quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

>> pregão na crise - I
O Ministério Público Federal contrata uma rede...

Paulo Knupp dos Santos é secretário de TI do Ministério Público Federal. Desde 1994, quando entrou no MPF, ele trabalha num sistema único que seria usado por todas as procuradorias do MPF. Mas as procuradorias só conseguiriam acessar bem o sistema se a rede de comunicação do MPF fosse moderna — e não uma rede instalada em 1998. Ele pensou em contratar uma nova rede para o MPF. Sendo assim, por que não contratar uma rede única para todo o Ministério Público da União?O Ministério Público da União (MPU) é formado pelo Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Militar e pelo Ministério Público do Distrito Federal. Cada órgão usa uma rede de comunicação distinta. Se o MPU tivesse uma rede de comunicação única, todos os funcionários falariam ao telefone sem gastar nada, e interligariam bem os sistemas para compartilhar ferramentas úteis, como a que controla os planos de saúde.Como o contrato da rede do MPF já tinha vencido, Paulo precisava contratar logo o novo serviço de telecomunicações. Ele e os técnicos do MPU escreveram um edital para contratar uma rede multisserviço que transmitisse dados e vídeo, como na rede antiga, e também voz. Ele convenceu o MPU a usar a rede também. “A rede passaria de 170 pontos do MPF para 400 pontos de todo o MPU.”Paulo publicou o edital em outubro e o pregão presencial ficou marcado para 15 de dezembro de 2008. A operadora que vencesse o pregão faria a cogestão da rede com o MPF.

>> pregão na crise - II
... para ser usada por todo o Ministério Público da União...

No pregão, apareceram representantes da Embratel, do consórcio Oi/Telefônica e da Via Telecom.Paulo mantinha grandes esperanças. Achava que a Embratel brigaria para manter o MPF como cliente, e que a Oi/Telefônica brigaria para ganhar o cliente. Com isso, o MPU economizaria 5%, mesmo com o aumento de pontos e o serviço de voz.O pregoeiro abriu as propostas.A proposta da Via Telecom era a mais barata. A proposta do consórcio Oi/Telefônica era cinco vezes mais cara; e a proposta da Embratel custava duas vezes mais que a proposta da Via Telecom.A crise prejudicou o pregão, diz Paulo. “Se tivéssemos feito em outubro, tenho certeza que o preço das grandes operadoras seria menor.” Se o MPF fosse uma empresa privada, ele teria esperado mais um ano para fazer o pregão. Mas o MPF já tinha prorrogado o contrato com a Embratel e Paulo tinha de seguir a lei.O representante da Oi/Telefônica não baixou o preço. O representante da Embratel pensou, telefonou, tentou negociar, mas também não baixou. Nenhum dos dois chegou a dar lances. Paulo pediu para suspender o pregão. Ele não conhecia a Via Telecom.

>> pregão na crise - III
... para compartilhar sistemas e economizar na telefonia.

A Via Telecom participou pouco do processo do edital e, na fase de consulta pública, não enviou perguntas ou sugestões. Durante o pregão, Paulo descobriu que a Via tinha prestado serviço para o Tribunal Superior Eleitoral durante as eleições municipais de 2008. Ele ligou para um amigo no TSE.A Via, disse o amigo, manteve a rede de todos os municípios funcionando, durante os dias de votação. O TSE não teve problemas com as redes, nem com a Via. “A Via Telecom é do grupo da Probank”, descobriu Paulo, “que também mantém a rede do programa Bolsa Família.”Paulo mandou o pregão continuar. A Via Telecom foi eleita vencedora. Irá fornecer uma rede de 400 pontos, que por cinco anos será usada pelos funcionários do Ministério Público da União inteiro. O MPU pagará R$ 2,5 milhões por mês — em relação ao preço dos 170 pontos, o novo preço empatou ou ficou um pouco acima, mas Paulo ainda não fez todas as contas.No dia seguinte ao pregão, Paulo se reuniu com os representantes da Via Telecom; e os técnicos também fizeram reuniões. Todos ficaram satisfeitos.Os técnicos da Via Telecom ligarão primeiro o MPF, o conselho nacional, a escola do MP, o Ministério Público do Distrito Federal. Até julho de 2009, a rede nova começa a funcionar nesses lugares. Depois, eles ligam o Ministério Público Militar até novembro. E até janeiro de 2010, eles ligam o Ministério Público do Trabalho.Os funcionários do MPU conversarão entre si usando telefonia IP. E poderão compartilhar os sistemas que já estão prontos, como o de gestão de recursos humanos e o de assistência técnica.