quarta-feira, 20 de maio de 2009

>> fórum ti & governo 2009 – I
A Cetesb, depois de dez anos sem investir em tecnologia...


Oleg Archiptchuk assumiu a área de informática com a missão de construir novos sistemas e modernizar a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), pois o Governo de São Paulo publicaria a qualquer momento uma lei que aumentaria as atribuições da empresa. Porém, quando chegou na Cetesb, em 2007, Oleg encontrou redes de comunicação de 128 kbps, sistemas muito antigos e servidores com 19 anos.
Antes de entrar na Cetesb, Oleg tinha uma empresa, e instalava sistemas de gestão SAP em clientes do setor privado. Ele nunca tinha trabalhado no governo, nem comprado pela lei 8.666. No governo, o dinheiro é escasso. “Temos de passar o chapéu.”

>> fórum ti & governo 2009 – II

... usa engenheiros ambientais para escrever um sistema todo web...


Quando Oleg chegou, a Cetesb tinha 85 servidores espalhados pelo estado; um armazém de 2,5 terabytes; redes de 128 kbps e 256 kbps que interligavam 48 agências ambientais (elas emitem licenças); sistemas desatualizados; várias bases de dados desordenadas; e processos dependentes de pessoas. Só o prédio central gastava de R$ 60 mil a R$ 70 mil por mês com telefonia. E uma licença ambiental demorava dois meses para sair.
Ele precisava melhorar as redes para fazer as informações chegar mais rápido, precisava escrever sistemas para a Cetesb prestar os serviços mais depressa e suportar as novas atribuições e as licenças que a Cetesb passaria a emitir. Mas os técnicos da Cetesb receberam Oleg mal. A maioria trabalha há 30 anos na Cetesb — e há anos não mexe com novas tecnologias. As ideias de Oleg pareciam absurdas: ele queria comprar máquinas novas e escrever sistemas para a web.
Com apoio da diretoria, ele conseguiu verba para comprar 830 PCs; um armazém de 19 terabytes; e 14 servidores, virtualizados. Aumentou as redes para 2 Mbps e 4 Mbps. E começou a planejar um sistema unificado de licenças ambientais — todo baseado na web.
O problema é que os sistemas usados pela Cetesb exigem muito conhecimento sistêmico e de campo; como os técnicos estavam há 30 anos desatualizados, eles não conseguiriam escrever a especificação. Oleg percebeu que a solução estava nos engenheiros ambientais.

>> fórum ti & governo 2009 – III
... para atender as novas atribuições dadas pelo governador.

A Cetesb tem 1.986 funcionários — 65% deles têm nível superior; eles têm doutorado, mestrado, publicam artigos técnicos, e fazem pesquisas na USP. Oleg então escolheu oito engenheiros ambientais e os ensinou a escrever as especificações de um sistema. “Quando um usuário esquece um caso de uso, ele logo percebe e arruma.”
De 2007 a 2009, ele acompanhou os engenheiros, e eles escreveram a parte lógica, a conceitual e todos os casos de uso do novo sistema. Já escreveram também toda a metodologia de como o projeto deve ser contratado e trabalhado. Agora falta o dinheiro.
A Cetesb vive da verba do estado (pequena), então Oleg se vira para ganhar um dinheiro extra para a TI. Ele vai leiloar os 830 PCs velhos para empresas credenciadas que reciclam lixo eletrônico. (Em São Paulo, diz Oleg, existem 400 dessas empresas.) Outra parte do dinheiro ele espera conseguir com financiamento do Banco Mundial, ou com compensações ambientais.
Quando alguém constrói um prédio, uma ponte, uma estrada, tem de pagar uma compensação pelo meio ambiente usado. A Cetesb espera receber R$ 30 milhões de compensação ambiental pelo trecho sul do Rodoanel — Oleg gostaria de uma fatia de uns R$ 7 milhões. Só falta isso para contratar o fornecedor que construirá o sistema.
Em 29 de abril de 2009, o governador de São Paulo publicou a lei 819/2008, que transforma a Cetesb numa agência ambiental. O nome mudará de Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental para Companhia Ambiental do Estado de São Paulo.

>> fórum ti & governo 2009 – IV
Como foi o evento


Oleg Archiptchuk apresentou o caso da Cetesb no Fórum TI & Governo 2009, organizado pela Plano Editorial e realizado de 14 a 17 de maio, na praia de Guarajuba, na Bahia. Durante os quatro dias do evento, 65 executivos conversaram sobre informática e gestão de TI nos órgãos públicos.
Eles também assistiram a palestras, participaram de um jogo de gestão, e visitaram as suítes corporativas dos fornecedores AMD/Lenovo, Avaya, Banco do Brasil, Cimcorp/Symantec, Cisco, Dell/Intel, Eagle’s Flight, Elucid, SAS, Software AG, 3Com/Ziva; além disso, conheceram as soluções da Algar, Autodesk, D-Link, Kaizen e EMC no Espaço Corporativo.
A TI & Governo vai publicar nas próximas edições outros casos apresentados durante o evento.