quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

>> rádio - I
A MSOL instalou o piloto de uma rede de rádio para dados e voz...

A mineradora MSOL tem um escritório em Belo Horizonte e quatro minas de ouro nas cidades de Caeté, Conceição do Pará, Itabirito e Sabará. Todas as minas ficam longe de grandes cidades, em lugares isolados, onde a infraestrutura das operadoras não chega. No segundo semestre de 2008, o gerente de TI Renato Braga queria interligar as quatro minas e o escritório com uma rede de dados e voz. Procurou as operadoras de telefonia da região. As operadoras diziam que nem valia a pena levar a rede até as minas: elas ficavam longe, e nelas trabalhavam poucos usuários de rede. Para Renato, era má vontade. A mina mais distante fica a 180 quilômetros de Belo Horizonte, ele explica, então as operadoras podiam oferecer uma rede baseada em rádio. “Mas por que fariam isso, se podem cobrar caro por circuitos de fibra dedicados?”Sem contar com as operadoras, Renato procurou fornecedores e explicou a eles o que queria: um circuito de rádio entre Belo Horizonte e cada uma das minas, com bom nível de serviço e velocidade alta. Renato fazia a mesma proposta a cada fornecedor: um projeto piloto de graça. “Se você diz que pode, eu preciso ver funcionando.” Quatro fornecedores aceitaram a condição e desenharam a rede.

>> rádio - II
... sem gastar nada...

Cada fornecedor percorreu o caminho entre Belo Horizonte e Itabirito, escolhendo os pontos altos em que instalaria cada rádio. Algumas antenas ficariam no alto de prédios, outras no topo de montanhas, outras em torres. A primeira empresa a trazer o desenho detalhado da rede foi a NetService, de Belo Horizonte. Em setembro de 2008, a NetService começou o projeto piloto.Demorou dois meses. Renato e a NetService precisaram da autorização de fazendeiros para instalar equipamentos nas terras deles. Em outros lugares, as torres precisavam ser mais altas do que eles estimavam. O projeto aconteceu na época das chuvas, então era difícil chegar a alguns lugares: os carros atolavam, as estradas desmoronavam — isso onde havia estradas. Renato diz que foi desgastante, mas valeu a pena.

>> rádio - III
... e agora prepara a expansão da rede.

O circuito ficou pronto em novembro de 2008, e transmite dados e voz via IP. Renato gastou 40% menos do que gastaria usando a rede das operadoras, e estima economizar 10% nas ligações de longa distância. Agora ele está tentando colocar uma antena no ponto mais alto de Belo Horizonte, um morro dentro de um condomínio. Se conseguir, ficará mais fácil conectar o escritório às outras minas: uma antena no morro tem visada de 100 quilômetros; o circuito será montado com menos antenas.O problema é que todas as operadoras têm equipamentos nesse morro, e nenhuma delas quer ceder espaço nas torres para a antena da MSOL. Uma operadora queria alugar a torre por US$$ 200 mil, outra por US$ 150 mil. Já que as operadoras não cedem espaço, Renato quer montar sua própria torre no morro. Para isso, tem de negociar com a administração do condomínio e, segundo Renato, as operadoras tentam atrapalhar. “Se um cliente tenta sair da rede das operadoras, elas fazem de tudo para inviabilizar o projeto.” Ele não pretende desistir: se não conseguir colocar o equipamento no morro, vai instalar antenas como na primeira fase do projeto — em prédios, montanhas e fazendas.