>> computação paralela
Células funcionam como sistemas robustos de computação
Há tempos os biólogos lutam para entender uma característica das células: eles tiravam um gene-mestre do código genético da célula, mas a célula continuava a viver normalmente. Mas três universidades de três países (Estados Unidos, Israel e Espanha) colocaram biólogos, engenheiros da computação e matemáticos para estudar juntos o assunto, e eles publicaram este mês uma explicação.
Um gene-mestre produz fatores de transcrição, proteínas que ativam ou desativam os outros genes. Dentro da célula, cada parte vai executar sua função seguindo as instruções contidas nos genes ativados por genes-mestres, e vai desprezar as instruções contidas nos genes desativados. Ao extrair um gene-mestre, a célula deveria funcionar mal, ficar doente e morrer.
Os engenheiros e os matemáticos descobriram que os genes-mestres fazem backup um para o outro. (Ainda não sabem explicar bem como.) Os genes-mestres funcionam como computadores numa rede de computação paralela, e até a matemática usada para descrever sistemas paralelos de computação também serve para descrever o comportamento dos genes-mestres e de seus backups. Ao remover o gene-mestre Pdr1, por exemplo, a célula continua viva e normal; ao remover o Pdr1 e seu gene backup, 19% dos genes ativados pelo Pdr1 não são mais ativados, e a célula passa a funcionar mal, mas não morre. "Células são máquinas muito robustas", diz Anthony Gitter, um dos cientistas.
Se os biólogos precisaram de engenheiros e de matemáticos para entender melhor o que estava acontecendo, agora é a vez dos engenheiros e dos matemáticos. Os seres vivos estão evoluindo há uns 3 bilhões de anos, e toda solução contida em cada célula funciona bem, pois, caso contrário, já nem existiríamos mais. Quando os engenheiros entenderem direito de que jeito a célula ativa os próprios backups, vão descobrir novos truques para ativar os backups dos sistemas de computação paralela.