quarta-feira, 17 de junho de 2009

>> atm - I
Depois de tentar convencer os bancos brasileiros a padronizar os caixas automáticos...


Bill Nuti, CEO da NCR, já visitou o Brasil três vezes desde que assumiu o cargo em 2006. “O Brasil é o terceiro maior mercado de caixas automáticos do mundo.” Durante as viagens, ele conversa com os executivos dos bancos brasileiros para identificar novos negócios. No Brasil, diz Nuti, é complicado vender ATMs: cada cliente compra um tipo de caixa automático (ATM) diferente; cada cliente manda suas próprias especificações sobre como o cofre deve ser, como o caixa deve dispensar o dinheiro. “Os bancos brasileiros”, diz Nuti, “personalizam muito os ATMs.”
Cada vez que um cliente brasileiro pede um novo projeto de ATM para a NCR, Elias Rogério da Silva, presidente da NCR no Brasil, precisa desenvolver o projeto junto ao cliente, mas a NCR só tem engenheiros de projeto fora do país. Para convencer o cliente a aceitar as máquinas tal como elas são no exterior, Elias mostrava o custo de adaptar um caixa eletrônico, e o tempo. Mas nenhum cliente se importava. “É uma questão cultural”, diz Elias. Os bancos são assim desde a reserva de mercado.
Quando Nuti visitou o país em 2008, visitou clientes para propor uma ideia: mudar o que é diferencial para o banco, e manter o resto como no exterior. “Os cofres dos ATMs”, diz Elias, “podem ser iguais em todos os bancos.” No final de 2008, Elias e equipe se reuniram várias vezes com os executivos dos bancos e com os diretores da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) para propor um padrão, mas poucos bancos se interessaram. Até hoje, só o Unibanco aceitou a proposta de Elias; eles passaram a comprar ATMs com os cofres na versão padrão da NCR desde o final de 2008.

>> atm – II

... a NCR investe R$ 73 milhões para construir uma fábrica e um centro de inovação no Brasil.


Como os outros bancos não aderiram à proposta da NCR, Nuti decidiu que precisava se aproximar dos clientes brasileiros de uma outra forma. Há poucos meses, ele decidiu construir uma fábrica e um centro de pesquisas no Brasil; para isso, investirá R$ 73 milhões até dezembro de 2009. A fábrica será construída em Manaus (AM) e, no início, produzirá apenas caixas eletrônicos para clientes brasileiros. “Nossa intenção”, diz Nuti, “é produzir outros produtos da NCR nesta fábrica e exportá-los para toda a América Latina.” Com a nova fábrica, a NCR termina o contrato com a Flextronics, que desde 2007 fabricava os caixas da NCR no Brasil.
A nova fábrica será capaz de produzir 10 mil caixas eletrônicos por ano e a NCR contratará 250 funcionários para mantê-la funcionando; entre eles, 25 engenheiros, que ajudarão os clientes brasileiros a desenvolver o projeto dos caixas personalizados. Além disso, eles trabalharão junto aos engenheiros de projetos das outras quatro fábricas da NCR no mundo; quando a NCR lançar uma nova funcionalidade para ATMs, como captura de imagens de cheques, será mais fácil apresentá-la aos clientes brasileiros. “Nossos engenheiros”, diz Elias, “também desenvolverão novas funções de acordo com as demandas brasileiras, que exportaremos para outros países.”