quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

>> as contas da crise
Empresas cortam investimentos para economizar — e comprometem o futuro.

Murillo Campello, professor de finanças da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, entrevistou os diretores financeiros de 1.050 grandes empresas dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia, para saber os efeitos da crise nas finanças dessas empresas. Descobriu o seguinte:— Das 1.050 empresas, 342 empresas americanas perderam muito da capacidade de agir, tanto por falta de crédito quanto por falta de funcionários.— Essas 342 empresas americanas já queimaram 20% do que tinham em caixa com salários, fornecedores e outras despesas operacionais.— 60 empresas americanas têm bastante dinheiro em caixa, mas pediram empréstimos mesmo assim, com medo de não ter dinheiro em caixa no futuro. “Tenho medo dessa tendência”, diz Campello. “Se a empresa não investe o dinheiro que tem, a crise piora.”— A maioria das 1.050 empresas deixou de fazer investimentos promissores. “Na luta pelo fluxo de caixa agora”, diz Campello, “essas empresas sacrificam o valor delas no futuro.”— Para melhorar o fluxo de caixa, muitas empresas reduziram os gastos com pessoal, com pesquisa & desenvolvimento e com marketing. Com menos gente, menos ideias novas e menor capacidade de compreender o mercado e de se fazer ouvir pelo mercado, diz Campello, essas empresas perdem a capacidade de se manter ao longo dos anos.Os números coletados por Campello e equipe estão disponíveis na Internet. O artigo se chama The Real Effects of Financial Constraints: Evidence from a Financial Crisis. Para Campello, por tudo o que ouviu, essa crise vai até 2010.