serviço de impressão, que vence em março. Nos serviços em que Fabrizio não conseguir desconto, também não aceitará o reajuste no contrato. “Aprendi a não aceitar a primeira ou segunda proposta que recebo dos fornecedores.”
>> sucessão - I
Hugo Hoeschl, do Ciasc, deixa a presidência da Abep em março...

No dia 5 de março, Hugo Cesar Hoeschl, presidente do Centro de Informática e Automação de Santa Catarina (Ciasc), participará da última reunião como presidente da Abep, a Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Tecnologia da Informação e Comunicação. A reunião acontecerá em São Paulo e os diretores e presidentes dos departamentos de TI de todos os estados estarão presentes. É quando eles escolherão o novo presidente da Abep.Nas eleições da Abep, diz Hugo, ninguém se candidata para concorrer à presidência. “A sucessão é natural.” Durante a reunião, os associados avaliam uns aos outros e a si mesmos: cada um deles contribuiu com a programação do Seminário Nacional de Tecnologia da Informação e Comunicação para Gestão Pública (Secop)? Cada um deles se envolveu nas atividades da Abep? Qual deles tem feito o trabalho mais admirado, no estado em que trabalha? “Essa discussão gera um consenso sobre quem deve assumir.”

>> sucessão - II
... mas, antes de sair, pedirá isenção de impostos.

Alguns departamentos de TI do governo, diz Hugo, pagam impostos para funcionar, porque têm as palavras empresa ou companhia no nome. É o caso da Companhia de Processamentos de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp) e outras dez empresas de TI estaduais (dos estados do Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Sul e Sergipe). Nos estados onde os departamentos de TI são chamados de secretarias, autarquias, institutos ou superintendências, os diretores não pagam impostos sobre os serviços que prestam; é o caso do departamento de TI de Roraima, chamado Secretaria Extraordinária de Tecnologia da Informação, e do Maranhão, chamado Secretaria Adjunta de Tecnologia da Informação e Integração.Os associados da Abep já discutiam há alguns anos o que esses 11 departamentos de TI precisavam fazer para se livrar de impostos. No final de 2008, diz Hugo, o assunto se tornou comum nos fóruns dos diretores administrativos e de finanças. Hugo pesquisou: a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios) já acionaram o STF pelo mesmo motivo, isenção de impostos, e ganharam a causa.Então Hugo escreveu uma proposta, pediu a assinatura dos outros membros da Abep, obteve as assinaturas, e passou a proposta para o departamento jurídico. “Queremos que o STF reconheça que não se governa mais sem tecnologia e que, por isso, não há sentido em cobrar impostos das empresas de TI do governo.” É a primeira vez que a Abep entra com ação no STF para defender os interesses dos associados.
>> inquérito eletrônico
A Polícia Federal cadastra novos policiais para usar o sistema de análise de dados

Até julho de 2009, os técnicos do Centro Integrado de Inteligência Policial e Análise Estratégica (Cintepol) querem integrar todos os bancos de dados em que, desde 2003, eles arquivam os crimes investigados por policiais federais. Os policiais poderão acessar esses dados através do I2, o sistema de análise de dados da Polícia Federal. Marcelo Passos, gerente do Cintepol, já cadastrou 300 policiais para usar os recursos do I2 já prontos, como cadastrar dados sobre os inquéritos em andamento, arquivar provas e gerar gráficos. No entanto, só 120 policiais usam o sistema. “Não pude liberar o I2 para os outros usuários por falta de espaço.” A quantidade de dados que os policiais cadastraram no sistema já chega perto de 30 terabytes, a capacidade máxima da máquina de armazenar dados que Marcelo comprou em 2008.Marcelo se juntou à equipe do Cintepol em agosto de 2008. “Ajudei a integrar vários aplicativos diferentes e consertar todas as falhas do sistema.” Em outubro de 2008, a equipe terminou os primeiros recursos do I2 e cadastrou os primeiros policiais. Desde então, Marcelo treinou outros 1.200 policiais para utilizar o I2. Os 300 policiais já cadastrados acessam o sistema de qualquer computador ou celular do tipo smartphone, através de uma senha dinâmica.Em janeiro, Marcelo resolveu aumentar a capacidade da máquina de armazenar dados para 150 terabytes; a máquina ficará pronta em maio. Depois, ele cadastrará mais 1.500 usuários. Além disso, quando a equipe do Cintepol integrar todos os bancos de dados, Marcelo vai centralizar todas as operações na máquina do Cintepol e integrará os aplicativos de buscas e análise estatística de dados ao I2. “Os policiais”, diz Marcelo, “não investigarão mais a partir do zero.”Marcelo e equipe querem centralizar todas as informações dos inquéritos da Polícia Federal num único banco de dados para, no futuro, implementar o inquérito eletrônico. “Quando a Polícia Federal adotar, as polícias estaduais com certeza vão aderir.” Enquanto a equipe do Cintepol não termina o sistema, os inquéritos da Polícia Federal continuam em papel, mas os policiais federais já armazenam os dados dos novos inquéritos no banco de dados, através do I2. “Assim como o processo eletrônico”, diz Marcelo, “o inquérito eletrônico já não está tão distante.”
>> água limpa - I
A Cesan fecha convênio com a Sabesp...

A Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) fechou um convênio de transferência de tecnologia com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) em dezembro de 2008. No primeiro projeto do convênio, a Cesan vai automatizar as estações de tratamento de água usando um aplicativo da Sabesp, o Aqualog. Luciano Auriemma, gerente de engenharia e serviços da Cesan para o interior do estado, vai instalar o aplicativo em duas estações, nas cidades de Nova Venécia e Viana.A Sabesp criou o Aqualog em 1996, para automatizar estações de tratamento do Vale do Ribeira, no sul do estado de São Paulo. As estações eram operadas manualmente. Em cada fase do tratamento, um funcionário recolhia uma jarra de água e levava para o laboratório. No laboratório, os técnicos analisavam a água e determinavam a dose de produtos químicos: sulfatos, cal, cloro, flúor. Na época, a Sabesp tinha mais despesa do que receita na região, explica Lineu Andrade de Almeida, assessor de diretoria da Sabesp. “Desenvolvemos o Aqualog para tentar economizar.”O Aqualog se interliga a sensores de cor, pH, dosagem de produtos químicos da água em tratamento. Com esses dados, o aplicativo consegue dosar os produtos químicos sem a interferência dos funcionários. O Aqualog é instalado em uma central, e de lá monitora todas as estações da região. A Sabesp reduziu o desperdício de energia elétrica e produtos químicos — e passou a ter mais receita que despesa no Vale do Ribeira.

>> água limpa - II
... para instalar o aplicativo que monitora o tratamento da água.

As duas estações capixabas ainda são operadas manualmente. Luciano queria economizar, então procurou alternativas de automação. Ele conheceu o Aqualog no final de 2007, durante uma apresentação de Lineu num evento em Brasília. Luciano se interessou e visitou estações de tratamento que já usavam o aplicativo. Lineu também conheceu as estações da Cesan. O convênio nasceu nessas visitas. Seis técnicos da Sabesp foram para o Espírito Santo para trabalhar com os técnicos da Cesan. Eles estão trabalhando na primeira fase do projeto.Na primeira fase, que vai até abril, os técnicos vão analisar as estações de tratamento para definir do que o projeto vai precisar: quantos equipamentos, quais equipamentos, onde vão ficar. Na segunda fase, vão comprar os equipamentos, instalar o Aqualog e treinar os funcionários. A segunda fase deve levar seis meses.
>> dois anos depois
O governo de Minas Gerais compra uma rede única de comunicação.

Técnicos do Governo de Minas Gerais vão comprar uma rede única de comunicações multimídia para interligar prédios de secretarias e de administração pública dos 853 municípios do estado. O pregão 003/2009 será realizado no dia 3 de março.Para comprar a nova rede, os técnicos da Prodemge contrataram a consultoria de Renato Guerreiro (ex-presidente da Anatel) em meados de 2007. Guerreiro estudou a atual rede de telecomunicações de Minas e sugeriu dividir o estado em três lotes geográficos — para aumentar a competição entre as operadoras.Até 2012, a nova rede terá 15 mil pontos — inclusive alguns nas cidades de São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. A operadora que ganhar cada um dos três lotes também terá de prestar serviço na região central de Minhas Gerais, com nove municípios, incluindo Belo Horizonte. Segundo Guerreiro, é uma forma de garantir a redundância e mais opções na região.Para Guerreiro, a Prodemge deveria contratar a rede como serviço: as operadoras seriam responsáveis por instalação, operação, manutenção e gestão de rede; o estado ficaria livre dessa amolação. “É um modelo diferente do que eles estavam acostumados, e um modelo completamente diferente do adotado pelo governo federal”, diz Guerreiro. “É um modelo igual ao adotado em São Paulo.” O pessoal da Prodemge aceitou a sugestão.O pregão será presencial; e os representantes das operadoras deverão oferecer lances pelo menos 1% mais baratos do que o menor lance. O governo de Minas, diz Guerreiro, espera economizar 30% com a nova rede.
>> um computador por aluno
Ministro do TCU avalia denúncia sobre licitação; ainda falta o julgamento.

