quarta-feira, 22 de abril de 2009

>> e-democracia
Os técnicos de Santa Catarina transformam o celular em urna eletrônica


Os técnicos do centro de informática de Santa Catarina (Ciasc) transformaram um celular numa urna eletrônica. A partir de um aplicativo de gestão de mensagens de texto (SMS), eles desenvolveram um sistema capaz de receber e computar votos.
Eles pretendem dar ao cidadão a chance de participar dos planos do governo — o que chamam de democracia direta digital. Em geral, os governantes colocam vários serviços à disposição do cidadão na Internet; mas o cidadão não pode ajudar a decidir qual deve ser o número de senadores no Congresso.
Com o sistema, os cidadãos podem enviar uma mensagem de texto para o número do celular que funciona como urna. (Sim, um celular, na mão do responsável pela votação, funciona como urna.) Eles digitam três caracteres, por exemplo 001. O primeiro zero avisa ao sistema que aquilo é um voto; o segundo, indica qual é a pesquisa; e o 1, representa a escolha do cidadão.
No ano passado, os técnicos testaram o sistema em três votações: na abertura do Conip (um evento para funcionários do governo), na avaliação do Secop (um seminário sobre informática no governo), e num programa de TV, para saber se o Dunga deveria continuar como técnico da seleção brasileira de futebol.
O sistema permite que as respostas sejam sim ou não, ou de múltipla escolha (001 para ótimo, 002 para bom, 003 para regular). Também é possível configurar o sistema para aceitar apenas um voto por celular. Na pesquisa sobre o Dunga, a maioria prefere que ele saia da seleção brasileira. Mas só mil pessoas votaram.
Durante as pesquisas, com poucos votos, o sistema funcionou bem. Agora, os técnicos o colocaram à disposição no portal de software livre do governo federal. Ele funciona em celulares equipados com o Windows Mobile 6.1 — os técnicos desenvolvem versões para Android, Symbian e Linux.
Para ser usado em grandes pesquisas, como nas eleições políticas, os técnicos teriam de dividir as votações em várias urnas (ou vários celulares), por zonas eleitorais. Além disso, teriam de instalar criptografia e criar um sistema de senhas para garantir a identidade de cada cidadão. Mas, ainda assim, não teriam como garantir que o dono do celular votou livre de coações, em segredo, como manda a lei.
A tecnologia está pronta para a votação por celular, mas as pessoas ainda não, concluíram os técnicos. Contudo, no final de abril, o governo de Santa Catarina pode usar o sistema para fazer um diagnóstico do turismo no estado, para saber até que ponto os turistas estão contentes com os pontos turísticos.