quarta-feira, 8 de abril de 2009

>> investimentos
Por causa dos EUA, a Sabesp reduz o orçamento para armazenagem em 46%.


Em setembro de 2008, Celso Masayuki Shimomura, funcionário da Sabesp, achava que teria dinheiro suficiente para comprar o sistema de armazenamento de dados perfeito para a empresa. Ele teria, digamos, 100% de orçamento. Com fabricantes disputando o contrato num leilão reverso, diz Celso, ele gastaria 83% do orçamento. Então veio a crise financeira americana, e a recessão. "Aí, os americanos quebraram o nosso orçamento..."
A Sabesp precisa de um novo armazém de dados. O armazém atual, de 30 terabytes, foi instalado em dezembro de 2006, mas está enchendo mais rápido do que o pessoal de TI previu. Por causa de leis como a Sarbanes-Oxley, os funcionários da Sabesp precisam guardar o que antes eles jogavam fora; até e-mails os auditores querem ver. Além disso, os discos lógicos do armazém atual usam mal os discos reais. Sobra espaço nos discos reais que ninguém consegue usar. Quando um técnico aloca um disco lógico a um serviço, ele na verdade amarra o disco ao sistema operacional do servidor. Se depois for necessário reduzir o tamanho do disco (porque o serviço está sendo menos usado do que o previsto), o técnico tem de reinstalar o sistema operacional, e depois reinstalar o aplicativo do serviço. É risco demais para economizar uns gigabytes, e o pessoal de TI desiste: melhor deixar os discos mal usados.
Com orçamento de 100%, Celso compraria um armazém de 50 terabytes, com todos os recursos modernos de virtualização de armazéns. Entre outros truques, o pessoal de TI conseguiria mover discos lógicos do armazém novo, de 50 terabytes, para o armazém velho, de 30 terabytes, com os serviços em produção.
Agora Celso tem só 66% do orçamento original e, com a disputa entre fornecedores, espera gastar 54%. Ainda é dinheiro suficiente para comprar um armazém de 50 terabytes. Ainda é dinheiro suficiente para comprar um armazém com alocação dinâmica de espaço em discos reais, o que resolveria o problema de discos lógicos pouco usados. Mas não é dinheiro suficiente para virtualizar os dois armazéns, e pilotá-los como se fossem um só.
O pessoal da Sabesp mantém a esperança. "Só vamos tomar as decisões definitivas a respeito do edital de licitação em dezembro", diz Celso. "Até lá, muita coisa pode mudar."