O ministro José Jorge de Vasconcelos Lima, do Tribunal de Contas da União (TCU), avalia o relatório sobre possíveis irregularidades na licitação na qual o governo federal comprou os 150 mil laptops para o programa Um Computador por Aluno (UCA).Se o ministro concordar com o relatório técnico a respeito da licitação, ele levará o processo a plenário. No plenário, os ministros votam a favor ou contra. Se a maioria achar que a licitação está OK, o processo de compra continua e a Comsat, se passar nos testes, é declarada vencedora. Mas se a maioria achar que a licitação tem irregularidades, o pregão é cancelado e o governo tem de começar o processo do zero.O TCU recebeu a denúncia de irregularidades na licitação do UCA em 16 de dezembro de 2008 — um dia antes do pregão. Segundo o TCU, a denúncia foi feita por uma empresa com interesses na licitação.O governo federal fez o pregão eletrônico para comprar os 150 mil laptops em 17 de dezembro. Participaram a Reifasa, a Comsat (representando a Encore, um fabricante indiano), a Positivo, a Digibrás, a Data Graphics e a Designer Informática. A Comsat ofereceu o menor lance: cobrou R$ 550,33 por laptop, ou seja, cobrou R$ 82,55 milhões pelos 150 mil laptops. Os laptops seriam usados por crianças de 300 escolas públicas.Na segunda-feira seguinte ao pregão, 22 de dezembro, o Ministério da Educação testaria dez laptops da Comsat, para saber se eles obedeciam às exigências da licitação. Mas, por conta do TCU, o ministério adiou os testes.Desde dezembro os técnicos do TCU dizem que a prioridade é julgar o processo do UCA. Os ministros do TCU se reúnem em plenário todas as quartas-feiras.
>> raridade - I
O Centro Paula Souza e a IBM montam curso de mainframe...

Vera Lúcia Silva Camargo, coordenadora de cursos da Fatec Carapicuíba, começou a lecionar em 1977. Por dez anos, ela ensinou na Fatec de São Paulo a linguagem de programação Cobol, usada em mainframes. “Na época”, ela lembra, “a única opção de informática para as empresas era o mainframe.” Quase 32 anos depois, Vera é responsável técnica por um curso de mainframe do Centro Paula Souza, em parceria com a IBM.O Centro Paula Souza administra 151 escolas técnicas (Etecs) e 46 faculdades de tecnologia (Fatecs) estaduais em São Paulo, onde 24.500 alunos estudam: 13 mil nas Etecs e 11.500 nas Fatecs. Vera conversa com o pessoal da IBM desde julho de 2007. Numa dessas reuniões, surgiu a ideia do curso de especialização em mainframe.

>> raridade - II
... para suprir a falta de especialistas.

O projeto para o curso de mainframe começou em setembro de 2008. “Na década de 90”, lembra Vera, “muita gente achava que o mainframe ia morrer.” As empresas continuaram usando mainframe, mas muitos técnicos se aposentaram ou foram trabalhar com outras coisas. Os clientes da IBM precisam de gente que entenda de mainframe. A iniciativa de montar o curso, diz Vera, partiu da IBM.O primeiro curso será para pessoas formadas em curso técnico. A IBM treinou os professores e forneceu os aplicativos. Durante as aulas, os alunos acessarão pela Internet um mainframe que a IBM mantém em Campinas. Os alunos vão estudar a linguagem de programação Cobol, o banco de dados DB2 e o monitor de transações Cics.Esse primeiro curso funcionará como um piloto. As aulas serão em quatro escolas técnicas, com 40 alunos em cada escola. Vera espera que pelo menos 100 dos 160 terminem o curso, que é gratuito e dura seis meses.Vera vai deixar a coordenação da Fatec de Carapicuíba em março, para se dedicar apenas aos projetos do Centro Paula Souza. Ela quer levar o curso a outras escolas e montar um curso aberto a todos os interessados no assunto. Ela também quer convencer os professores das Etecs e Fatecs a incluir disciplinas sobre mainframe no currículo.
>> controle por rádio - I
O Senai da Bahia abre um laboratório RFID...

O Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia (Cimatec) do Senai da Bahia inaugurou na quinta-feira, 5, um laboratório de sistemas de identificação automática por rádio (RFID). Os pesquisadores do Cimatec querem ajudar as empresas da região a usar RFID. O pesquisador Lucas Travassos, analista de processos tecnológicos do Cimatec, precisou estudar muito para montar o laboratório.Lucas tem 30 anos e gosta de estudar: graduou-se em engenharia elétrica e fez mestrado em Santa Catarina, fez doutorado na França durante três anos. Depois do doutorado, foi trabalhar numa empresa de logística na Bélgica, onde conheceu a tecnologia RFID. Ele voltou ao Brasil em outubro de 2007, para trabalhar no Senai da Bahia. O Senai o contratou para montar um laboratório e testar interferências em aparelhos elétricos.Em 2008, Lucas pesquisou como a tecnologia RFID causava e sofria interferências. Durante a pesquisa, recebeu a visita de Luciana Cabrini, gerente de marketing da Saint Paul, uma empresa especializada em automação comercial. A Saint Paul atende empresas do polo de informática de Ilhéus e do polo industrial de Camaçari. Muitas empresas procuram Luciana para entender a tecnologia RFID, mas a Saint Paul só vende equipamentos e etiquetas. Para atender essas empresas, Luciana precisaria de uma infraestrutura para demonstrar e testar a tecnologia — algo que o Senai podia oferecer. Luciana deu a ideia: por que Lucas não pesquisava mais sobre RFID e atendia as empresas da região?

>> controle por rádio - II
... para ajudar as empresas da região a entender a tecnologia.

Lucas leu sobre o assunto, fez os cursos sugeridos por Luciana, conheceu os equipamentos, as vantagens e os problemas da tecnologia. “O mais difícil é aplicar a tecnologia em problemas práticos.” Por exemplo: um fabricante de computadores de Ilhéus queria reduzir os erros na linha de produção. Para resolver esse problema, Lucas teria de estudar todo o processo de fabricação do computador. Não basta conhecer RFID.Depois de estudar os processos da empresa, Lucas propôs uma etiqueta RFID no gabinete de cada computador. Conforme o gabinete passa pela esteira, a etiqueta recebe informações sobre cada componente incluído: qual o componente, quem o montou, a que horas, quanto tempo levou. Quando acontecer algum defeito repetitivo, o fabricante consegue descobrir se é um lote de componentes, ou se um funcionário monta computadores do jeito errado. Lucas ainda conversa com o fabricante de computadores, e quer fechar o contrato até março.No evento de quinta-feira, o pessoal do laboratório simulou uma linha de produção para 70 visitantes. Lucas espera que, depois de ver a simulação, as empresas se interessem por RFID.
>> desbravamento – I
Os técnicos da Embratel testam fibras óticas no fundo do Rio Amazonas...

Os técnicos da Embratel jogaram 1 quilômetro de cabo de fibras óticas no Rio Amazonas, numa área perto de Manaus. Eles querem estudar como o cabo se comporta no fundo do rio. “Quando a gente joga o cabo no oceano, ele bate no chão e para”, diz Maria Teresa Azevedo Lima, diretora executiva da Embratel. “No Amazonas, o leito é mole e o cabo afunda.”Na época de chuvas, a vazão da água é tão forte, diz Maria Teresa, que pode carregar ou romper as fibras. Os técnicos medem a tensão no cabo e estudam como ele se movimenta no fundo do rio. Por enquanto, eles testam só a parte física das fibras óticas, sem enviar sinal de comunicação.Eles jogaram o cabo no dia 3 de fevereiro, num trecho onde a distância entre as margens é mais curta mesmo no período de chuvas. “A largura do rio pode variar de 2 a 3 quilômetros na época da seca até dez quilômetros na época das chuvas.” Até maio, eles devem ter uma avaliação de uma época com mais chuvas, mais vazão, mais movimentação do cabo no leito.Para fazer o teste, os técnicos conseguiram uma licença temporária do Ibama.

