quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

>> mobilidade - I
O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto testa um aplicativo móvel...

Wilson Moraes Góes, coordenador de informática do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, se sente isolado pelos fornecedores. “Ficamos esquecidos aqui no interior.” De vez em quando, um fornecedor da capital passa por lá. “Quando as vendas estão fracas na capital, talvez.” Aí o sujeito diz que tem toda a tecnologia e equipe à disposição, que vai levá-lo aos Estados Unidos para conhecer a matriz, “aquele papo de vendedor”. Depois de um tempo, diz Wilson, o fornecedor desaparece, e ele continua dependendo das pequenas revendas regionais. No ano passado, ele percebeu que poderia ajudar os médicos do hospital a trabalhar melhor. Mas primeiro ele ia precisar de um fornecedor com quem pudesse contar.Wilson trabalha no hospital há dez anos. Em 2008, ele notou que os médicos iam com mais frequência ao subsolo do hospital, onde fica o departamento de informática. Os médicos pediam aos funcionários do suporte para cadastrar seus novos laptops e smartphones na rede do hospital — assim, poderiam usar os aparelhos no trabalho. Wilson pensou: os médicos já tinham os equipamentos, então ele só precisaria criar a infraestrutura para que eles acessassem o prontuário dos pacientes.

>> mobilidade - II
... para acessar o prontuário dos pacientes

Quando um médico do hospital quer ver os resultados de exames de um paciente internado, ele precisa pesquisar num computador que fica no corredor. Às vezes o médico tem que esperar um colega terminar de usar o computador. Depois da consulta, o médico anota os resultados e volta à enfermaria. Wilson achou que poderia facilitar a vida dos médicos ao dar a eles uma forma de consultar exames pelo celular.Ele decidiu fazer um teste primeiro. Pediu celulares à Claro e à Oi, e as operadoras indicaram três fornecedores que poderiam desenvolver o aplicativo: um da Bahia, um de São Paulo e um de Ribeirão Preto. O da Bahia, diziam as operadoras, entendia mais do assunto. Wilson ligou para eles. Os baianos disseram que estavam em outro projeto, que só poderiam falar com ele em duas semanas. Restavam os fornecedores de São Paulo e de Ribeirão Preto. Wilson estava cansado das revendas locais, mas mais cansado ainda dos fornecedores da capital. Então procurou a Criar, empresa de Ribeirão Preto.No começo de dezembro de 2008, Sérgio Soares, dono e fundador da Criar, convidou Wilson para conhecer o escritório da empresa. “Eu gostei do que vi.” A Criar tem 50 funcionários, fez projetos para grandes empresas e para o governo, e está construindo um prédio de cinco andares para a nova sede. Sérgio apresentou a Wilson o funcionário que seria o líder do projeto. Uma semana depois, Sérgio mandou um protótipo do aplicativo e uma carta de homologação. A Criar desenvolveria o aplicativo para testes sem cobrar nada. Se Wilson gostasse do resultado, assinaria a carta recomendando a Criar a outras empresas.A Criar desenvolveu o aplicativo, e os programadores do hospital criaram os conectores para entregar as informações aos celulares. Um mês depois, Wilson entregou celulares com o aplicativo a cinco médicos do hospital. A primeira versão só consultava o resultado dos exames. Os médicos gostaram, e pediram mais funções: queriam históricos de exames, sinais vitais dos pacientes (pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória), gráficos. Wilson passou os pedidos para a Criar, que desenvolve as novas funções, ainda sem cobrar nada.Depois dos testes, Wilson promete organizar uma licitação para comprar um aplicativo de prontuário eletrônico móvel. Sérgio vai participar, mas sabe que pode não ganhar a licitação. Não importa: para ele, a carta de homologação do hospital já ajuda a vender sistemas para outros clientes.