quarta-feira, 9 de setembro de 2009

>> reviravolta – I
A Sangari fecha um acordo com o governo do Distrito Federal...


No começo de 2008, 310 mil alunos das escolas públicas do Distrito Federal receberam os livros e os kits de ciência da Sangari. Por causa do contrato, diz Todd Wright, o CIO da empresa, as transações no banco de dados subiram 700%. Os sistemas ficaram lentos, a rede caía com frequência. Para que a Sangari crescesse sem problemas, Todd precisava mudar a infraestrutura de informática.
Até então, Todd comprava servidores conforme a demanda por sistemas aumentava, mas até então a Sangari vendia pouco e a demanda por sistemas crescia devagar.
A Sangari faz livros para alunos e professores; faz kits de pesquisas de geografia, química, biologia, astronomia e geologia; e treina os professores. Ela também distribui sapos, minhocas e outros seres vivos, com os quais as crianças fazem experiências.
Com uma nova metodologia (a CTC, de ciência e tecnologia com criatividade), a Sangari conquistou alguns clientes em Salvador, Belo Horizonte, Maringá e Amparo — escolas privadas e principalmente públicas. Até então, a infraestrutura de informática que Todd montou suportava os acessos aos sistemas.
Contudo, em novembro de 2007, os executivos da Sangari assinaram um contrato com o governo do Distrito Federal, para atender as 500 escolas e os 310 mil alunos de todas as cidades do DF. Um contrato de cinco anos, no valor de R$ 289 milhões. Os executivos tiveram de abrir um centro de distribuição em Brasília e contratar pessoas: no começo de 2008, a Sangari tinha 102 funcionários; no final, 308. "Se o comercial fecha um contrato grande", diz Todd, "o acesso ao banco de dados aumenta demais, o sistema fica lento, a rede cai."

>> reviravolta – II

... e o CIO muda toda a infraestrutura de TI e telecom para suportar o crescimento inesperado.


O projeto do Distrito Federal virou vitrine para outros clientes, e a Sangari espera crescer ainda mais. Era inútil Todd seguir com a estratégia de comprar servidores conforme a demanda por sistemas.
No final de 2008, ele trocou 20 servidores por três, interligados em cluster e virtualizados. Nesses, ele roda o sistema de gestão, o sistema de relacionamento com os clientes (CRM), o sistema analítico (BI) e o banco de dados. Ele também aumentou a capacidade de armazenamento de 12 terabytes para 18 terabytes. Com isso, economizou R$ 173 mil com o que gastaria se continuasse comprando máquinas conforme a demanda. E, em cinco anos, vai economizar R$ 170 mil com custos de energia.
As máquinas de armazenamento e os servidores ficam na matriz em São Paulo, e os funcionários de Brasília acessam os sistemas pela rede de comunicação de dados.
Para suportar o crescimento, Todd também precisava interligar a matriz com o centro de distribuição de São Paulo. Normalmente, ele faz isso usando uma rede MPLS de uma operadora de telecomunicações. Mas dessa vez ele decidiu testar o sistema de banda larga sem-fio da Motorola, o Canopy, para trafegar voz e dados. Ele colocou uma antena na matriz, com cobertura de 40 quilômetros, e outra no centro de distribuição. A instalação demorou 18 horas e custou R$ 15 mil. Todd recuperou o investimento em quatro meses.
Ele instalou a antena em janeiro de 2009 e até agora a rede funcionou sem cair. O Canopy permite velocidade de 14 Mbps, enquanto o da operadora era de apenas 2 Mbps. "Se comparássemos maçã com maçã, 14 Mbps com 14 Mbps, o retorno do investimento viria em 12 dias."
Em 2009, a Sangari ganhou um contrato do governo do Rio de Janeiro para atender 100 mil alunos das escolas públicas e de centros educacionais em zonas de confronto. Em junho, ela ganhou um contrato com o governo da Argentina — é o primeiro país além do Brasil a receber a metodologia CTC.
Até o final de 2009, Todd quer ter 24 terabytes de espaço em discos, pois ele acredita que as transações nos bancos de dados crescerão 1.000%. "Precisamos nos programar para dois anos à frente."