>> desbravamento – II
... depois de testar e instalar cabos em postes no meio da floresta.

Os técnicos da Embratel já testaram as fibras óticas na floresta amazônica. Em 2004, eles enterraram postes de madeira e instalaram os cabos de fibras óticas no alto, num trecho entre Manaus e Porto Velho. Analisaram como os insetos, os macacos e as aves reagiam ao cabo. Segundo Maria Teresa, nenhum bicho atacou o cabo. Em 2007, a Embratel lançou serviços na região. Até então, ela só atendia a região por satélite. Para instalar o cabo na Amazônia, a Embratel comprou carros e motos adaptados para andar na floresta, construiu pontes, treinou moradores locais para vigiar o cabo. Gastou R$ 100 milhões numa rede de 900 quilômetros.
>> ache e mostre - I
Ao ver o preço, o executivo espera muito do sistema de buscas...

Todo dia, Geraldo Maroniene conversa com algum executivo para mostrar como ganhar dinheiro com um sistema corporativo de buscas, pois ele é o vice-presidente da Fast para a América Latina, e a Fast vende sistemas de buscas. Ele toma o cuidado de não falar de preços antes da hora. Um sistema da Fast, com a assistência técnica incluída, não sai por menos de US$ 150 mil. Por esse preço, o executivo tende a querer do sistema bem mais do que um sistema de buscas consegue fazer. Tende a querer um sistema capaz de funcionar sem nenhuma intervenção humana.Ao instalar um sistema de buscas, diz Geraldo, o executivo consegue ganhar dinheiro de duas maneiras.Quando o cliente entra no portal da empresa, o sistema de buscas procura dados sobre o cliente nos outros sistemas da empresa, para montar um perfil do cliente; e então procura dados sobre produtos e serviços pelos quais talvez o cliente se interesse; e então apresenta os produtos e serviços ao cliente. Desse jeito, a empresa vende mais por meio do portal.Quando o funcionário precisa de informações para trabalhar, ele busca as informações nos sistemas da empresa ou na Internet. Isso demora. O sistema de buscas procura as informações para o funcionário, tanto dentro da empresa quanto na Internet, e apresenta tudo num formato fácil de usar. Desse jeito, os funcionários aproveitam melhor o horário de trabalho.Governos se interessam por sistemas de buscas, e fazem parte do público-alvo da Fast para 2009. A Fast é uma divisão da Microsoft.

>> ache e mostre - II
... mas depois entende como ele de fato funciona.

No final de 2008, Geraldo vendeu um sistema de buscas para um grande call center. Os atendentes tinham de abrir oito telas para conversar com o cliente. Para abrir oito telas e conversar direito, o atendente ficava um mês num curso. Em média, contudo, um atendente pede demissão (ou é demitido) seis meses depois da contratação. Com o sistema de buscas, o trabalho do atendente ficou mais fácil: o sistema busca as informações e apresenta tudo numa tela só. O tempo médio de atendimento caiu de 8 minutos para 1 minuto. E o tempo de treinamento caiu para duas semanas. “Esse call center fez o investimento por causa da nova lei dos call centers”, diz Geraldo. “Mas o valor gasto voltou num mês.”Sistemas de buscas são complicados por si só, diz Geraldo. Além disso, eles buscam informações em outros sistemas complicados: o ERP, o BI, o CRM, os portais de Internet. E eles apresentam as informações para outro componente complicado da empresa, os funcionários, que toda hora mudam de ideia. No mínimo, a empresa precisará manter duas pessoas para pilotar o sistema de buscas. Nenhum executivo gosta dessa parte da conversa. Mas essas duas pessoas vão melhorar o desempenho das buscas mais comuns, estudar o que deu errado nas buscas com falhas, cuidar das tabelas de sinônimos.A Fast emprega 50 pessoas no Brasil; outras 300 pessoas trabalham para a Fast em revendas, integradores de sistemas e consultorias. Geraldo precisa conquistar 15 novos clientes em 2009. “Nesse começo de ano, a crise deu uma parada nas coisas.” Geraldo até mudou um pouco o discurso: passou de “ganhos de produtividade”, que funciona bem em tempos bons, para “redução de custos e de riscos”, que funciona melhor em tempos de crise. Até o pessoal de TI trabalha menos depois do sistema de buscas, diz Geraldo, pois os usuários pedem menos relatórios de gestão.