quarta-feira, 23 de setembro de 2009

>> fórum TI & governo municípios – IV
Depois de sofrer com as operadoras...


##David José Gomes, chefe do departamento de TI e de modernização administrativa da Prefeitura de Santos, precisava interligar os prédios da prefeitura, mas não tinha dinheiro para pagar o que a operadora pedia. Então ele construiu uma rede por conta própria, mas o dinheiro acabou antes que a rede chegasse a todo lugar. Como Santos pode virar um polo tecnológico a qualquer momento, precisa de uma boa rede de dados para que funcionários da Petrobras e cientistas trabalhem. David tem de encontrar uma forma para terminar a rede.
##A ideia de montar uma infovia surgiu em 2005, quando David decidiu interligar as unidades da prefeitura. Ele percebeu que as unidades usavam aplicativos pesados, escritos em linguagem VB6, portanto as redes de dados não suportariam o tráfego. Na época, a prefeitura tinha conexões de 128 kbps e de 256 kbps, no máximo. Para usar conexões das operadoras, ou a prefeitura reescrevia os aplicativos ou montava uma rede própria. "Queremos ser independentes de operadoras."

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... os técnicos de Santos planejam uma infovia municipal...


##Para conectar 256 unidades da prefeitura (secretarias, hospitais, escolas), David planejou uma rede com 250 quilômetros de fibras óticas, formada por dois anéis principais de 10 Gbps, e cerca de 250 enlaces secundários de 1 Gbps. A infovia custaria R$ 20 milhões; e ele poderia instalar câmeras para monitorar a cidade, permitir que os funcionários da prefeitura telefonassem entre si de graça, e ainda teria banda para fazer aulas a distância. O prefeito aprovou a proposta.
##Em 2005, o Banco do Brasil fez uma parceria com a prefeitura e instalou 22 quilômetros de fibras óticas. David conseguiu uma verba de R$ 5 milhões com o prefeito e instalou mais 30 quilômetros. E os empresários do porto de Santos patrocinaram mais 8 quilômetros. Com isso, David conseguiu 60 quilômetros para a infovia: interligou 40 prédios e instalou 32 câmeras para monitorar a cidade.
##Agora, o deputado federal Márcio França conseguiu R$ 1,1 milhão para a prefeitura instalar Internet gratuita para a população carente da zona noroeste; e a prefeitura deu mais R$ 100 mil para o projeto. Com o dinheiro, David vai comprar nove rádios e mais nove quilômetros de fibras óticas. Os equipamentos levarão a Internet para 60 mil pessoas e permitirão que David construa mais um pedaço da infovia, para interligar mais quatro escolas, um hospital, uma maternidade e dois prontos-socorros. "O edital está em análise na procuradoria jurídica."
##David ainda precisa de 12 quilômetros de fibras óticas terminar os dois anéis principais; e de 190 quilômetros para terminar toda a infovia e conectar os 256 prédios da prefeitura. Ele está terminando um grande edital para licitar o resto da rede.

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... mas o dinheiro acaba antes.


##Hoje a prefeitura gasta R$ 570 mil por mês com telefonia local e transmissão de dados. A manutenção da infovia custará R$ 50 mil por mês. Então, David estima que a prefeitura reaverá o investimento em três anos.
##Por isso, ele decidiu pagar a rede em parcelas: o ganhador da licitação deve instalar os equipamentos e as fibras em seis meses, mas deve receber o pagamento em 36 meses. Só falta resolver essa questão do financiamento que o edital fique pronto. "É um edital que nunca fizemos, então estamos demorando um pouco." O prefeito lhe deu 30 dias.
##Num edital de R$ 15 milhões, David sabe que haverá disputas judiciais, impugnações. Mesmo assim, ele acha possível concluir a infovia em um ano, a tempo de Santos se tornar um polo industrial.