quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

>> mudança de realidade - I
A SLTI tenta estruturar a TI do poder executivo...

xxPaulo Roberto da Silva Pinto tenta estruturar a TI do poder executivo, que inclui a presidência, os ministérios, as secretarias, as universidades, as autarquias, as agências reguladoras e todos os órgãos federais. “Meu desafio é tirar a TI do subsolo e levá-la, pelo menos, para o 1º andar.”
xxEle já foi secretário de TI do Supremo Tribunal Federal. Hoje, o STF recebe eletronicamente os processos de outros tribunais, os ministros assinam os processos com certificado digital, e as pessoas acompanham os processos pela Internet. “Nas entrevistas”, diz Paulo, “os ministros citam os sistemas de informática.” Por isso, pela sua experiência no STF, ele foi convidado por Rogério Santanna, secretário de logística e tecnologia da informação (SLTI) do Ministério do Planejamento, para integrar as áreas de informática de todos os órgãos do governo federal. “Para fazer a TI trabalhar em rede.”
xxEm algum momento, a TI no governo federal perdeu importância. Ficou sem técnicos, ou com técnicos antigos e destreinados; ficou com máquinas velhas, rede ruim, sistemas desintegrados; ficou sem planejamento, sem cumprir as necessidades dos usuários. Perdeu o respeito.

>> mudança de realidade - II
... por isso, contrata 480 técnicos para trabalhar com governança de TI...

xxPaulo tenta montar um planejamento estratégico para os departamentos de TI dos órgãos do governo federal; visita as secretarias, estuda os planos plurianuais. Como apoio, ele tem a instrução normativa nº 4, que desde janeiro de 2008 obrigou os executivos de TI a comprar produtos ou contratar serviços de TI seguindo boas práticas de gestão. Desde então, os executivos de TI se mexeram para se adaptar à IN 4. Mas apenas publicar a normativa é insuficiente para mudar a realidade dos órgãos.
xxOs órgãos públicos são formados por funcionários que trabalham lá há anos, e se acomodaram no trabalho. Poucos entendem de governança de TI. Por isso, Rogério Santanna convidou Paulo Pinto para estruturar as áreas de TI. Logo depois, em 2008, a SLTI conseguiu aprovar a contratação de 350 técnicos, que pretende distribuir entre as áreas de TI dos órgãos do poder executivo.
xxContudo, por conta da crise, a SLTI só contratou 230 técnicos. Além desses, remanejou outros 250 técnicos de dentro do próprio governo para trabalhar, exclusivamente, com governança de TI.
xxEles receberam gratificações até chegar ao salário de R$ 6 mil. Com esse salário, alguns deles passaram a ganhar o dobro do que ganhavam antes; é uma tentativa, diz Paulo, de segurá-los no governo por pelo menos um ano. Ao final desse período, eles serão avaliados: os que realmente melhoraram a governança da TI, permanecerão com as gratificações.

>> mudança de realidade - III
... e os prepara para um encontro casual com o ministro.

xxEsses 480 novos técnicos estão fazendo cursos na Escola Nacional de Administração Pública — sobre a instrução normativa n°4, boas práticas de TI, entrega de serviços, gestão de contratos. Eles também aprendem a mexer no Oasis, um software livre criado e usado pelos técnicos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para gerir os contratos de TI.
xxComo a escola de administração não tinha muitos professores de governança de TI no governo, ela convidou os executivos que se destacavam no mercado; entre eles, o próprio Paulo Pinto, da SLTI. Em janeiro de 2010, os 480 técnicos assumem suas novas funções.
xxAlém das aulas, Paulo faz exercícios lúdicos com alguns técnicos. Um deles se chamava TI vira nos 30 (para soar como te vira nos 30), uma alusão ao quadro do programa Domingão do Faustão, da TV Globo; no exercício, o técnico tem de dizer, em 30 segundos, por que a TI é importante e merece investimentos.
xxO objetivo do exercício, diz Paulo, é preparar o técnico para um encontro casual com algum dos ministros do governo federal, no elevador, por exemplo. Os técnicos do poder executivo, ao contrário dos técnicos do Supremo Tribunal Federal, raramente conversam com um ministro — e nenhum ministro do executivo cita os sistemas de TI nas entrevistas.